quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Euro: Mercados temem a própria ganância

Não adiantou a ortodoxia queimar as caravelas e obedecer aos desígnios dos mercados financeiros. A Itália mandou embora Berlusconi, que outrora encantara o conservadorismo, mas hesitava em cumprir ordens. Entre elas, a demissão de 300 mil funcionários públicos até 2014. Troca feita, e daí? A Mario Monti não se concede nem 24 horas de graça: o Tesouro romano continua a pagar  juros de pré-insolvente. O mesmo ocorre na Grécia: Lucas Papademos assegura que fará 'tudo'. Não basta. A canga rentista espreme o pescoço de Atenas. Na Espanha, Zapatero será  esmagado nas urnas pelo extremismo conservador do PP, de Aznar. Nem por isso os bancos aliviam para Madrid: nesta 3ª feira,  impuseram um novo degrau de juro ao Tesouro espanhol, superior ao recorde de 2ª. E assim, sucessivamente. O mesmo se dá com Lisboa, Dublin, Viena e outros, somando-se agora 12, dos 17 países do euro, sob o ataque dos mercados. Insaciáveis, os rentistas não perdoam nem a França, de Sarkozy. Os mercados parecem não acreditar mais na sobrevivência do euro nos moldes atuais, sob o julgo irrestrito das finanças. E tratam de desfrutar a raspa do tacho, antes que a vassalagem institucional venha a ser trocada por alguma forma de soberania que reunifique poder político e comando da economia. Ninguém quer  apagar a luz. O financiamento se retrai. Os juros sobem. O crédito seca. A economia despenca. As receitas fiscais minguam agravando o desequilíbro dos Tesouros. A peste da desconfiança se auto-alimenta.
(Carta Maior; 4ª feira, 16/11/ 2011)
 

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