domingo, 6 de novembro de 2011

Triste briga na Prefeitura de BH

ROGÉRIO WAGNER MENDES

A exposição pública da crise entre o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), e seu vice, Roberto Carvalho (PT), que ganhou os noticiários no final de semana que passou, inclusive os nacionais, mostra, dentre outras questões, o empobrecimento da política mineira. Divergências, insatisfações e, lamentavelmente, retaliações não são novidade entre detentores de cargos majoritários e seus vices.
Só na história recente é possível lembrar os desentendimentos entre o ex-governador Itamar Franco e seu então vice, Newton Cardoso (PMDB). E dos boatos que nós, repórteres de política, escutávamos e fazíamos piada, de que Itamar, chateado, havia mandado cortar até mesmo o pão-de-queijo enviado para o gabinete do vice.
Depois não faltaram divergências, na minha opinião salutares, entre o ex-governador Aécio Neves e o vice em seu primeiro mandato, o empresário Clésio Andrade (sem partido). Também eram fartos os boatos de que os dois, durante grande período no Governo, nem mais conversavam.
Na própria Prefeitura de Belo Horizonte, o hoje ministro Fernando Pimentel (PT) também não foi, durante todo o mandato, tão simpático ao então vice, Ronaldo Vasconcellos (PV). Como Roberto Carvalho, Vasconcellos também queria ser candidato a prefeito e seu desejo entrava em choque com os projetos pessoais de Pimentel.
Mas a relação, nos casos acima citados, sempre foi, pelo menos publicamente, respeitosa. Em nenhum momento me lembro de ter visto uma situação como a atual, onde o vice diz que 95% dos servidores de seu gabinete serão exonerados e, o pior, o prefeito confirma, sob a alegação de que esses servidores deixaram de cumprir suas funções “em consonância com as diretrizes da administração municipal”.
“Consonância com as diretrizes da administração municipal” seria com o projeto do prefeito de se reeleger? E quem não trabalhar por isso, quem for divergente, estaria contra? Foi o que a nota divulgada pela prefeitura me pareceu. E, assim, explicitou que alguns políticos mineiros caminham para a política rasteira, do autoritarismo, da busca da unanimidade e da represália. Atitudes que não combinam com os ideais tão nobres para Minas da liberdade de expressão e da busca da democracia, honrados pelos inconfidentes.

Fonte: JORNAL HOJE EM DIA – 06/11/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário