segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O pior jornalista do ano. Por Paulo Nogueira

Postado em 27 dez 2015
por : a
Vários atributos levaram Merval ao prêmio

O pior jornalista de 2015 foi Merval Pereira. Merval bateu concorrentes fortes, a maior parte dos quais na sua própria empresa, a Globo.
Ali Kamel, diretor de telejornalismo da Globo, foi um dos derrotados por Merval. Kamel, num ano marcado por tantas manifestações de racismo, tem sido lembrado por um livro que lançou em 2008. O título é: “Não somos Racistas.”
Kamel dedicou o livro – na verdade uma coleção de artigos – a seus patrões, e eis aí uma característica que o une ao vencedor Merval: eles são mais Marinhos que os próprios Marinhos.
Para ganhar o prêmio de Pior Jornalista de 2015, Merval fez coisas como afirmar, categórico, que imperaria o voto de Fachin na sessão decisiva do STF sobre o roteiro do processo de impeachment.
Fachin, relator do caso, deu um voto, como se lembram todos, mata-Dilma. Se ele fosse seguido, Dilma estaria virtualmente liquidada.
Merval afirmou que Fachin teria uma quase unanimidade entre seus colegas no STF, e deu a seu texto o sugestivo título de “Caminho Livre”. (Caminho livre para o golpe, naturalmente.)
O voto de Fachin foi destroçado graças ao brilho da divergência do ministro Luís Roberto Barroso, num dos momentos capitais dos destinos da República em 2015.
Como um jornalista experiente como Merval comete um disparate de principiante ao afirmar, na véspera, o resultado de algo tão incerto?
É sabido que um erro leva a outro. O equívoco inicial foi Merval infringir a regra básica do jornalismo, criada pelo grande editor Joseph Pulitzer: “Jornalista não tem amigo.”
Mas Merval tem. Um deles é Gilmar Mendes, provavelmente o juiz mais partidário da história do STF. Tudo sugere que Gilmar passou a Merval sua visão sobre o que decidiria o STF.
E Merval a comprou. A suspeita é reforçada pelo comportamento de Gilmar na sessão que definiu o caminho do impeachment. Ao ver ir para o lixo o voto de Fachin, e com ele o seu próprio, Gilmar levantou-se abruptamente e deixou o plenário.
Merval jamais trabalharia com Pulitzer, mas é o ideal para os Marinhos. É a voz dos donos. Para usar uma clássica imagem bíblica, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que encontrar um texto de Merval que vá contra as opiniões dos Marinhos.
Em 2015, além de profeta fracassado, Merval foi também um torcedor apaixonado, outra agressão ao bom jornalismo.
Ele torceu sempre pelo impeachment, pela crise política e pela catástrofe econômica. Jamais se comportou como jornalista. É como se estivesse numa arquibancada do Maracanã, embrulhado a uma bandeira com inflamadas palavras reprovatórias contra o petismo, o lulopetismo e qualquer coisa ligada ao PT.
Merval hoje é o símbolo do jornalismo patronal, em que o papel dos jornalistas é, simplesmente, defender os interesses dos donos.
Num passado não tão distante, jornalistas eram majoritariamente progressistas, e disso resultava um certo equilíbrio nas publicações. Os donos, previsivelmente conservadores, puxavam para um lado e os editores progressistas para o outro, e a síntese era frequentemente um conteúdo rico e plural.
Dois exemplos notáveis foram a Folha sob Claudio Abramo e a Veja sob Mino Carta.
Hoje, o estilo Merval se espalhou. Espécie de decano do jornalismo patronal, Merval é uma triste referência para jornalistas jovens.
Todas essas coisas somadas, é dele, merecidamente, o título de Pior Jornalista do Ano.
Fonte: DCM

ho ho ho Não vai ter golpe!!!



Descontração natalina!!!!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Frente Brasil Popular: balanço e desafios



1. O ano de 2015 está perto de acabar. Que balanço fazemos deste ano? Qual foi o papel da Frente Brasil Popular? Quais desafios nos esperam no ano de 2016?


2. A principal característica de 2015 foi a ofensiva das elites contra os setores populares. Esta ofensiva teve diferentes protagonistas (os setores médios reacionários, o grande capital, os partidos de direita, o oligopólio da mídia, segmentos do aparato de Estado --com destaque para o judiciário, o MP, a PF e as forças armadas) e teve múltiplos alvos (os direitos trabalhistas, os direitos sociais, as liberdades democráticas, as mulheres, os negros, a juventude especialmente da periferia, os movimentos sociais, os partidos de esquerda, a política do governo, o mandato presidencial).


3. A ofensiva das elites não teve um único comando, nem adotou uma única tática. Pelo contrário, desde o início de 2015 as elites estiveram divididas em torno de duas táticas: os que consideravam prioritário o ajuste fiscal recessivo, que teria o efeito colateral de desgastar o governo Dilma e a esquerda, ajudando a criar o ambiente para vitórias das candidaturas da elite em 2016 e 2018; e os que consideravam prioritário criar as condições para interromper imediatamente o mandato da presidenta Dilma, interditar o PT e Lula, com o objetivo de assumir desde já o controle integral do governo federal.


4. Apesar das divergências táticas, a ofensiva das elites foi e segue animada por objetivos estratégicos comuns: realinhar o Brasil aos EUA (afastando-nos dos Brics e da integração latino-americana e caribenha); reduzir o salário e a renda dos setores populares (diminuir as verbas das políticas sociais, alterar a legislação trabalhista, reduzir direitos, não reajustar salários e pensões, provocar desemprego e arrocho); e diminuir o acesso do povo às liberdades democráticas (criminalizar a política, os movimentos sociais e os partidos de esquerda, partidarizar a justiça, ampliar o terrorismo policial-militar especialmente contra os pobres, moradores de periferia e negros, subordinar o Estado laico ao fundamentalismo religioso, agredir os direitos das mulheres, dos setores populares, dos indígenas).


5. Ao longo de 2015, as elites adotaram várias táticas, mas mantiveram sua unidade estratégia. O campo popular, por sua vez, esteve dividido tanto na estratégia quanto na tática, com diferentes leituras da situação política internacional, continental e nacional, diferentes posturas táticas frente a ofensiva das elites e diferentes alternativas estratégicas.


6. Apesar disto, o ano de 2015: a) começou com os “coxinhas” dominando as ruas e terminou com os setores populares dominando as ruas; b) iniciou com Levy na Fazenda e terminou com Levy fora da Fazenda. Ou seja: embora as elites continuem com a iniciativa política, embora os embates e os perigos continuem intensos, ainda assim em 2015 a véspera do Natal está sendo melhor do que o Dia de Reis. Ao que se deve isto?


7. Nada possui uma única explicação. Assim, o ano termina melhor do que começou por diversos motivos. Mas dentre estes motivos, há dois muito evidentes: no mês de dezembro de 2015, as elites viveram um momento de forte divisão, ao mesmo tempo que o campo popular unificou sua ação.


8. A divisão das elites ocorreu quando o (neste momento ainda) presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, para proteger seus interesses pessoais, deflagrou o processo de impeachment, recorrendo às já conhecidas “manobras” regimentais, tanto ao compor a comissão que analisaria o pedido de impedimento, quanto no Conselho de Ética da Câmara. Embora parte das elites tenha apoiado a iniciativa, o processo de impeachment nasceu sob o estigma do golpe animado por objetivos criminosos. Como disse editorial de um importante jornal das elites: Cunha tornou-se "disfuncional". Como resultado, as manifestações de 13 de dezembro de 2015 foram um fracasso de público e de crítica.


9. O início do processo de impeachment, marcado pelas características criminosas já descritas, colocou os setores populares diante de uma disjuntiva: unidade na ação ou derrota sem pena. É verdade que alguns setores minoritários (não apenas na oposição de esquerda, mas também nos partidos, bancadas e governo) “torceram o nariz” para a construção da unidade. Mas a imensa maioria dos setores progressistas, democráticos e de esquerda iniciou um processo em grande medida espontâneo de unificação, que ficou visível no caráter plural e massivo das manifestações de 16 de dezembro de 2015.


10. As manifestações de 16 de dezembro foram convocadas unitariamente, em torno das consignas “Contra o golpe, em defesa da democracia!”, “Fora Cunha!” e “Por uma nova política econômica!”. Não em torno de uma única palavra de ordem, mas em torno das três, deixando a cada setor envolvido a liberdade de estabelecer as hierarquias e as vinculações entre cada um dos aspectos.


11. Logo após as manifestações, a presidenta Dilma recebeu a Frente Brasil Popular; o Supremo Tribunal Federal derrotou os aspectos mais aberrantes dos procedimentos adotados por Eduardo Cunha; e o ministro da Fazenda Joaquim Levy deixou o governo. Medidas que não resultam do sucesso da mobilização de 16 de dezembro, mas que vistas de conjunto resultam num saldo positivo para os setores populares, ao término de um ano marcado pela ofensiva das elites.


12. Qual foi o papel da Frente Brasil Popular neste processo? Sem prejuízo de um balanço mais detalhado, e ao mesmo tempo tomando cuidado para não estimular uma disputa de protagonismos que apenas prejudica a unidade, consideramos que a Frente Brasil Popular, assim como cada uma das organizações e militantes que a integram, contribuímos muito para o processo anteriormente descrito. Especialmente porque desde o início apostamos na unidade, apostamos na mobilização social, apostamos na combinação das palavras de ordem, e foi este o caminho que nos levou ao resultado atual.


13. Entretanto, a Frente Brasil Popular não quer ter um grande passado pela frente. Nossos desafios maiores estão no futuro: a defesa dos direitos, a defesa da democracia, a defesa da soberania nacional, a luta pelas reformas estruturais e a defesa da integração latino-americana. E o ano de 2016 será, como 2015, de grandes enfrentamentos entre as elites e os setores populares.


14. A luta contra o golpismo continua. Não basta retirar Eduardo Cunha da presidência da Câmara. Por um lado, ele precisa sair de lá em direção à cadeia. Em segundo lugar, as elites vão tentar eleger para seu lugar alguém mais “funcional” e certamente um setor importante buscará dar prosseguimento ao processo de impeachment. Ademais, a importância assumida pelo STF e o papel que o Supremo atribuiu ao Senado constituem uma "faca de dois gumes", até porque o centro da questão é que não se pode retirar do povo o direito de eleger a presidência da República.


15. A luta por outra política econômica continua. Não basta substituir o ministro da Fazenda. É preciso adotar medidas imediatas e de médio prazo, que interrompam o ajuste fiscal recessivo, que recomponham as políticas e os direitos sociais e trabalhistas, que estimulem o emprego e o desenvolvimento. Medidas que passam por libertar nossa economia e nossa sociedade da ditadura do capital financeiro. Se o governo insistir numa política econômica que provoca, direta ou indiretamente, desemprego, recessão e desassistência, tornar-se-á muito mais difícil derrotar a ofensiva das elites.


16. A luta por reformas estruturais continua. Sem reformas estruturais, as elites continuarão dispondo dos meios para sabotar, deter e tentar reverter os processos de mudança em nosso país. Sem reformas estruturais, a maioria do povo brasileiro continuará sem usufruir as riquezas que produz. Sem reformas estruturais, nosso desenvolvimento continuará conservador, dependente e aquém das potencialidades e necessidades do país.


17. A luta pela integração regional continua. O avanço das elites, em países como Argentina e Venezuela, amplia a importância do Brasil continuar firme na defesa dos processos de integração sul-latino-americanos e caribenhos, com destaque para o Mercosul, a Unasul e a Celac.


18. A luta pela construção da Frente Brasil Popular continua. É preciso lançar a FBP em todos os estados do Brasil, em todas as cidades brasileiras. Estimular as instâncias da FBP a terem um funcionamento regular, capaz de oferecer um espaço de debate político acolhedor principalmente para as centenas de milhares de militantes que ainda não fazem parte, nem pretendem necessariamente fazer, de nenhuma organização partidária, popular, sindical ou de juventude. Investir energias na constituição de espaços unitários de comunicação, construídos a partir da cooperação entre os instrumentos já existentes. E continuar apostando na unidade de ação junto com outros setores e frentes. E discutir como tratar, no âmbito da Frente, das eleições 2016.


19. Não devemos descartar que no período de festas de 2015, a direita promova ações espetaculares, por exemplo no âmbito da chamada Lava-Jato. Entretanto,sem baixar a guarda e sem deitar sobre os louros, podemos afirmar que travamos o bom combate e tivemos êxito porque ficamos do lado certo e adotamos a política correta. Buscaremos fazer o mesmo em 2016.


Boas festas e um ano novo de muitas lutas e vitórias para a classe trabalhadora!!!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A reconstrução da indústria ferroviária brasileira

Jornal GGN – Depois de atingir seu auge na década de 70, a indústria ferroviária brasileira amargou duas décadas de desmanche. Nos anos 80, se retraiu fortemente. E nos anos 90 já praticamente não existia. Foi a partir dos anos 2000 que começou a ensaiar uma retomada.
Em 2003, o lançamento do Plano de Revitalização das Ferrovias sinalizou o interesse do setor público em priorizar a expansão da malha e a recuperação da indústria ferroviária. Foi mais ou menos na mesma época que começaram as exportações em massa de minério de ferro, que garantiram a demanda de transporte.
A partir daí, a indústria voltou a investir na criação de novas fábricas e ampliação e modernização das antigas. Entre isso e treinamento de mão de obra, foi investido R$ 1,5 bilhão de 2003 a 2013. Assim, a produção de vagões de carga e locomotivas voltou a crescer. E novas tecnologias puderam ser desenvolvidas em território nacional.
Mas trens precisam de trilhos para rodar. O Brasil tem, atualmente, 30 mil km de ferrovias. 23 mil operacionais, mas apenas cerca de 10 mil com transporte realmente denso. Com todo o planejamento do Programa de Investimento em Logística (PIL), a expectativa é chegar a 34 mil km até 2025. Ainda é menos do que os 38 mil km que o país tinha na década de 70.
O assunto foi abordado no 64º Fórum de Debates Brasilianas.org pelo presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER), Vicente Abate.
Ele falou sobre os desafios que as concessionárias e o poder público têm pela frente, apresentou as novas tecnologias desenvolvidas pela indústria nacional e comentou os planos de expansão tanto da malha de carga quanto de passageiros.
Como se organiza o segmento ferroviário no Brasil
“Nossa missão é fomentar o crescimento da indústria instalada no país. Ou seja, geração de emprego e renda para o brasileiro, incentivando a expansão do transporte ferroviário de carga e de passageiros. Nós somos 65 empresas, pequenas, médias e grandes, brasileiras e internacionais, que fazem a manufatura de produtos ferroviários e também a prestação de serviços de engenharia, de remanufatura, de modernização de equipamentos”.
O ressurgimento e o novo patamar do setor ferroviário nacional
“A concessão foi feita entre 96 e 98. No princípio, as concessionárias mais reformaram, tanto o material rodante quanto a via permanente. E começaram a comprar em massa a partir de 2003. Só para vocês terem uma ideia as concessionárias atuais investiram mais de R$ 44 bilhões de 96, 98 até agora, o que ensejou o crescimento da indústria ferroviária. Eu diria mais, o ressurgimento. Então, ampliamos e modernizamos instalações já existentes, fizemos novas fábricas, aplicamos novas tecnologias e treinamos nossa mão de obra. Com isso as nossas capacidades aumentaram. Hoje, nós podemos fazer anualmente 12 mil vagões de carga (na época eram três mil), mil carros de passageiros (na época eram 300) e 250 locomotivas (na época não se fabricava locomotivas potentes). E para o período atual, esse triênio 2014-2016, nós estaremos investindo ainda de R$ 400 a R$ 600 milhões”.
Inovações tecnológicas da indústria ferroviária brasileira
 
“Eu vou mostrar algumas inovações tecnológicas da nossa indústria, feita nos últimos tempos. Esse é um vagão gôndola de 150 toneladas, isso é peso bruto máximo, a tara dele é de 22, são 128 toneladas de carga útil. Em 1997, na época estatal, era 95 toneladas. Ou seja, nós temos um ganho no decorrer do tempo de 33 toneladas por vagão. Esse é um vagão para transporte de açúcar, da Rumo, é um vagão que os antigos carregavam 80 toneladas, esse carrega 100. Descarrega em apenas 1 minuto enquanto os antigos demoravam 45 minutos. E a nossa mais recente fabricação, projetada totalmente pela indústria nacional, é um vagão tri-articulado para transporte de granéis onde se inclui o próprio açúcar, grãos de soja, grãos de milho, farelo de soja. Esse vagão é na bitola métrica. Só para vocês saberem, a bitola é a distância entre eixos. Na bitola métrica, ela tem naturalmente menor capacidade do que a bitola larga. Aquele vagão da Rumo, na bitola larga carrega 100 toneladas. Esse na bitola métrica, pela concepção de tri-articulado, carrega 136 toneladas. Ou seja, nós estamos fazendo um avanço sensacional. E vamos fazer isso para a bitola larga, que vai carregar muito mais do que as 100, ou as próprias 136”.
Investimentos públicos e privados na expansão da malha ferroviária de carga

“Mostrada a indústria para vocês, eu vou falar um pouquinho da expansão da malha ferroviária de carga. Investimentos privados que estão em execução: a ligação da nova província mineral de Carajás até a Estrada de Ferro. É um plano de expansão da Vale, que vai se configurar entre 2016 e 2018. São investimentos de US$ 16 bilhões que a Vale está fazendo. Até dois, três, quatro anos atrás, ela estava produzindo 300 milhões, 305 milhões de toneladas por ano de minério. O ano passado já fez 312. A previsão para este ano é de 340 milhões. E em 2018 nós vamos ter, com essa nova província mineral, a Vale produzindo e fornecendo, basicamente para o mercado externo, 450 milhões de toneladas por ano. Do governo, são obras do PAC: Palmas-Anápolis 855 km já concluídos, Anápolis-Estrela 680 km previstos para 2016. E a FIOL, que está mais atrasada, dos 500 km até Caetité tem 40% mais ou menos já prontos. De Caetité até Barreiras é mínimo, não chega a 5%, de forma que a previsão é 2018”.
As promessas de investimentos da segunda fase do PIL

“E aí vem o PIL, o chamado PIL 2, que foi lançado agora, dia 9 de junho. E, efetivamente, no PIL 1 nós não tivemos absolutamente nada. Era um programa majestoso, de 11 mil km de ferrovias, entre novas e a serem modernizadas, R$ 100 bilhões de investimento e absolutamente não saiu nada. Só tinha um trecho, de Lucas do Rio Verde até Campinorte, já aprovado pelo TCU, que acabou não saindo também. O programa [PIL 2] é de R$ 198 bilhões, R$ 86 bilhões das ferrovias. O mais imediato, no nosso ver, são esses R$ 16 bilhões de novos investimentos das concessionárias atuais. Agora, a condição sine qua non é que as concessionárias atuais negociem com o governo a antecipação da renovação dos contratos de concessão. Eles vencem entre 2026 e 2028, tem dez anos, 12 anos para fazer investimentos. Ninguém vai fazer investimentos com tão curto período de maturação ou de amortização”.
A expansão da malha ferroviária de passageiros

“Para terminar, a malha de passageiros. O governo de São Paulo está aportando R$ 7 bilhões no metrô, na CPTM e na EMTU. São nove linhas, sendo cinco novas e quatro expansões, mais quase 100 km de ferrovias, 77 novas estações. No Rio de Janeiro, para as Olimpíadas, modernização das linhas atuais do metrô do Rio. Linhas 1 e 2, a nova Linha 4, que está também sendo construída de Ipanema até a Barra. Renovação de quatro linhas da SuperVia e o Porto Maravilha, que são seis linhas de VLT. O governo de São Paulo tem quatro projetos, que são chamados de trens intercidades. São quatro eixos desde o centro de São Paulo, em Água Branca, indo para Americana, para o Vale do Paraíba, Baixada Santista e Sorocaba. O primeiro trecho até Americana já era para ter saído o edital. Nós esperamos que no começo do ano, agora, de 2016, ele possa sair. A malha atual urbana é de apenas 1000 km. Com a expansão atual de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador vão fazer, em 2020, 1200 km. Há mais ou menos dois anos nós tínhamos a previsão de dobrar essa malha até 2020. Só que os projetos ficaram para trás, então, a gente está prevendo um acréscimo de 20%”. 


Fonte: Jornal GGN

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

PT BH decide por candidatura própria em 2016



Ontem, dia 10 de dezembro, o Diretório Municipal do PT de Belo Horizonte, se reuniu por convocação do presidente municipal, deputado federal Miguel Corrêa Júnior para discutir a conjuntura atual e decidir sobre a tática eleitoral de 2016.

Após os debates e intervenções da plenária, foi votada resolução e aprovada por unanimidade que o PT terá candidatura própria para a disputa da Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem.

Ficou aprovada também, agenda de reuniões em todas as regionais e setoriais para debater o programa de governo e finalmente a escolha do candidato.

Enfim, pelo retorno de um governo democrático e popular para Beagá !!!


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

“Natal sem Cunha!”, resolução da tendência petista Articulação de Esquerda

Natal sem Cunha!!! Vamos derrotar o crime, a mentira, a chantagem e o golpe
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, quer o impeachment da presidenta da República.
O povo brasileiro sabe quais os interesses e motivos de Eduardo Cunha.
1. Eduardo Cunha mantém uma conta bancária no exterior, onde estão depositados o equivalente a 9 milhões de reais, de origem ilícita;
2. Eduardo Cunha não apenas ocultava a existência desta conta, como mentiu a respeito em depoimento oficial numa Comissão Parlamentar de Inquérito;
3. Acusado de crime e mentira, Eduardo Cunha foi submetido à comissão de ética da Câmara dos Deputados, o que pode resultar na sua cassação, o que por sua vez facilitará seu julgamento e quiçá prisão;
4. Eduardo Cunha chantageou o Partido dos Trabalhadores e o governo. Avisou que se os três deputados do PT, integrantes da Conselho de Ética da Câmara, votassem a favor da admissibilidade do processo contra Eduardo Cunha, ele daria andamento ao processo de impeachment da presidenta da República;
5. A militância petista, com destaque para a presidenta Dilma Rousseff, o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e a bancada do PT na Câmara dos Deputados, não se dobraram à chantagem. O PT anunciou publicamente que votará a favor da admissibilidade do processo contra Eduardo Cunha na Conselho de Ética da Câmara;
6. Ao saber da posição do PT, Eduardo Cunha cumpriu a ameaça e deu andamento ao processo de impeachment. Em troca, espera contar com os votos dos deputados do PSDB e do DEM, que votariam a seu favor no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados;
7. Este é o enredo: um crime, uma mentira, uma chantagem e agora uma tentativa de golpe. Mas não vai ter golpe!!!
8. Os setores democráticos, progressistas, populares e de esquerda já estão mobilizando para que no mínimo 172 parlamentares votem contra a admissibilidade do impeachment e detenham o golpe, começando a reconstruir a governabilidade necessária para implementar o programa vitorioso nas eleições presidenciais de 2014;
9. A mobilização contra o impeachment é a tarefa central de toda a militância nos próximos dias e semanas e se articula com a defesa das conquistas, contra os retrocessos; com a defesa da Petrobrás, contra privatistas e entreguistas; contra quem fecha escolas e constrói prisões;
10. O destino do Brasil dependerá, mais uma vez, da capacidade de mobilização e luta dos integrantes das Frentes populares e de esquerda, das centrais sindicais e sindicatos, dos movimentos sociais e populares, dos estudantes em luta, das organizações de juventude, mulheres, negros, LGBT, indígenas, da intelectualidade democrática, de cada cidadão e cidadã: o Brasil não pode e não vai cair sob o domínio da mentira, do crime, da chantagem e do golpe.
Fora Cunha, não vai ter golpe!!!
2 de dezembro de 2015
Direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Expulsar Delcídio e cassar Cunha



1.O Supremo Tribunal Federal determinou a prisão preventiva do Senador Delcídio Amaral (PT-MS), basicamente sob a acusação de tentativa de obstrução da Justiça, configurando flagrante delito.

2.O Supremo Tribunal Federal tomou esta decisão com base em gravações de diálogos mantidos pelo Senador com outras pessoas, algumas das quais também foram presas.

3.Não se conhece ninguém que questione a autenticidade e legalidade das referidas gravações, nem tampouco a gravidade do que ali é dito.

4.O Senado Federal decidiu, em votação realizada depois da prisão, validar a ação.

5.A maior parte da bancada do PT votou contra, argumentando que não estaria sendo respeitado aquilo que a Constituição prevê como condição para a prisão de um mandatário popular.

6.A questão envolve desde interpretações da Constituição, até a análise das implicações da prisão de quem até então era líder do governo Dilma no Senado Federal.

7.A maioria da bancada do PT no Senado Federal errou ao defender o voto secreto e ao votar contra a continuidade da prisão. Dada a gravidade do caso e considerando as provas contundentes contra o senador Delcídio, a bancada poderia no máximo abster-se, alegando razões legais e constitucionais. Mas ao defender voto secreto e ao votar contra a continuidade da prisão, a bancada alimentou a campanha da direita contra nós.

8.A bancada do PT no Senado deveria ter votado a favor de chancelar a prisão preventiva determinada pelo STF. Se ativeram, equivocadamente, ao legalismo da interpretação constitucional, o que resultou em mais danos políticos ao PT junto à classe trabalhadora.

9.É verdade que o STF foi ao limite da legalidade para fundamentar a prisão, forçando a interpretação para que ela fosse “em flagrante” e “inafiançável”; é verdade, também, que o Supremo aplica, contra petistas e filiados ao PT, um rigor que não adota quando se trata de filiados a partidos de centro-direita.

10.Exemplo disto é o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), que até este momento segue solto. Registre-se nossa posição a favor do julgamento e condenação de Cunha.

11.Ao Partido dos Trabalhadores e ao Governo Dilma interessa separar o joio do trigo: o Senador Delcídio Amaral traiu a confiança do governo, do PT e do eleitorado popular. Não é de esquerda a tese segundo a qual enquanto não restaura-se a moralidade, locupletar-se é permitido.

12.Está provado que o Senador usava o cargo para tentar cometer um crime, em benefício próprio e em prejuízo dos interesses do Brasil, do governo e do próprio PT. Governo e PT que seriam inevitavelmente acusados de estarem por trás da eventual fuga do criminoso que Delcídio Amaral queria impedir de colaborar com a Justiça.

13.Cabe, agora, tomar a iniciativa de requerer a cassação do mandato de Delcídio junto ao Conselho de Ética do Senado. E aprovar sua expulsão do PT,.


14.No caso do PT, não está em jogo uma interpretação da Constituição, mas sim o estatuto e o código de ética do Partido. Defendemos que a Comissão Executiva Nacional do PT suspenda a filiação do senador e instaure imediatamente o devido processo disciplinar, reafirmando o caráter pessoal e anti-partidário de suas ações e explicitando a disposição de expulsá-lo do Partido.

15.Quando Delcídio Amaral pediu filiação ao PT, nós da tendência petista Articulação de Esquerda recorremos contra no Diretório municipal de Corumbá, no Diretório estadual do PT-MS e também no Diretório Nacional.

16.Naquela época, nos opusemos a filiação de um tucano ao PT. Hoje, fica a impressão de que sua filiação foi na verdade uma infiltração. Tratava-se de entrar no PT, na véspera da eleição presidencial de 2002, e criar laços que poderiam ser úteis para manter funcionando um esquema de corrupção que surgiu durante a era FHC.

17.É importante que o Partido recorde quais eram os motivos alegados, à epoca, para justificar a filiação de Delcídio, E comparasse os efeitos positivos da "aquisição", com os danos de agora, quando o conjunto do Partido sofre os efeitos da filiação de alguém que nunca teve qualquer passado de esquerda. E que em diversas oportunidades -- por exemplo na CPI dos Correios, no processo do chamado mensalão, na discussão do regime de partilha do petróleo, nos temas indígenas etc.-- demonstrou ter uma mentalidade burguesa e tucana, traindo inclusive aqueles que estimularam sua filiação ao PT.

18.O caso de Delcídio Amaral, assim como os de André Vargas e Candido Vaccarezza, são sintomáticos da falta de critério, da falta de vigilância, da falta de limites, do oportunismo e do pragmatismo que predominam em certos setores do Partido.

19.Se quiser sobreviver ao cerco da direita, o PT não precisa apenas mudar de política, precisa também mudar de comportamento. O que significa, em casos como este, que precisamos depurar. Por tudo isto, o PT deve expulsar Delcídio Amaral. E votar pela cassação de Eduardo Cunha.



São Paulo, 29 de novembro de 2015



A direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Direito de resposta: Uma no cravo outra na ferradura?

Dilma sanciona lei que regulamenta o direito de resposta

Projeto estabelece que o direito de resposta é gratuito, poderá ser requerido em até 60 dias após a veiculação, deverá ter destaque na mesma dimensão da matéria que agrediu ou acusou o ofendido, em qualquer veículo de comunicação



Por: Agência PT, em 12 de novembro de 2015 às 10:33:45

A presidenta Dilma Rousseff sancionou o projeto de lei aprovado no Congresso Nacional que regulamenta o direito de resposta. O projeto estabelece que o direito de resposta é gratuito, poderá ser requerido em até 60 dias após a veiculação, deverá ter destaque na mesma dimensão da matéria que agrediu ou acusou o ofendido, em qualquer veículo de comunicação.

O texto sancionado foi publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira (12). A presidenta vetou um trecho do projeto aprovado pelo Congresso. A parte vetada previa que o ofendido poderia “dar a resposta ou fazer a retificação pessoalmente” no veículo responsável pela agressão.

Para Dilma, “ao não definir critérios para a participação pessoal do ofendido, o dispositivo poderia desvirtuar o exercício do direito de resposta ou retificação”.

O direito de resposta poderá ser solicitado quando houver “conteúdo que atente, ainda que por equívoco de informação, contra a honra, a intimidade, a reputação, o conceito, o nome, a marca ou a imagem de pessoas ou empresas identificadas ou passíveis de identificação”.

O autor do projeto, senador Roberto Requião (PMDB), havia cobrado, ainda na última semana, que a presidenta Dilma sancionasse o texto com agilidade.

Da Redação da Agência PT de Notícias



A Presidenta preferiu a tela azul do Cardozo ao seu próprio coração valente…


POR FERNANDO BRITO · 12/11/2015 no TIJOLAÇO



A ilustração aí de cima é para que a Excelentissima Senhora Presidenta da República, Dilma Rousseff, veja como será a transmissão de um seu hipotético direito de resposta seu a uma matéria ofensiva a ela que, amanhã, venha a ser veiculada pela Rede Globo, mostrando montagens de imagens que a reúnam aos piores dos sem-vergonhas desta República, exibida em rede nacional.

É assim, com esta tela azul e letras brancas, que ela vai protestar, na voz de um locutor frio, gelado, às mais candentes e dramáticas ofensas à sua honra pessoal. Talvez, quem sabe, na toada que as coisas vão, até em relação à sua vida pessoal e à de sua família.

Porque é assim que será, porque ela deu às emissoras de rádio e televisão de transmitirem deste jeito o direito de resposta concedido pela Justiça, com texto previamente examinada por um Juiz – o que já garantiria, óbvio, uma fala equilibrada, sem baixarias ou devolução de ofensas. Foi o que fez, a confirmar-se o que a Folha noticia,  quando tomou a decisão de vetar o artigo que o Senado restabeleceu – depois de derrubado pela Câmara de Eduardo Cunha – o artigo que garantia ao ofendido, querendo,  o direito de apresentar, pessoalmente ou por quem achasse conveniente, a contestação a ofensas recebidas nos meios de comunicação.

Certamente teve a aconselhá-la este Varão de Plutarco que é o Ministro da Justiça, sempre a postos e disposto a combater pela República nas páginas amarelas da Veja ou em entrevistas à Folha.

Ele, só ou com outro assessor sabujo ao lobby emissoras de TV fez o serviço, criando a alegação de que ao não “definir critérios para a participação pessoal do ofendido, o dispositivo poderia desvirtuar o exercício do direito de resposta ou retificação”.

Que critérios, “seu Zé”, se o material será gravado e submetido antes ao juiz, o que resta regulamentar que possa ser razoável? Nem a roupa que o fulano deverá usar, pois que quiser aparecer pelado o juiz poderá mandar refazer por uso de forma inconveniente para o exercício do direito!

O que o veto traz, isto sim é que fica evidentemente estabelecido o desequilíbrio.

William Bonner, com suas caras e bocas faz a ofensa: vil, baixa, odiosa. Cobrindo suas palavras, imagens desfavoráveis, cenas editadas, quem sabe até uma trilha sonora dramática, amplificando as palavras ferinas.

A Presidenta, ofendida, reage com um processo judicial, dias depois, porque é preciso conseguir advogado, burilar o texto para que o Juiz nele não veja ofensa devolvida, cuidar da linguagem, do tempo, por que este há de ser, no máximo, igual ao da ofensa, recolher as custas, esperar a defesa e conformar-se ao tempo do Fórum, sempre tão assoberbado.

Dois meses depois – e isso é rapidez das bem rápidas – enfim, vem a reparação.

Então, vem esta tela azul, aí em cima, debaixo da qual uma voz minguada, sem expressão, lê burocraticamente um texto já de si burocrático, enquanto o cidadão fala – ih, propaganda de candidato, de novo – e se levanta para pegar a cerveja na geladeira, enquanto a “sua senhora” trata de tirar a louça do escorredor e guardá-la…

Nenhum olhar, nenhuma expressão facial, nenhum embargo na voz que denote quanto o que se fez foi indigno, foi sujo, foi sórdido.

O dia seguinte, os jornais, para a meia-dúzia que ainda os lê, repercutirão as respostas e, na internet, enquanto os adversários reproduzem as ricas imagens da agressão, seus defensores mambembes se esmerarão, com programas gratuitos de edição de vídeo em colocar, pelo menos, um rosto sobre a maldita tela azul, para que aquele texto ganhe alguma aparência humana,

A Presidenta não precisaria ter feito nada, apenas sancionar o que os senadores, a começar pelo valente Roberto Requião, lutaram contra o lobby das emissoras de televisão e rádio para aprovar.

Mas fez, embora não tudo, o que as famílias proprietárias da grande mídia queriam. Como não fez tudo, ainda reclamam, claro.

Preferiu ceder a quem nada lhe concede.

Se um dia se arrepender e, ofendida, pleitear e conseguir o direito a responder, já está pronta a cartela aí em cima. O resto, peça ao José Eduardo Cardozo.

Quem não acha que olhar no olho do nosso povo faz diferença, quem não  crê que a emoção dê vida nova às palavras, quem não acha que o coração dá tom à voz, não precisa mais que isso.


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Bastidores de uma tragédia: Os relações públicas da Samarco dão uma surra no Estado brasileiro, que sucumbe ao poder econômico


O rio do Carmo, 50 quilômetros abaixo de onde as barragens romperam!
por Luiz Carlos Azenha
A mineradora Samarco, joint venture da Vale com a australiana BHP Billiton, teve um lucro líquido de R$ 2,8 bilhões em 2014. Ou seja, limpinhos!

Como se sabe, o Brasil é uma “mãe” para as mineradoras. A Agência Pública fez uma reportagem interessante a respeito, quando Marina Amaral perguntou: Quem lucra com a Vale?
O “pai” das mineradoras é Fernando Henrique Cardoso. Em 1996, com a Lei Kandir, isentou de ICMS as exportações de minérios!
O que aconteceu com a Vale, privatizada a preço de banana, é o mesmo que se pretende fazer com a Petrobras: colocar a empresa completamente a serviço dos acionistas, não do Brasil.
O que isso significa?
Auferir lucros a curto prazo, custe o que custar.
A questão-chave está no ritmo da exploração das reservas minerais.
Num país soberano, o ritmo é ditado pelo interesse público. É de interesse da população brasileira, por exemplo, inundar o mercado com o petróleo do pré-sal, derrubando os preços? Claro que não.
Quem lucra, neste caso, são os países consumidores. Os Estados Unidos, por exemplo. Portanto, quando FHC privatizou parcialmente a Petrobras, vendendo ações na bolsa de Nova York, ele transferiu parte da soberania brasileira para investidores estrangeiros. Eles, sim, querem retorno rápido. Querem cavar o oceano às pressas, até esgotar o pré-sal. É a dinâmica do capitalismo!
O Brasil é um país sem memória. Não se lembra, por exemplo, do que aconteceu na serra do Navio, no Amapá. Uma das maiores reservas de manganês do mundo foi esgotada porque interessava aos esforços dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Ficamos com o buraco e a destruição ambiental…
Obviamente, não é um problema brasileiro. Fui pessoalmente às famosas minas de diamante de Serra Leoa, na África, que mereceram uma visita da rainha Elizabeth. Investiguei o entorno. O local de onde sairam bilhões de dólares em diamantes não tinha rede de esgoto, nem de distribuição de água.
O mesmo está acontecendo neste exato momento com o coltan, do Congo, um mineral utilizado pela indústria eletroeletrônica. A exploração do coltan financia uma guerra interminável de milicias, que exportam o mineral para a Bélgica praticamente de graça!
Serra Leoa, Congo, Brasil…
Infelizmente, estamos no mesmo nível.
Como denuncia seguidamente o Lúcio Flávio Pinto, o ritmo da exploração do minério de ferro de Carajás é um crime de lesa-Pátria.
Por que haveria de ser diferente nas reservas de Minas Gerais?
A economia do estado, tanto quanto a brasileira, ainda é extremamente dependente da exportação de commodities. À Vale interessa produzir rápido, derrubar o preço a qualquer custo para apresentar lucro no balanço.
Infelizmente, a elite brasileira até hoje se mostrou incapaz de formular um projeto soberano de país. 

Isso vale para PSDB, PT e todos os outros, como ficou evidente na tragédia de Mariana.
Não podemos culpar a mineradora Samarco pela tragédia antes de uma investigação independente e rigorosa. Mas, será que ela vai acontecer?
Do prefeito de Mariana ao senador tucano Aécio Neves, passando pelo governador petista Fernando Pimentel, todos deram piruetas para salvaguardar a Samarco. Pimentel deu uma entrevista coletiva na sede da mineradora!
Enquanto isso, milhões de metros cúbicos de lama desceram o rio do Carmo e chegaram ao rio Doce.
A Samarco diz que a lama é inerte, ou seja, não oferece risco à saúde.
Numa situação ideal, não caberia à Samarco dizer isso — com reprodução martelada em todos os telejornais da Globo.
O familiar de um desaparecido comentou comigo que, na Globo, as vítimas da tragédia não tinham rosto…
A Vale, afinal, é grande patrocinadora.
Espanta é que os governos federal, estadual e municipal, que em tese deveriam atuar de forma independente — em nome do interesse público — não o façam.
A primeira providência em um país civilizado seria uma análise de emergência na lama, para determinar se ela oferece algum risco à saúde.
Afinal, milhões de brasileiros podem entrar em contato com os rejeitos, seja nas margens dos rios, seja através da água consumida.
Além disso, o tsunami de lama carregou corpos humanos e de animais por uma longa extensão, de centenas de quilômetros.
No entanto, a não ser pelo esforço de relações públicas da Samarco, as pessoas afetadas, como testemunhei pessoalmente, estão totalmente no escuro.
Mais adiante, outras questões importantes vão surgir.
O rio do Carmo foi completamente destruído, de ponta a ponta. Quem vai pagar a conta? O Estado brasileiro ou a Samarco?
A Samarco fez o que se espera de uma empresa privada, que pretende minimizar os impactos sobre si do desastre ambiental que produziu.
De forma competente, acionou seu esquema de relações públicas para deixar no ar a ideia de que o rompimento de duas barragens foi consequência de um terremoto.
Transferiu os desabrigados para hoteis, evitando a ebulição de centenas de pessoas que, conjuntamente, poderiam conjurar contra uma empresa da qual sempre desconfiaram.
Conversei com os sobreviventes de Bento Rodrigues: todos sempre acharam um exagero o crescimento vertical, contínuo, da barragem, para guardar mais e mais lama.
Segundo eles, a Samarco começou a comprar novas áreas de terra porque pretendia construir uma outra barragem, mais próxima do povoado, para dar conta do armazenamento dos rejeitos.
Que a Samarco cuide de seus interesses é parte do jogo.
O espantoso é ver a captura do Estado brasileiro, em todas as esferas, pelo interesse privado.
Basta uma consulta às pessoas comuns, que vivem sob as barragens de rejeitos — que se contam às centenas em Minas — para que elas denunciem: as empresas aumentam indefinidamente as cotas, sem transparência, sem qualquer consulta pública, sem planos de resgate de emergência, sem um básico sinal sonoro para dar o alerta em caso de acidente.
É bem mais barato que construir uma nova barragem, certo? Lembrem-se: estas empresas estão a serviço do lucro de seus acionistas e a maioria deles não mora em Mariana, provavelmente nem mora no Brasil.
Minas Gerais, acossada pela crise econômica, sucumbe à lógica das mineradoras: como denunciou o leitor Reginaldo Proque, está tramitando na Assembleia Legislativa um projeto para simplificar o licenciamento ambiental, de autoria do governo Pimentel.
Em resumo, os desabrigados das margens do rio do Carmo fazem o papel, em carne e osso, da crise de representação da política brasileira.
Ninguém os ouve, nem consulta.

Fonte: VIOMUNDO

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O centenário de Carolina de Jesus


Filha de Carolina de Jesus diz que não conseguiu ler livro mais famoso da mãe


Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil

“15 de julho de 1955 – Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos gêneros alimentícios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente, somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar...” Trecho de abertura do livro O Quarto de Despejo, 1960

As lembranças da infância na favela do Canindé, zona norte de São Paulo, ainda emocionam a professora Vera Eunice de Jesus Lima, 61 anos. Filha de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), uma das primeiras escritoras negras do Brasil, ela contou que nunca conseguiu ler por completo o livro mais famoso da mãe, Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada. “Leio pedaços. Começo a ler, leio, abro. Não é um livro que consigo ler na sequência”, disse.

Lançado em 1960, o livro foi um grande sucesso na época, ao reunir os relatos da vida na favela – um universo que começava a surgir nas cidades brasileiras – e revelar o cotidiano simples e forte de uma mulher negra, catadora e mãe de três filhos, que escrevia nos cadernos que encontrava no lixo. Carolina estudou apenas um ano e meio na escola formal, mas mantinha o hábito da leitura.


A conversa com a professora ocorreu durante uma visita à exposição Carolina em Nós, no Museu Afro Brasil, na capital paulista. Ela estava acompanhada de alunos de ensino médio de uma escola pública na qual leciona. Os estudantes não desconfiavam, contudo, que a própria professora era filha da homenageada. “Eles estão aí e olham para mim, não estão entendendo, porque não sabem [que sou filha dela]. Estão andando e não entendem o que acontece”, disse. Ela informou que a ideia é trabalhar o tema da consciência negra em novembro com os estudantes, quando a origem de Vera será revelada. “Será uma surpresa”, afirmou.

Desde o ano passado, muitas organizações e movimentos, especialmente de cultura e de mulheres negras, estão prestando homenagens a Carolina Maria de Jesus pelo centenário de nascimento da escritora, que também gravou discos. No depoimento de Vera, é possível aproximar um pouco do universo de Carolina e conhecer mais sobre sua vida, obra e personalidade.

O centenário

"Até eu estou assustada com a repercussão [das comemorações do centenário] e de como os negros estão valorizando a Carolina, porque estão se espelhando nela. Tem várias Carolinas agora que também estão escrevendo, estão procurando mais o lado da cultura. Como uma pessoa que nasce como ela nasceu, lá na casa de sapê, pau a pique, consegue chegar onde ela chegou, sendo conhecida mundialmente?", questionou Vera.

Carolina viveu altos e baixos. Ela sofreu demais em Minas Gerais. Depois veio para cá, ficou na favela, foi tendo os filhos e quando o Audálio [Dantas, jornalista] descobriu o Quarto de Despejo [publicado a partir dos diários pessoais de Carolina], que lançou o livro, ela ficou no auge. Diz que nunca houve nem haverá uma escritora no Brasil para vender mais livros como ela vendeu em uma semana. Depois,  ficou meio afastada, foi a época em que ficou esquecida e agora, no centenário, ela explodiu.

A mãe e a escritora

Era uma mulher forte, determinada, lutadora, criou os filhos, não dava moleza. Era brava, mas se ela resolvesse que não ia te dar uma entrevista, não dava. Não havia quem fizesse ela falar. Mas, como mãe, tinha aqueles momentos de ternura, me punha no colo, bem preocupada em arrumar comida para a gente. E, nas horas em que, como ela dizia, tinha comida em casa, essas músicas que estão tocando [nos alto-falantes do museu tocam os discos lançados por Carolina], a gente cantava. Todos os filhos tocavam violão, ela ensinou. Imagina, a minha mãe catava papel o dia inteiro e com três filhos para comer, meu irmão adolescente. “Esse homem é famélico”, como ela falava. Com essa situação, não podia estar sempre calma, tranquila.

A paixão pelos livros

Essa história vem lá de Sacramento [MG]. A mãe dela era casada e apareceu o pai de Carolina na praça. Era um negro repentista, inteligentíssimo. A mãe dela ia na praça, se apaixonou e nasceu Carolina. Minha mãe, já de pequena, era diferente. Como ela falava: “Eu era uma negrinha feia e chata”. Ela queria saber de tudo, era muito curiosa. A mãe dela a levou para o Eurípedes de Barsanulfo, que era um médium, e ele falou: “Ela não é chata. Sua filha vai ser uma escritora, uma poetisa”. Daí, a mãe respondeu: “O que será? Que doença é essa?”. Aí, quando as pessoas falavam: “Nossa, a negrinha é chata, né?”, ela respondia: “Não, minha filha é poetisa”. A mãe dela nem sabia o que era.

Uma fazendeira, dona Maria Leite, disse: “Vamos colocá-la na escola”. Estudou um ano e meio. Não queria ir de jeito nenhum, mas depois tomou gosto pela escola. Ela dizia que no primeiro dia de aula queria ir embora, porque queria mamar. E a professora dela, só teve esta, chamava Lenita, disse: “Você vai estudar e não vai mamar, Carolina Maria de Jesus”. Ela nunca tinha ouvido o nome dela, ouviu ali. Até então, era Bitita.

A mudança para São Paulo

Ela veio a pé. [Primeiro, conseguiu emprego como doméstica, mas depois precisou ficar na rua com o nascimento do primeiro filho]. Ela ficava na rua e era para vir um político famoso, então pegaram todos os pobres que estavam aí, colocaram em um caminhão e mandaram para o Canindé. Conseguiu umas madeiras e fez o barraco. Ela mesmo carregou na cabeça. Carolina falava que toda a força da vida dela vinha da cabeça, tanto para escrever, quanto para carregar o saco de papel.

A vida depois da favela

Nós fomos para Santana. Imagina, um lugar de classe média alta e chega lá uma mãe solteira, negra, três filhos, que tinham saído da favela. Vinha um ônibus e ficava a rua inteira [de fotógrafos, jornalistas]. Aquilo incomodava o dia inteiro. Minha mãe gostava de música, colocava [o volume] nas alturas, dançava sozinha a noite inteira. Os vizinhos não aguentavam aquele barulho. A gente abria a porta e tinha gente, fila, para pedir as coisas a ela, que tentava atender. Virou um inferno. Eles não suportavam a gente lá. Um dia, ela chegou em casa às 7h da manhã e disse: “Vamos embora”. E nós fomos para Parelheiros, um sítio. "Ali tem as árvores que ela plantou, a casa está do mesmo jeito. Eu penso em fazer um museu lá".

Edição: Lílian Beraldo

Fonte: EBC

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

"É absolutamente intolerável alguém passar fome neste País"

O diretor do documentário "Aqui Deste Lugar", Sérgio Machado, conta sobre a importância do Bolsa Família para os beneficiados. Seu filme acompanha o cotidiano de 3 famílias que estão no programa


Fonte: CARTA CAPITAL
http://aquidestelugarofilme.com.br/



Zé Eduardo Dutra presente!

Nesta quinta-feira, dia 15 de outubro de 2015, ativistas políticos, militantes do PT, PCdoB e sindicalistas realizaram um "esculacho" na porta da gráfica que imprimiu e distribuiu os panfletos apócrifos no velório do ex-presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra.
Segundo a militância, daqui para a frente nenhuma provocação facista ficará sem resposta.

José Eduardo Dutra!!!!
PRESENTE !!!!!






MP acolhe representação contra direita que agiu no velório de Dutra

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O deputado Rogério Correia relatou para o promotor Eduardo Nepomuceno que há muito tempo os grupos de direita vêm atuando em todo o país, com a mesma perspectiva: de perturbar o cenário democrático com manifestações de radicalismo fascista.






O promotor de Defesa do Patrimônio Público Estadual Eduardo Nepomuceno recebeu nesta segunda-feira (05/10) representação dos parlamentares do PT Cristiano da Silveira, Durval Ângelo e Rogério Correia contra os manifestantes de grupos de direita que perturbaram o velório do corpo do ex-presidente nacional do PT José Eduardo Dutra. que ocorreu no Funeral House, na Avenida Afonso Pena, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
O promotor afirmou que manifestações que atentam contra a democracia, perturbam cerimônias funerárias, ofendem e ameaçam pessoas, são passíveis de serem enquadradas como crime. “Se couber a uma das promotorias criminais, o que acho mais plausível, farei o devido encaminhamento com os documentos e indícios apresentados pelos deputados”, garantiu.
Líder do Bloco Minas Melhor, o deputado Rogério Correia observou que há algum tempo membros de grupos de direita, como o que se denomina Patriotas, comparecem a manifestações públicas e em instituições como a ALMG, utilizando procedimentos fascistas e que ferem a democracia. “Recentemente, esse pessoal invadiu as galerias da Assembleia e ofendeu as deputadas petistas com algumas palavras impublicáveis nos meios de comunicação. Agora, no velório do José Eduardo Dutra, ultrapassaram o limite do tolerável”, alegou.
O parlamentar frisou que é preciso que o Ministério Público, em parceria com a polícia judiciária, identifique e puna os responsáveis por esses atos, antes que a sociedade fique refém do radicalismo fascista. “O que me incomoda nessa história, também, é saber que o PSDB e seus parlamentares vêm dando cobertura a esse tipo de pessoas, que sabidamente são contra a democracia”, acrescentou.
Rogério rememorou a trajetória do fascismo no período em que surgiu na Alemanha e Itália. “Na Alemanha, especialmente, foi dessa forma, hostilizando os adversários nos lugares mais simples e comuns, que o fascismo cresceu, criou forças e dominou a sociedade”, afirmou.
Após a entrega da representação circulava nas redes sociais os nomes de duas participantes: Bernadete dos Santos e Andréa Carla dos Santos, mãe e filha. Os demais já estão sendo identificados.
Fonte: Minas Melhor


Zé Eduardo Dutra presente!

Ainda estudante de Geologia na Universidade Rural do Rio de Janeiro, Dutra militou no MEP (Movimento de Emancipação do Proletariado). Concluído o curso, iniciou suas atividades profissionais como geólogo no estado de Sergipe na PETROMISA (1983 a 1990) e na Vale do Rio Doce (1990 a 1994), quando realiza o planejamento geológico da Mina de Potássio Taquari-Vassouras.
Na condição de trabalhador de mina (“tatu” ou “mineiro”), Dutra participa do impulso coletivo que organiza o movimento sindical combativo e classista em terras sergipanas, destacando-se contra as tentativas de privatização e na solidariedade de classe, como na liberação de um andar do prédio do SINDMINA para o sindicato dos professores da rede pública de Sergipe, o SINTESE.
Filiado ao PT no inicio da década de 1980, candidato a deputado estadual em 1986, presidente do SINDMINA de 1989 a 1994, dirigente nacional da CUT de 1990 a 1994, presidente do PT de Sergipe entre 1991 e 1992, Dutra foi eleito senador da República em 1994, tendo papel importante na luta contra as privatizações neoliberais.
Volta à presidência do PT Sergipe em 2001 e em 2002 disputa pela segunda vez o governo do Estado, indo ao segundo turno numa campanha vibrante contra as duas bandas das oligarquias locais. Perdemos por pouco, preparando o terreno para a vitória com Deda em 2006.
Dutra é presidente da Petrobras entre 2003 e 2005, quando a petrolífera constrói a autossuficiência na produção. Em 2006, sai novamente candidato ao Senado. Perdemos aquela eleição por apenas 16 mil votos. Em 2008 poderia ter sido o candidato a prefeito de Aracaju, mas optou por continuar atuando na esfera nacional, sendo eleito em 2010 presidente do PT, cargo do qual afastou-se por motivos de saúde.
A trajetória do companheiro José Eduardo de Barros Dutra identifica-se com parcela considerável da trajetória do petismo, seja na combinação entre luta social e ação institucional, seja na opção pela estratégia de “conciliação”. Mas ao contrário de muitos, Zé Eduardo era daqueles militantes sisudos que ficavam até o fim dos debates nas instâncias partidárias, onde defendia suas opiniões com tenacidade.
O petismo perde um quadro militante!
Companheiro Zé Eduardo Dutra!!
Presente, hoje e sempre!!!

Fonte: PÁGINA13