quinta-feira, 27 de março de 2014

Transporte ferroviário no Brasil... Um sonho impossível ?

Desde JK o Brasil optou por privilegiar o transporte rodoviário de cargas e pessoas. Após a privatização da Rede Ferroviária Federal nossas ferrovias, entregues à empresas privadas, sepultaram de vez o transporte de pessoas por trem. O patrimônio público em poder das concessionárias foi abandonado. As linhas que não interessavam a elas foram desativadas e deixadas sem manutenção de trilhos e dormentes. Agora anunciam a devolução à união destas linhas, não será a hora retomá-las pensando na retomada do transporte ferroviário de pessoas?

Marco Aurélio Rocha



FCA pagará R$ 910 milhões por devolução de trechos de ferrovias

Tatiana Moraes - Hoje em Dia


Ricado Bastos/Hoje em Dia







O Ministério dos Transportes vai anunciar no próximo mês o cronograma de desativação dos trechos concedidos à Ferrovia Centro Atlântica (FCA) que serão devolvidos à União. A companhia pretende abrir mão da concessão de 4.250 quilômetros, mais da metade dos 8 mil quilômetros sob sua responsabilidade.

A FCA não vê viabilidade econômica nos trechos que serão devolvidos. Cerca de 600 quilômetros estão em Minas Gerais.

A companhia assinou contrato de concessão com o governo Federal em 1996 para explorar os trechos ferroviários por 30 anos. A devolução de parte da concessão foi autorizada por meio de resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicada em julho do ano passado.

O assunto foi debatido em audiência pública realizada pela agência reguladora em Belo Horizonte ontem. De acordo com o especialista em Regulação da Superintendência de Infraestrutura Ferroviária da ANTT, Fernando Formiga, os cerca de 4 mil quilômetros que serão devolvidos serão divididos em duas frentes.

A primeira, composta pelos trajetos considerados antieconômicos, soma 819 quilômetros que não estão em operação. Em muitos casos, não há, sequer, trilhos nos trechos.

A segunda frente é formada pelos trechos economicamente viáveis e tem 3.431 quilômetros. Embora essas linhas estejam em condições de operar, a companhia não possui interesse em mantê-las.

Além disso, conforme Formiga, os trechos economicamente viáveis que serão devolvidos poderão coincidir com o Programa de Investimentos em Logística (PIL), da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), lançado pelo governo Federal em agosto de 2012. O PIL prevê a construção de 11 mil quilômetros de linhas férreas, mediante investimento de R$ 91 bilhões. Porém, ainda não há previsão de quando as linhas começarão a ser construídas. “Pode ser que as linhas do PIL façam o mesmo trajeto”, afirma Formiga.

Esses trechos serão oferecidos à iniciativa privada, Municípios e Estados, que poderão explorá-los para transportar passageiros em linhas regulares ou de turismo. Caso ninguém se interesse, os trilhos e dormentes serão retirados das linhas, sendo alocados em outros trechos da FCA.

Indenização

Por devolver as linhas antes do prazo, a FCA terá que pagar R$ 791 milhões à União, acrescidos de 15%, totalizando R$ 910 milhões. O montante [/LEAD]será investido nas linhas remanescentes da companhia, ou seja, naquelas que ela não devolverá ao governo.


Formiga disse que o montante deve ser utilizado em obras que beneficiem a população. Como exemplo, ele citou as passagens de nível em cidades cortadas pelos trilhos. 



Fonte: HOJE EM DIA

quarta-feira, 26 de março de 2014

Para entender o que você ganhou e o que Eduardo Cunha perdeu com o marco civil da internet

Autor: Fernando Brito




Republico um excelente e didático artigo de Ronaldo Lemos, na Folha, que deixa bem claro o que estava em jogo, essencialmente, na votação do marco civil da internet e porque os que dependem da liberdade e da democracia em sua utilização estão comemorando.

É um roteiro simples, bom para fazer entender àqueles que são pouco versados no assunto e que não conseguem acreditar que essa ferramenta esteja sendo disputada por tantos interesses econômicos e políticos.

E dá a medida de que não foi no núcleo do projeto que o Governo brasileiro cedeu para enfrentar a conspiração das teles, tendo à frente Eduardo Cunha.

Procure divulgar este texto a seus amigos.

A aprovação do marco civil não foi assunto de “interneteiros”.
Muito menos “moda” tupiniquim, ao contrário. Nos coloca na vanguarda da regulamentação de uma liberdade que, no mundo inteiro, tem de ser preservada de abusos e de censuras.
Ele tem a ver com o seu direito de acessar e de publicar o que você bem entender, desde que, claro, responda por isso, como é normal.
Mas você, apenas você.
Ninguém poderá decidir por você.

Saldo é positivo, e Brasil tende a influenciar novas regras nos EUA

Ronaldo Lemos
 
A Câmara finalmente aprovou o Marco Civil. Trata-se da lei que cria um rol de direitos e deveres com relação à rede e por isso foi chamada de “Constituição da Internet”.

A aprovação não foi fácil. A primeira redação começou em 2009, por meio de um processo colaborativo pela internet (do qual participei, vale dizer). Só que desde que o texto foi enviado ao Congresso, foram muitas as tentativas de votação, sempre adiadas.

O balanço é positivo. Por exemplo, foi assegurada a neutralidade da rede. Trata-se do princípio que garante que não haja discriminação de serviços nos bastidores da internet. Agora assegurada legalmente, ela impede que os fornecedores de acesso possam cobrar de empresas da rede para que seus sites carreguem mais rápido.

É o que está ocorrendo nos EUA com o provedor Comcast e o site Netflix. Por conta de um acordo de bastidores, o assinante da Comcast poderá acessar os vídeos do Netflix com melhor qualidade do que com outros provedores.

Isso prenuncia uma partilha da internet: cada site passa a buscar acordos com provedores específicos. Com isso a internet passa a se aproximar da TV a cabo. Esse cenário foi agora proibido no Brasil (como já havia sido também em outros países). Os EUA estão também revendo suas regras. A decisão brasileira deve ser influente por lá.

O próprio presidente do Netflix, beneficiário do acordo com a Comcast, veio a público dizendo que a internet sem neutralidade é insustentável. Com isso, o Brasil deu um passo importante, em boa direção, com relação à rede.

Um ponto importante é que as pontuais exceções à neutralidade serão reguladas por decreto presidencial, ouvida antes a Anatel e também o Comitê Gestor da Internet. Se a regulação tivesse sido deixada só à Anatel, seria basicamente técnica e isolada de maior escrutínio público. Da forma atual, o Executivo é o responsável político por qualquer passo em falso na regulamentação e o Comitê Gestor e a Anatel têm a oportunidade de contribuir no processo. É um bom modelo de freios e contrapesos.

Outro ponto em jogo dizia respeito à liberdade de expressão, protegida pelo artigo 20 do projeto. Por ele, os provedores somente poderão ser responsabilizados por conteúdos postados se descumprirem ordem judicial prévia exigindo sua retirada.

Isso afasta a possibilidade de censura prévia ou intervenção privada no que é postado na rede. Nos últimos dias, houve a ameaça de se modificar o artigo, o que faria com que os provedores se convertessem em verdadeira “polícia” do conteúdo. Felizmente a modificação não decolou.

Outra mudança foi a remoção da obrigação de localização de “datacenters” no país. Depois do caso Snowden, o Marco Civil ganhou um artigo adicional obrigando empresas a terem seus centros de dados fisicamente localizados no Brasil. Isso implicaria em aumento de custos e no risco de se afastar empresas estrangeiras do país, além de não resolver a questão da privacidade. O texto foi removido do projeto final.

Com isso, a Câmara desincumbiu-se bem de sua missão. A batalha continua agora no Senado. Aguarde os próximos episódios.



Fonte: TIJOLAÇO

Alan Parsons Live Project abre hoje em Belo Horizonte sua turnê nacional

Produtor de discos dos Beatles e Pink Floyd, músico britânico chegou a trabalhar com a música de Stockhausen

Mariana Peixoto - EM Cultura



Para o senso comum, Alan Parsons é o dono dos hits 'Time' e 'Eye in the sky', lançados em 1980 e 1982, respectivamente. Canções do chamado The Alan Parsons Project, que fizeram história ao redor do globo como um lado mais pop do bom e velho progressivo. Só que o que uma boa parcela do público ligado em flashbacks desconhece – e os iniciados estão cansados de saber – é que o Parsons engenheiro de som e produtor tem um dos currículos mais brilhantes da indústria fonográfica dos anos 1970. Começou com os Beatles, deu seu pulo do gato com o Pink Floyd, passeou pela música do gênio Stockhausen e continuou trabalhando com nomes como Paul McCartney e The Hollies.

“Tive muita sorte, já que minhas produções foram bem-sucedidas”, afirmou, com certa modéstia, o músico britânico de 65 anos. Desde ontem em Belo Horizonte, Parsons inicia hoje, no Palácio das Artes, uma nova turnê brasileira. O show, que será aberto pela banda Dogma, tem promoção cultural do Estado de Minas e apoio da Guarani FM e portal Uai. Ele também se apresenta na sexta em São Paulo e domingo no Rio de Janeiro. É a segunda vez que Parsons toca em BH (quinta no país). A primeira foi em sua estreia brasileira, há 17 anos (11 de abril de 1997, data revelada pelo próprio).

Desde 2000 radicado em Santa Bárbara, Califórnia, Parsons se apresenta com banda norte-americana: P. J. Olsson (vocais), Tom Brooks (teclados), Danny Thompson (bateria), Guy Erez (baixo), Alastair Greene (guitarra) e Todd Cooper (vocais e saxofone). Quanto a ele, responde por guitarra, vocais, teclados e percussão. No repertório, basicamente hits, além de algumas novidades, entre elas o single 'Fragile', canção inédita. Parsons também espera que fique pronta hoje a versão virtual do álbum duplo ao vivo registrado ano passado na Alemanha.

Receptivo, o grandalhão de voz baixa e olhar bastante expressivo mira hoje para o passado sem um pingo de nostalgia. Era um trabalhador como outros da gravadora EMI –“em um departamento que tinha um link direto com Abbey Road. Fabricávamos fitas, não as cassete, mas antes delas. Então, sabia muito sobre som e gravadores” – quando escreveu ao chefe falando que queria mudar de setor. Fez uma entrevista e duas semanas mais tarde havia se tornado funcionário do lendário estúdio londrino.

O ano era 1969. Soldado raso, Parsons trabalhou nos álbuns derradeiros dos Beatles, 'Abbey Road' (1969) e 'Let it be' (1970). “Na verdade, o que fiz foi apertar botões: record (gravação), rewind (voltar). Também fiz bastante chá e café, coisas que a gente faz quando é trainee.” Já mais experiente, conheceu o Pink Floyd, assinando como engenheiro de áudio o disco 'Atom heart mother' (1970). Mas o pulo do gato foi três anos mais tarde, com o clássico dos clássicos 'The dark side of the moon'. Já com cancha, pôde nadar de braçada. O som de relógios na abertura de 'Time'? “Fui até um antiquário local e gravei cada som de relógio em separado. Acho que foram ao menos uns 20, sendo que alguns utilizamos mais de uma vez”, relembra.

A partir da repercussão de 'The dark side…', nada mais foi o mesmo. Nem para o Pink Floyd, nem para Alan Parsons. Trabalhou com Paul McCartney, The Hollies e fez até incursão na música avant-garde, quando atuou com a música do compositor alemão Karlheinz Stockhausen, um dos nomes mais influentes do século 20. “Muito pouca gente menciona isso. Não foi com Stockhausen, mas com alguns discípulos, um deles Eötvös (o compositor húngaro Peter Eötvös). A música trazia uma série de símbolos, pontos e linhas. Era incrível o quão séria a música eletrônica pode ser”, comenta.

Em meados da década de 1970, já não era sem tempo que Parsons deveria seguir sua própria carreira. O convite veio na figura do compositor escocês Eric Woolfson. Juntos, começaram a trabalhar no “nosso próprio Dark side”. Em 1976, com o nome de The Alan Parsons Project, a dupla lançou seu álbum de estreia, o conceitual 'Tales of mystery and imagination: Edgar Allan Poe'. Compositor prolífico – “ele fazia facilmente letras e melodias, eu ficava com a produção e a engenharia de gravação” –, Woolfson, que morreu há cinco anos, era ainda o homem de negócio. Juntos, fizeram uma série de álbuns, alguns ainda conceituais – 'I robot', de 1977, era inspirado na obra de Isaac Asimov – outros com franca vocação pop, com o 'Eye in the sky' (1982).

Estúdio e palco Curiosamente, o Alan Parsons Project só existiu como tal em disco. Nunca foi visto ao vivo. “Nosso último álbum foi em 1987. E só comecei a ir para a estrada em 1994, 1995. Ao longo dos anos 1970 e 1980, a tecnologia era muito precária. Não havia programas, sintetizadores. O sampler é de 1982, mas naquela época era primitivo. Então não nos sentíamos confortáveis para levar nosso som para o palco. Se tivéssemos uma orquestra nos acompanhando, quem sabe, mas isso seria muito caro.” Só uma canção, 'Silence and I' (1982), contava com acompanhamento de 85 instrumentistas.

O Alan Parsons Project terminou em 1987, mas Parsons e Woolfson continuaram juntos algum tempo depois. Em 1990, lançaram 'Freudiana' (sim, o pai da psicanálise é a principal referência), mas sem assinar como APP. “Virou um espetáculo musical que ficou em cartaz durante um ano. Até que Eric e o produtor do show tiveram uma briga séria, que foi parar nos tribunais. Foram cinco anos até que o assunto se resolvesse. Nesse meio tempo, eu tinha que fazer alguma coisa.” Foi a partir daí que Parsons formou seu primeiro grupo, um quarteto que veio ao Brasil poucos anos mais tarde.

Hoje, ele vive de sua música – assina como Alan Parsons Live Project – e continua como o rato de estúdio que sempre foi. Recentemente, produziu álbuns de nomes como Steven Wilson, líder da banda de progressivo Porcupine Tree. Como também do havaiano Jake Shimabukuro, virtuose do ukulele. Mas assina a produção à sua própria maneira. “Não me envolvo com computadores, tenho um assistente para isso. Não sei ficar fazendo clique, clique o dia inteiro”, conclui.


Três álbuns

The dark side of the moon (1973)

Por causa da experiência antecessora com o Pink Floyd, Alan Parsons foi convidado para comandar as gravações do disco. Abbey Road era o único estúdio que permitia a chamada gravação multicanal (que possibilita o registro em separado de diferentes fontes de som), artifício amplamente utilizado pelo grupo.


Tales of mystery and imagination: Edgar Allan Poe (1976)

A ideia, com o álbum conceitual, era criar seu próprio Dark side. Inspirados nos contos do escritor norte-americano, a dupla realizou um disco grandioso, que contava com coral e inclusive uma narração de Orson Welles (que apareceu na reedição do disco, de 1987, na faixa Dream within a dream).


Eye in the sky (1982)

É o blockbuster de Alan Parsons Project, também gravado em Abbey Road.
A faixa-título, com voz gravada por Eric Woolfson é sua música mais conhecida – o nome foi tirado de uma novela de Philip K. Dick. Com uma vocação pop, o álbum figurou no Top Ten em vários países.


DOGMA

Antes de Alan Parsons subir ao palco do Palácio das Artes, haverá show da banda Dogma. Grupo mineiro de rock progressivo instrumental, tem dois discos: Album (1993) e Twin sunrise (1995). Depois da noite desta quarta-feira, a banda já tem outra data agendada: vai abrir para o Marillion, em 8 de de maio, no Minascentro.

Fonte: ESTADO DE MINAS

Passagem de ônibus pode ser reajustada no dia 1° de abril

Após reunião com a BHTrans, Ministério Público tenta barrar alta do preço

Custo-benefício. Usuários ponderam que, diante dos problemas do sistema, reajuste não se justifica

JOANA SUAREZ
A passagem de ônibus de Belo Horizonte pode sofrer um aumento a partir de 1° de abril. A sinalização teria vindo da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) em uma reunião na segunda-feira com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A confirmação das conversas por parte de promotores, que afirmam trabalhar para conter a alta, acaba com a esperança de setores da sociedade de que a revisão tarifária de 2013, adiada para o primeiro semestre deste ano, pudesse refletir em uma queda no preço. A BHTrans não comenta o caso.

A revisão da tarifa é feita anualmente, mas no fim de 2013, a prefeitura optou, diante da pressão popular, por esperar a conclusão de uma auditoria, prevista em contrato e feita nas contas do transporte público a cada quatro anos, para estabelecer o novo valor da passagem. Um relatório preliminar, de fevereiro, já trazia um cenário indicativo de aumento. De acordo com o documento, as concessionárias tiveram um prejuízo de R$ 25 milhões em 2012. Porém, se somados os quatro anos anteriores, as empresas tiveram lucro de R$ 59,1 milhões no período, o que poderia favorecer uma redução na tarifa.

Ainda assim, havia uma esperança de haver redução no preço da passagem, já que a prefeitura anunciou que vai isentar, a partir de abril, as empresas do Custo de Gerenciamento Operacional (CGO) – que tem um peso de 2% no valor da tarifa, o que representaria cerca de R$ 0,05 a menos.
Um novo relatório teria sido entregue pela Ernst & young, responsável pela auditoria, na reunião de segunda-feira. O texto traria recomendações para a alteração do contrato das concessionárias e o reajuste da tarifa.

“É bem provável que exista o aumento. Mas vamos ter outra reunião com a BHTrans amanhã (hoje) para tentar que não haja (o aumento)”, disse o promotor Eduardo Nepomuceno.

R$ 2,85. Segundo o integrante do Movimento Tarifa Zero André Velozo, o aumento seria de 7,5%, elevando a tarifa para R$ 2,85. Nepomuceno, no entanto, não confirma. Segundo ele, a BHTrans ainda não oficializou o reajuste.

“O que nos chama atenção é o porquê da autarquia ter reduzido a passagem no ano passado e agora pretenderia aumentar. Quando houve redução, foi feito um planejamento e um estudo de impacto. Já se sabia do reajuste no fim do ano”, disse Nepomuceno. (Com Caíque Pinheiro)

Fonte: O TEMPO

terça-feira, 25 de março de 2014

Piso da pista exclusiva do BRT/Move da Antônio Carlos é substituído

Placas de concreto estão sendo trocadas. Segundo PBH, piso é antigo e reparo não terá custo extra

Juliana Ferreira
Publicação: 25/03/2014 06:00 Atualização: 25/03/2014 10:22


Operários trocam placa de concreto na Antônio Carlos: prefeitura descarta atraso em cronograma

A dois meses do prazo final para a operação total do BRT, parte da pista exclusiva para os ônibus na Avenida Antônio Carlos está sendo refeita. Operários de uma empresa terceirizada pela Prefeitura de Belo Horizonte estão retirando blocos de concreto na faixa destinada ao Move próximo ao Viaduto São Francisco, na Pampulha. Um dos homens que trabalhava na obra informou que o reparo era feito devido a trincas.
Responsável pelas obras do Move, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informou que as atividades estão previstas no contrato com a empresa nas “cláusulas de garantia do pavimento rígido”. Por meio de nota, a Sudecap explicou que os operários substituíram algumas placas de concreto não adequadas “sem custos adicionais e sem prejuízos significativos nos cronogramas já anunciados”. Segundo a pasta, as placas foram instaladas há mais de cinco anos, sendo necessário o reparo. Em maio do ano passado, a empreiteira contratada para a construção das estações do BRT também quebrou a pista no trecho, que antes era de asfalto, retirado para a instalação do piso de concreto.

A Sudecap negou que os reparos tenham relação com desníveis nas plataformas de embarque que foram constatados em pelo menos três estações em testes feitos no corredor na semana passada. Na ocasião, a BHTrans informou que a altura dos veículos é de 95 centímetros, mas degraus de até meio palmo de altura foram percebidos nos pontos de transferência. A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte não confirmou se novas alterações serão feitas na via por causa dos desníveis nas plataformas.

Ontem, durante evento de sustentabilidade, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, descartou qualquer novo atraso no cronograma por conta de mudança do pavimento. Ele disse que não poderia divulgar datas de novas etapas do sistema, mas voltou a garantir que o BRT estará em funcionamento pleno até o fim de maio. 
Nova mudança no trânsito
Os motoristas devem se preparar para mais uma mudança no trânsito. A partir de hoje, a conversão da Avenida João Pinheiro para a Rua dos Guajajaras, sentido Praça da Liberdade/Praça Afonso Arinos, será proibida (veja acima). A intervenção diminuirá um tempo semafórico. As alterações fazem parte do pacote de melhorias de circulação do BRT na área central. Os motoristas que desejam seguir para a Rua dos Guajajaras passando pela Avenida João Pinheiro devem pegar a Rua Goiás à direita, na nova alça construída na Praça do Teatro da Cidade, e em seguida pegar a Rua Guajajaras à direita.

terça-feira, 11 de março de 2014

Unasul: a areia na engrenagem do golpe

Algo de singular importância acontece na AL. O software do golpe não roda mais tão facilmente. A reunião da Unasul desta 4ª feira é parte da areia em ação.

por: Saul Leblon 


A reunião da Unasul  desta 4ª feira, que acontece no Chile, em seguida à posse da Presidenta Bachelet, redime a força da política num momento em que os ventos da economia mundial sopram desfavoravelmente sobre a região.

Argentina, Brasil, Venezuela e outros  manejam uma delicada transição cambial. 
Não é uma operação contábil:  mudanças no câmbio alteram o poder de compra dos salários; definem antecipadamente  ganhadores e perdedores de um novo ciclo; estabelecem o fôlego das exportações; devolvem ou não espaço à indústria  local.

A recuperação das economias ricas, e a queda nas cotações das commodities, inverteu a dinâmica das contas externas que impulsionou o crescimento regional por uma década.

O financiamento encareceu. As receitas com exportação caíram.

Déficits em conta corrente se avolumam, dificultando atender o avanço da demanda com mais importações. Pressões inflacionárias robustecem.  Quem não tem reservas, o  Brasil é uma exceção de quase US$  400 bi, enfrenta escassez de dólares e incerteza no abastecimento.

Não por acaso, os escrutínios eleitorais apontam resultados cada vez mais apertados: a eleição de Maduro decidiu-se em casas decimais; Correa perdeu a capital, Quito, para a direita; Cristina sofre corrosão parlamentar na Argentina; o favoritismo da esquerda no 2º turno deste domingo em El Salvador deu lugar a uma vitória por diferença mínima para a Frente Farabundo Martí.

As oposições conservadoras lambem os beiços e esfregam as mãos: é a hora do abate, cogitam.

A ferocidade com que se lançam às ruas na Venezuela é  a expressão desabrida de um apetite mais geral.

A contrapelo do fatalismo mecanicista, que ignora as mediações específicas no interior das grandes transições de ciclo econômico, algo  de singular importância  acontece, porém,  na América Latina.

Há uma resistência política articulada à investida conservadora.

O  software da ‘crise’  não roda mais tão facilmente na máquina regional.

A saber: à crispação golpista interna sucede-se o isolamento internacional dos governantes progressistas.

Seguem-se sanções econômicas e políticas desfechadas pelos EUA, com apoio da briosa gente do jornalismo isento.

Tudo em nome da democracia.

Contra a desordem econômica, o desgoverno, o desabastecimento e as ameaças  à família e à propriedade  –como denunciariam as ‘marchas’ brasileiras de 1964, a primeira delas realizada em 19 de março, seis dias depois do histórico comício da Central do Brasil, que completa 50 anos nesta 5ª feira.

Na tradição  latino-americano, o desfecho golpista invariavelmente ganharia o selo de legitimidade da OEA –braço direito do Departamento de Estado no manejo dos interesses do grande  capital na região.

Desde que foi criada, em 1948, a OEA  notabilizou-se por ser esse cartório complacente de reconhecimento de firma do golpismo.

Foi sua (dos EUA) a iniciativa de expulsar Cuba do organismo, na reunião de  Punta del Este, em 31 de janeiro de 1962, pelas seguintes alegadas razões: a) declaração do caráter socialista da revolução -- incompatível com o sistema interamericano; b) alinhamento com o bloco comunista, quebrando a unidade e a solidariedade do continente; c) adesão ao marxismo-leninismo, incompatível  com os princípios e objetivos do sistema interamericano.

Dois anos depois, a entidade guardiã  do capital e dos bons princípios daria, pelas mesmas razões, o atestado de legalidade ao golpe de Estado contra Jango.
Um ano depois de Jango,  legitimaria a invasão de São Domingos por tropas majoritariamente norte-americanas, temperadas com  batalhões de vários exércitos aliados, inclusive 250 soldados da agradecida ditadura brasileira, que a OEA benzeu.

A mesma boa vontade e cooperação o organismo demonstraria com o golpe sangrento contra a democracia chilena, em 1973.

Assim por diante.

Em todos esses casos e nos demais, a engrenagem azeitada não encontraria repto à altura de sua institucionalidade na região.

Não é mais assim.

O modelo emperrado tentou pegar no tranco na reunião da OEA  realizada nos EUA, no último dia 6 de março.

O alvo deste revival  era a Venezuela, de Maduro, sacudida por violenta onda de protestos, liderada pela facção de extrema direita do conservadorismo local.

A conversa da semana passada na OEA   avançou  noite adentro.

Mas não conseguiu aprovar  uma resolução apresentada pelos EUA, Canadá e Panamá –ou seja, uma proposta do Departamento de Estado norte-americano— de envio de uma missão não solicitada pelo governo Maduro ao país.

O apoio ao intervencionismo dissimulado  saiu como entrou: circunscrito a 3 votos, contra  29 vetos.

Não apenas isso.

Chanceleres de 12 Estados integrantes da União das Nações Sul-americanas (a Unasul)  marcaram um encontro no Chile, nesta 4ª feira, para discutir o mesmo tema em ambiente desinfetado da crispação norte-americana contra o bolivarianismo.

O veto  e a redefinição do locus deixam claro:

a) a OEA não fala mais pela América Latina;

b) o colar de governos progressista da região –ancorado no tripé Brasil-Argentina-Venezuela— detém liderança para, ao menos, desestimular o adesismo de forças regionais;

c) essa guinada, repita-se,  em meio a um quadro internacional adverso  no plano econômico, é uma bem-vinda novidade histórica que não deve ser subestimada.
Se além  de barrar o golpismo, a Unasul dispusesse de estrutura para acelerar a construção  da democracia social na América Latina, as diferenças seriam ainda mais  expressivas.

Não é assim, por enquanto.

Nascida oficialmente em 23 de maio de 2008, ela reúne 12 nações, um PIB de quase US$ 8 trilhões (o dos EUA é de US$ 15  tri) e uma população de 387 milhões de pessoas, distribuídas num imenso  território de 18 milhões de km2 que acomoda autossuficiência energética, alimentar, mineral, abundância de água e reservas ambientais as mais expressivas do planeta.

Além da criação de um Parlamento único, uma moeda e um banco central da comunidade, a Unasul incluía, por sugestão brasileira, a instituição de um  Conselho sul-americano de Defesa.

A dimensão militar da integração foi interditada então pelo direitoso presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, mergulhado até o pescoço na aliança com a CIA e as forças militares dos EUA, na guerra contra as Farcs.

 A Unasul, como bem disse Lula na criação da entidade, em Brasília, pretendia retomar a tradição da luta  pela integração econômica regional. E ir além dela.

 Abandonada por governos conservadores,  a agenda que remete a Bolívar, como gostava de lembrar Chávez,  cedeu lugar nos anos 90 à determinados de abrir  integralmente o mercado regional ao livre comércio com o poderio norte-americano, através da ALCA.

A luta contra o subdesenvolvimento  –marcado pela iníqua distribuição de renda e do patrimônio, o baixo desenvolvimento tecnológico e industrial e elevada primarização das exportações--  cedeu lugar assim à panaceia  desregulatória.

O saldo é conhecido e impulsionou a volta da agenda integracionista ao final dos anos 90.

Desdenhada pela lógica neoliberal, ela provou sua pertinência como alavanca de crescimento e cooperação.

Basta ver os sérios problemas que a redução das compras argentinas e venezuelanas tem causado às exportações brasileiros  de manufaturados para dar a essa condicionalidade a sua real abrangência.

A economia regional  já vivenciou práticas avançadas de comércio no âmbito da ALALC ( a Unasul dos anos 60).

Um Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) assinado então entre os países da região  permitia a intensificar as trocas comerciais sem o uso de divisas fortes, graças a uma caixa de compensação de créditos quadrimestral.

O mecanismo  funcionou plenamente –sem casos graves de default—até meados dos anos 80.

Foi sufocado  com o avanço da logica neoliberal no interior das administrações nacionais, a partir de então.

‘Estamos deixando para trás uma longa história de indiferença e isolamento recíproco. Nossa América do Sul não será mais um mero conceito geográfico, disse Lula na retomada dessa tradição, na assinatura do tratado da Unasul, há seis anos.

Recebida com previsível menosprezo pelas viúvas da ALCA, a Unasul  vive paradoxalmente seu auge político em meio ao aparente estreitamento de seu  fôlego econômico.

Não por acaso, às dificuldades internacionais, a região assiste à retomada da agenda do livre comércio através da nova menina dos olhos do conservadorismo local, a  Aliança do Pacífico.

A Aliança do Pacífico seduz as classes dominantes por substituir a agenda incomoda da integração política pela confortável promessa de bonança através do livre comércio.

A dimensão política do desenvolvimento é um aspecto do jogo do poder compreensivelmente demonizado pelos interesses dominantes de cada época.

Pelo simples fato de que ela os inclui como parte dos entraves ao avanço de sociedades carentes de decisões  que arejem estruturas concentradoras do excedente econômico.

A necessidade de integrar a economia latino-americana às grandes cadeias de suprimento global, e de incorporação de  tecnologia,  não é incompatível com a determinação de construir a democracia social na região.

As condicionalidades econômicas de uma época não definem, à priori,  quem será beneficiado ou penalizado pela superação de seus gargalos.

A existência da Unasul transcende o papel passivo de um ferrolho  contra o golpismo.

O  simples fato de ela existir  –e funcionar--  amplia a margem de manobra política para a América do Sul ir além de  seus erros e acertos,  dos erros e acertos de outras experiências de integração.

E dar uma resposta positiva à premonição de Perón, que disse um dia:

‘O século XXI nos encontrará integrados --ou destruídos’.