domingo, 30 de agosto de 2015

Candidatura própria do PT é ponto de unidade da militância



O meio político em Belo Horizonte já começa a se movimentar visando as eleições municipais de 2016 para a sucessão do prefeito Márcio Lacerda.

Vários nomes começam a pipocar diante do xadrez político. Têm nomes para todos os gostos, desde os políticos tradicionais até as "novidades" dos politicos-futebolistas, políticos-radialistas-esportivos, políticos-radialistas-sensacionalistas e por aí vai.
Pelo menos para um dos partidos que estará na disputa, 2016 será decisivo para seu futuro, que é o Partido dos Trabalhadores. O PT que tem sofrido uma avalanche de denúncias desde o começo das investigações da Operação Lava Jato, muitas delas criadas pela grande mídia, será um teste de sobrevivência.

A cidade de Belo Horizonte tem muito a agradecer as administrações petistas desde 1993, o orçamento participativo e as políticas sociais mudaram a cara da cidade desde o governo Patrus, passando pelo Dr. Célio de Castro, Pimentel e ainda no primeiro governo de Lacerda.

O segundo governo Lacerda, já tendo o tucanato influenciando fortemente a administração, a participação popular sofreu duro golpe. Vários conselhos e comissões deixaram de se reunir e não funcionam mais. Lacerda, no segundo mandato, surfou nos investimentos do governo Dilma na mobilidade e nas obras da Copa do Mundo.

Que as lideranças petistas sejam maduras o suficiente para ouvir o clamor da militância que pede candidatura do PT em 2016.

E para isso nomes não faltam, como do ministro Patrus Ananias, os deputados Rogério Correia, Paulo Lamac, André Quintão, Gabriel Guimarães, Miguel Corrêa e Reginaldo Lopes, todos filiados ao PT da capital.


“Midiáticos” na mira para 2016
Desgaste com políticos tradicionais abre espaço para renovação de nomes para a prefeitura de BH


HUMBERTO SIQUEIRA

A crise política é também uma crise de representatividade. Em busca de “caras novas” que possam se traduzir em votos, os partidos garimpam nomes “midiáticos” para concorrer na eleição que definirá, em 2016, os próximos prefeitos dos 5.570 municípios do país.


A movimentação nos bastidores da política tem sido intensa, principalmente porque os partidos têm que escolher os nomes até outubro, quando vence o prazo para a filiação partidária.



A estratégia das siglas é encontrar rostos conhecidos do público, mas que não tenham o desgaste dos “políticos de carreira”. Nesse contexto, profissionais da comunicação estão na mira dos partidos. A ideia é levar para as urnas a fama conquistada na mídia.

Em Belo Horizonte, alguns nomes começam a ser colocados em teste internamente pelos partidos.

O radialista João Vítor Xavier (PSDB), que não é necessariamente um nome novo na política (ele cumpre o segundo mandato de deputado estadual), divide com o colega de emissora Carlos Viana (sem partido), o deputado federal Laudívio Carvalho (PMDB), ex-radialista e estreante na Câmara, e o narrador esportivo e secretário de Turismo de Minas, Mário Henrique Caixa (PCdoB), o posto de prováveis adversários na eleição para prefeito de Belo Horizonte.

“É preciso ter boas propostas. Tanto é que vários comunicadores já se candidataram e não ganharam”, reconhece o tucano, com a experiência de quem já viu colegas de microfone serem preteridos pelos eleitores. Ser conhecido na mídia, avisa o deputado, nem sempre é garantia de bom desempenho nas urnas.

João Vítor Xavier vai além e comenta que, em muitos casos, os oriundos da comunicação quase sempre sofrem com o preconceito, pois são considerados fruto apenas da fama, sem conteúdo político interessante. “Existem muitos que são, sim, conhecidos e apresentam um bom trabalho. Além disso, todos os setores da sociedade têm direito de ser representados. Seja pedreiro, faxineira, jornalista ou médico”.

Mesmo com o pé atrás, o deputado tucano reconhece que a vantagem de um radialista é ser conhecido do público. “Como estou no rádio há 15 anos, as pessoas sabem o que penso, minha postura e meu posicionamento frente a uma série de assuntos. Aqueles que concordam com meus pontos de vista, num momento em que sou candidato, podem enxergar a oportunidade se sentirem representados de fato. Saberão exatamente como penso e o que esperar”, pontua.

Laudívio Carvalho, eleito em 2014 com quase 79 mil votos, diz que a busca pelo novo passa pelo interesse em pessoas que não trazem consigo “os vícios da política”. “Por 35 anos fui combativo no microfone em prol da segurança pública. Bati em Chico e em Francisco no rádio, independentemente de partido. Quem votou em mim sabia que essa era a minha principal bandeira. Atuar na mídia ajudou nessa primeira eleição. Mas, se for continuar, dependerá do trabalho na Câmara dos Deputados”, comenta ele.

Sobre uma eventual candidatura para a prefeitura da capital, Carvalho diz ser natural cogitarem seu nome, embora ele diga que ainda é cedo para essa decisão.

Fonte: O TEMPO


Corrida pela Prefeitura de BH terá recorde de candidatos

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia

Com 17 partidos políticos ensaiando lançar candidatura própria, a campanha pela Prefeitura de Belo Horizonte caminha para a disputa mais pulverizada desde a primeira eleição direta para prefeito em 1985.

Outros 12 não descartaram entrar na disputa e somente quatro legendas não têm intenção de disputar a sucessão. É o que aponta consulta feita pelo Hoje em Dia a presidentes de partidos e lideranças políticas.

Com 12 postulantes, a última eleição mais concorrida foi em 1988 (veja quadro abaixo).

A multiplicação de candidatos, escancarada nos últimos dias pela intensificação das negociações dos partidos, faz parte de uma estratégia dos campos políticos do governador Fernando Pimentel (PT) e do senador Aécio Neves (PSDB). A possível fragmentação é ainda uma forma encontrada pelos partidos para reagir ao forte desencantamento da população com as grandes legendas.

No papel de protagonista na disputa, Lacerda tem dito que vai apoiar Josué Valadão, mas não está descartada a manutenção da aliança com os tucanos.

Secretário de Obras, Valadão está de saída do PP para se filiar ao PSB. “BH é fundamental para as nossas pretensões”, diz João Lobo, presidente municipal do PSB. Com a negativa de Antonio Anastasia, os nomes mais cotados no PSDB são do ex-ministro Pimenta da Veiga e do deputado estadual João Vítor Xavier. Pimenta, por sua vez, refuta a intenção.

“Ainda não estamos falando em nomes”, despista o deputado tucano Marcus Pestana.

O PP, em decisão tomada na última segunda-feira, definiu que lançará o ex-governador Alberto Pinto Coelho ou o ex-presidente da Assembleia Legislativa Dinis Pinheiro.

Alianças

Ainda no arco de alianças de Aécio, o DEM, PDT e PPS têm como opções os deputados estaduais Gustavo Corrêa e Sargento Rodrigues e Luzia Ferreira, respectivamente.

O PV aposta em Délio Malheiros, vice de Lacerda.

Pelo campo governista, PT, PMDB, PCdoB e PRB pretendem entrar na disputa. Os peemedebistas ainda não definiram, mas os cotados são o empresário Josué Alencar, o deputado federal Leonardo Quintão, o secretário Sávio Souza Cruz e até o cartola Alexandre Kalil.

Do lado petista, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, e o secretário de Planejamento, Helvécio Magalhães, braço-direito de Pimentel, estão no páreo.

Patrus enfrenta resistência de outros grupos dentro do partido que defendem o lançamento de um nome novo, a ser escolhido pelo governador Pimentel. Seria um nome técnico que compõe o governo.

Apresentador

Já o PRB convidou e aguarda posicionamento do apresentador de TV e rádio Carlos Viana.

O PCdoB vai de Mário Henrique Caixa, deputado e atual secretário de Turismo.

Filiados a legendas nanicas, os deputados federais novatos Marcelo Álvaro Antônio (PRP) e Marcelo Aro (PHS) ameaçam entrar na disputa.

Marcelo diz que já foi sondado pelo DEM, PRB, PR, PSD e PTN. Aro planeja ir pelo próprio PHS.

O Solidariedade negocia a filiação à legenda do deputado federal Eros Biondini, que estaria de saída do PTB.

O PEN, do deputado estadual Fred Costa, também promete concorrer, assim como o PSOL e o PSD.

Os nomes, no entanto, ainda não estão definidos.

Para especialista, pulverização reflete o descontentamento

Embora considere que o momento é de marcação de território e de lançamento de balões de ensaio, para Paulo Diniz, doutor em Ciências Sociais e professor da PUC Minas, a tendência de pulverização na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte é um reflexo da crise política.

“É sempre uma possibilidade, levando em conta o enfraquecimento do PT, principalmente, e a desconfiança geral da população em relação aos grandes partidos”, explica.

“Essa tendência de fragmentação das candidaturas é mais latente agora do que na última eleição. Isso porque, de lá para cá, nós tivemos as manifestações de 2013, seguida dos novos casos de corrupção em 2014 e 2015”.

Segundo o especialista, a ausência de um grande nome reforça a tese da estratégia de pulverização.

“Sem uma voz ressonante, vão surgindo candidaturas de todos os lados. Os partidos estão se apresentando, analisando a conjuntura. Na hora da definição, o número de candidatos deve diminuir, mesmo porque existe o sério risco de esses partidos não conseguirem uma composição futura e saírem enfraquecidos da disputa”.

Para Paulo Diniz, a possibilidade de surgir uma liderança nova é praticamente nula. “Está faltando pouco mais de um ano e ninguém surgiu. Pode até aparecer um candidato que gere tumulto, agite a campanha, mas dificilmente vai se sustentar até o final”.

De acordo com o doutor em Ciências Sociais, a maior possibilidade é de alinhamento em bloco em torno das lideranças mais conhecidas.

• 70 é o número de candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte de 1985 a 2012
• PRB é a mais nova legenda a decidir lançar candidatura própria. Congresso realizado ontem na capital optou por voo solo
• Pela lei, o pré-candidato tem até o dia 1º de outubro, um ano antes do pleito, para definir a filiação partidária

Fonte: HOJE EM DIA

Vice-governador convida Kalil para disputar a PBH pelo PMDB
Em conversa com a coluna, Kalil confirmou a reunião, mas não revelou o conteúdo do encontro


RICARDO CORRÊA / LUCAS RAGAZZI
O ex-presidente do Atlético Alexandre Kalil passou boa parte da tarde desta terça reunido com o vice-governador do Estado, Antônio Andrade (PMDB), na Cidade Administrativa. No encontro, o peemedebista, que é presidente do partido em Minas, convidou o atleticano para se filiar à sigla e ser seu candidato à Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem.

Não é a primeira vez – e, segundo interlocutores, não será a última – que Kalil é convidado para a disputa eleitoral de Belo Horizonte. Em julho, como noticiado pelo Aparte, o deputado federal Marcelo Aro (PHS) chamou o ex-presidente do Galo para pleitear o cargo pelo PHS. Na época, Kalil negou a informação.

A reunião desta terça, coberta de mistério até para pessoas próximas do vice-governador, não contou com um desfecho claro. Segundo fontes da coluna, não houve recusa nem acerto entre as partes. Como o “assédio” das siglas em cima de Kalil tem sido grande, o atleticano deve considerar as opções para optar por aquela que tiver mais independência.

Em conversa com a coluna, Kalil confirmou a reunião, mas não revelou o conteúdo do encontro. “Isso você tem que perguntar para o Antônio Andrade”, disse. O vice-governador adotou postura semelhante. “Não vou comentar, até porque não tocamos nesse assunto (filiação ao PMDB). Foi apenas uma reunião de cortesia”, afirmou o peemedebista, em tom esquivo.

Não se descarta, ainda, uma nova dobradinha entre PT e PMDB. Se o nome for Alexandre Kalil, o deputado federal Gabriel Guimarães (PT), que é próximo do atleticano, ganha força e poderia ser alçado até mesmo ao posto de candidato a vice-prefeito. Na eleição do ano passado, o ex-cartola do Galo, que ainda é filiado ao PSB, pretendia se eleger deputado federal, mas, após a morte de Eduardo Campos, tirou sua candidatura.


Fonte: O TEMPO

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Novos trens para desafogar o metrô de BH

Raquel Ramos - Hoje em Dia

Wesley Rodrigues/Hoje em Dia
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Vagões novos serão incorporados aos antigos formando composições com oito carros cada uma

Após oito meses de atraso, as dez novas composições do metrô já têm data para entrar nos trilhos: 14 de setembro. Esse é o prazo necessário para que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) conclua a última fase de testes do equipamento que, ao que tudo indica, deve começar ainda em agosto.

A CBTU não respondeu aos questionamentos do Hoje em Dia sobre o assunto. Mas, segundo o vice-presidente do Sindicato dos Metroviários, Romeu José Machado Neto, os novos veículos já devem circular junto aos antigos a partir da próxima segunda-feira. Porém, sem recolher passageiros nas plataformas.

“Esse é o último teste exigido pelos fabricantes antes de os trens entrarem em operação”, explicou ele, que trabalha na área de manutenção da CBTU.

Aliás, foi justamente por causa dessas imposições que, segundo Romeu, houve tanta demora para que os dispositivos fossem instalados. O primeiro cronograma divulgado desconsiderava a etapa de ajustes.

Maior capacidade

Uma das adaptações necessárias foi no sistema de sinalização que, hoje, só consegue atender a até 22 veículos de uma vez – 13 a menos que o total de equipamentos que a CBTU tem.

“Para resolver isso, as composições antigas serão acopladas uma a outra, passando a ter oito vagões, o que dobrará a capacidade de passageiros em cada viagem”, disse Romeu.

A assessoria de imprensa da CBTU não informou quantas pessoas conseguem ser carregadas, de uma vez, pelos trens atuais. Sabe-se, contudo, que os modelos novos poderão levar até 1,3 mil usuários por viagem. A promessa era elevar de 230 mil para 340 mil o volume de usuários transportados por dia.

A distância entre a linha do metrô e as estações também demandou ajustes. Não porque os novos dispositivos são maiores, mas por uma diferença no sistema de amortecimento que faz os equipamentos recém-adquiridos “balançarem” mais durante a frenagem. “Fizemos um ligeiro afastamento durante as madrugadas. Nem foi preciso interromper o serviço”.

Fonte: HOJE EM DIA

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Curso de Formação Política

Neste final de semana a Articulação de Esquerda, tendência interna do Partido dos Trabalhadores, realiza curso de formação política no auditório do SINDIELETRO.

Confira a programação:

Temas:

1.A conjuntura e os desafios do Partido dos Trabalhadores

2.Juventude brasileira: interpretações e propostas

Programação (tentativa)

22 de agosto
09h00 – Apresentação dos participantes
10h30 – Aula expositiva sobre a conjuntura internacional e nacional
11h00 – Trabalho de grupo sobre os desafios do PT
12h30 – Almoço
14h00 – Apresentação dos grupos
15h00 – Debate
16h00 – Leitura coletiva de texto e sistematização dos desafios
17h00 – Encerramento do primeiro dia

23 de agosto
09h00 – Aula expositiva sobre a juventude brasileira
10h30 – Trabalho de grupo: as diferentes juventudes, as diferentes propostas e maneiras de organizar
12h30 – Almoço
14h00 – Apresentação dos grupos
15h00 – Debate
16h00 – Leitura coletiva de texto e sistematização das propostas
17h00 – Encerramento do segundo dia


Povo mostrou resistência às tentativas golpistas




A julgar pelos números das principais capitais do país, a mobilização de 20 de agosto trouxe uma informação essencial da conjuntura política: os brasileiros não pretendem assistir sem luta às tentativas de golpistas de derrubar o governo Dilma Rousseff. 

As mobilizações serviram, particularmente, para mostrar a importância crucial da participação popular na definição dos rumos da crise política. "Vai ter rua", afirma o deputado Leo de Brito (PT-AC), presente à concentração convocada pela CUT e pelo MST em Brasília.

Convocadas de forma relativamente improvisada, provocando inicialmente até o receio de um fiasco entre seus organizadores, as manifestações ocorreram depois que o receio de uma irresponsável aventura golpista levou setores importantes do empresariado a se mobilizar em defesa das instituições e do calendário eleitoral e podem ser consideradas como a mais importante demonstração de resistência popular às tentativas de afastar uma presidente eleita por 54 milhões de votos. Em Brasília, um cartaz festejava a apresentação da denúncia contra Eduardo Cunha.

Embora o número tenha sido inferior ao dos protestos contra o governo no domingo, as mobilizações ficaram longe de configurar um cansativo ritual burocrático, no qual militantes organizados e funcionários dispensados pela chefia no fim de expediente desfilam por espaços públicos com bandeiras e camisetas.

Os atos tiveram um caráter de massa em vários lugares, o que explica os cortejos imponentes de São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, por exemplo. Um levantamento do Data Folha, realizado entre os presentes na passeata da avenida Paulista, mostra também uma diferença de classe social entre a quinta feira e o domingo.

Revela o jornal, hoje: "Pessoas de famílias com renda mensal de até 2 salários mínimos eram 24% da manifestação desta quinta. No domingo, somavam 6%. No polo oposto, o grupo dos mais ricos (acima de 20 salários) representava 5% dos presentes nesta quinta ante 17% do ato anti-Dilma. No protesto desta quinta, pardos e pretos somavam 49%. No domingo, eram 20%."

Acompanhei a manifestação de Brasília, cidade que tem sido endereço de derrotas inesquecíveis do PT e do governo federal em eleições recentes. "Só aqui já tem mais povo do que todo o protesto da avenida Paulista no domingo passado", me dizia um diplomata aposentado, testemunha das lutas políticas do país desde a década de 1960. A manifestação de Brasília estava marcada para as cinco da tarde -- e começou na hora certa. Neste momento, um pequeno grupo começou a cantar o hino nacional em ritmo de samba nas proximidades de um edifício comercial, o CONIC, numa atividade de concentração, conversa, panfletagem e venda de jornais.

No início da noite, as pessoas (3000, segundo cálculo de um ex-deputado) começaram a se deslocar em direção a estação rodoviária, endereço tradicional dos protestos de Brasília. "Não vai ter golpe", gritavam, com melodia e ritmo. Essa foi a palavra de ordem que dominou a manifestação, do início ao fim.

Um panfleto dizia: "o povo do Distrito Federal quer direitos, liberdade e democracia."

Mas também era possível ouvir, numa frequência que me surpreendeu, um grito mais comum na campanha eleitoral de Dilma, vitoriosa, do que num momento de popularidade baixa: "Neste país, eu tenho fé, porque é governado por mulher."

Para além da manifestação política, havia um componente típico no comportamento das pessoas nessas horas -- a alegria. Elas confraternizavam entre uma palavra de ordem e outra, faziam piadas, planejavam novos eventos. Estavam felizes por estar ali e gostavam do que podiam ver. Quando apareceu um infiltrado, gravando seus próprios gritos e imagens pelo celular, quem estava próximo limitou-se a rir de um esforço patético para tentar atrapalhar a manifestação. Descendo a escada da rodoviária, uma dona de casa comunicava-se pelo whatsapp com uma prima, em Belo Horizonte. A de Brasília tinha resolvido ir à rua contra o impeachment. A de BH, votara em Aécio. Perguntada sobre o trânsito na capital mineira, a prima de lá respondeu: "congestionamento de 1h40 por causa de um protesto." E completou: "O pior é que é a favor da Dilma!"

O círculo em volta via a tela do celular – e ria sem parar.

Fonte: BRASIL247

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Move foi superestimado e não obtém resultados previstos

‘PRESENTE DE GREGO’

Além de fazer tarifa subir, sistema não reduziu tempo total de viagens e elevou custo





Quando o Move foi projetado e inaugurado em Belo Horizonte, a previsão anunciada pela prefeitura era atrair 700 mil usuários, reduzir o tempo das viagens e diminuir os custos do transporte coletivo. Pouco mais de um ano depois do início do sistema, somente 33% da população da capital usa o serviço – cerca de 500 mil pessoas –, a agilidade garantida nas pistas exclusivas é praticamente perdida quando os coletivos voltam para as pistas de trânsito misto e também com as baldeações, antes inexistentes, e o que as empresas do setor e o município alegam, até agora, é queda na arrecadação e aumento de custos. Para completar, quem paga a conta pelas metas não alcançadas são os passageiros, que já arcam com o terceiro aumento na tarifa desde maio de 2014.

O último reajuste (de R$ 3,10 para R$ 3,40) começou no sábado e é justificado, segundo a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), principalmente pela ampliação da integração tarifária motivada pelo Move. O discurso de redução de custos, usado antes da inauguração e possível em outras cidades onde há o sistema, mudou. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), Joel Jorge Paschoalin, admite que a projeção feita para o sistema em 2010 estava errada e diz agora que previa uma economia maior que a que de fato aconteceu.
O presidente do Setra não repassou um dado geral da economia gerada pelo sistema. Como exemplo, ele citou que o projeto de 2010 previa que, com a compra dos ônibus articulados e o ganho em produtividade, haveria uma redução de 172 ônibus comuns, mas a queda foi de 90. A BHTrans explica que a retirada dos veículos será feita paulatinamente.
Consequências. O planejamento errado, segundo estudiosos, transforma o serviço em um verdadeiro “presente de grego” para a população. “Hoje, temos as pistas segregadas, que deram grande incentivo para as empresas de ônibus, mas não trouxeram o conforto prometido ao usuário, só tornaram o serviço mais caro. Essa é a nossa tragédia”, avalia o economista e consultor do Instituto da Mobilidade Sustentável João Luiz Dias.

Fonte: O TEMPO

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

O terror das panelas cheias e silenciosas na periferia, por Fábio de Oliveira Ribeiro

FÁBIO DE OLIVEIRA RIBEIRO



Ontem assisti o Gazeta Esportiva e desliguei a TV às 19 horas. Um pouco antes disto vi o programa do PT através de uma matéria no GGN. Após jantar lavei a louça, escovei os dentes, fiz a barba e naveguei algum tempo na internet. Por volta das 20 horas assisti um documentário sobre Pompéia. Por volta das 21 comecei a rever filme “12 homens e uma sentença” (1957). Ao fim do filme fui dormir. Não notei nada de excepcional. Só fiquei sabendo do suposto panelaço ao ligar o computador quando acordei http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/programa-do-pt-em-rede-nacional-gera-2018panelaco2019-em-cidades-brasileiras-5840.html.

Moro na periferia Osasco, num condomínio residencial que poderia ser descrito como sendo de "classe C". Onde estou há dezenas de torres de 7 andares com 4 apartamentos por andar. Ontem ninguém bateu panela no prédio onde moro. Silêncio absoluto nos prédios vizinhos. Muitos dos habitantes do condomínio não são petistas, nem votaram no PT. Mas me parece óbvio que eles sabem que suas vidas melhoraram nos últimos anos. O golpe de estado não é uma prioridade política no meio em que vivo.

O panelaço só despertou meu interesse como um fenômeno antropológico. O valor político do movimento é nulo por três motivos: os descontentes perderam eleições que foram limpas e homologadas pelo TSE; os votos deles não tem mais valor jurídico que os votos dos demais brasileiros; apesar de serem inteligentes, as novas TVs não transmitem o barulho das panelas às pessoas que aparecem nos programas políticos que, aliás, foram previamente gravados. O comportamento dos neo-paneleiros é ridículo e sem sentido. A esmagadora maioria da população não aderiu ao movimento. Portanto, o panelaço foi um panelacinho e só se tornou notícia porque foi divulgado pelas empresas de comunicação. Porque as revistas, jornais, telejornais e portais de internet não fizeram a cobertura do silêncio nos “outros” bairros? O que os “outros brasileiros” fazem ou deixam de fazer é indigno de ser noticiado?

Os cidadãos que bateram panelas parecem não estar satisfeitos. Eles estão passando fome? Não. Foram maltratados por uma polícia política? Não. O candidato deles foi preso ou impedido de participar da eleição presidencial? Não. Aécio Neves ganhou a eleição e foi impedido de tomar posse? Não. As economias dos neo-paneleiros foram bloqueadas, sequestradas ou confiscadas pelo governo federal? Não. Nos últimos anos eles ficaram mais ricos? Sim. Por mais que tente, não consigo encontrar motivos racionais para o panelacinho de ontem.

A única resposta que me ocorre é a seguinte: os neo-paneleiros estão tristes, deprimidos e perderam o contato com a realidade. Não convivo com eles, portanto, só posso fazer algumas suposições. Suponho que os manifestantes sempre se sentiram inferiores aos europeus e norte-americanos e compensaram este sentimento alimentando um complexo de superioridade sobre os "outros brasileiros”. Eles se distinguiam do povo pelo consumo. Agora que o povo pode consumir as mesmas coisas eles (imóveis, carros, passagens de avião, TVs de tela plana, celulares 4G, livros, etc...) os eleitores do PSDB ficaram completamente perdidos.

Durante séculos os brasileiros ricos viveram cercados de escravos, mucamas e agregados. Os descendentes deles não conseguem suportar a igualdade civil e acham intolerável a democratização do consumo. Suponho que vem daí os shows de depressão na frente da TV. Os neo-paneleiros estão formando uma nova elite: a elite dos medíocres que batem panelas que raramente usam, que nunca lavam e que, principalmente, nunca ficaram ou ficarão vazias.

A discórdia civil neste momento é evidente e potencialmente perigosa. Ano que vem o Brasil sediará as Olimpíadas. Em razão disto e do panelacinho, creio que as Forças Armadas precisam começar a rever seus procedimentos e manuais. Novos cenários de violência política devem ser estudados. Se o terrorismo panelizado ficar confinado aos apartamentos de luxo o problema será privado. Se a nova elite dos medíocres resolver explodir “panelas bombas” durante as provas de atletismo ou de natação a segurança dos atletas e dos turistas será comprometido e a imagem do Brasil no exterior ficará abalada.

Fonte: Jornal GGN

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O jornalismo tradicional na véspera do fim




Era previsível que mais cedo ou mais tarde os jornais deixariam de ser a porta de entrada para os consumidores de notícias. Primeiro, apareceu a tecnologia RSS, permitindo receber as notícias de diversos sites (incluindo os jornalísticos).
Com o advento dos tablets, o modelo sofisticou-se a ponto do internauta poder montar sua própria revista cadastrando os RSSs.
Jornais continuavam produtores de notícias, mas, para esses leitores, perdiam o status da edição, da capacidade de definir qual o tema mais ou menos relevante meramente com a disposição das matérias nas páginas.
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Não se trata de mudança banal. Na verdade, o maior fator de influência dos jornais está na definição das manchetes, não apenas na localização na página como no conteúdo.
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O passo seguinte foi a consolidação das redes sociais. Antes delas, houve um modelo que se firmou mais no Brasil, dos grandes portais agregadores de sites – como a UOL, Terra e iG – e, nos Estados Unidos, a experiência fracassada da AOL.
Na medida em que avançam, as redes sociais tornaram-se o foco primário de entrada não apenas na rede mas no universo de notícias.
O primeiro sinal foi dado pelo The Guardian, quando aceitou a oferta do Facebook para colocar nele todo seu conteúdo, e poder explorar comercialmente a audiência.
Ali, consumava-se o primeiro ato da rendição. O jornal abria mão do controle da sua distribuição e terceirizava para um outro veículo.
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Alguém constatou que os jornais acabarão se tornando meras agências de notícias, produtores de notícias mas sem controle sobre seu ecossistema.
É por aí que haverá mudança radical na publicidade.
No modelo tradicional da imprensa, um jornal era ele e sua personalidade e, a partir dela, o tipo de público que atraía. Durante bom tempo, o Jornal do Brasil atraía um público mais liberal, a Folha de São Paulo o público mais moderno que emergiu do desafogo dos anos 80, o Estadão um público mais conservador, assim como O Globo.
Cada jornal era composto pela linha editorial, pela disposição das matérias, pelas manchetes, pelo corpo de colunistas, pelas editorias, todos eles atuando de forma complementar. As editorias mais populares – Esportes, Geral, Artes – garantiam a audiência para as editorias de maior peso editorial.
Os jornais vendiam não apenas o peso da sua opinião mas o perfil socioeconômico de seus leitores.
Daqui para frente, cada vez mais, haverá a indiferenciação. A publicidade pagará por audiência em matérias. E as matérias estarão rolando pelas timelines dos perfis de Facebook, Twitter e outras redes menos votadas.
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A segmentação ocorrerá em alguns canais da TV a cabo, em alguns rádios FM e em alguns sites especializados.
Com as modernas ferramentas de análises de perfil, Google e redes sociais podem oferecer a segmentação mais precisa. Hoje em dia, se um brasileiro entra em um site de jornal britânico, será contemplado com um anúncio de produto brasileiro, escrito em português. Ou seja, o controle da segmentação fica por conta do Google, não do jornal.
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Para enfrentar o avanço massacrante das redes sociais, os grandes grupos de mídia lembram muito o governo Dilma: não sabem onde estão e não tem a menor ideia para onde ir.

Fonte: JORNAL GGN