sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

2018 já começou

Caravana do Lula em Minas Gerais: a resposta do povo aos golpistas

Marco Aurélio Rocha



No último 30 de outubro, uma segunda-feira, dezenas de milhares de pessoas reuniram-se na Praça da Estação, em Belo Horizonte. Não era um show musical ou atividade ligada a alguma igreja, como tem sido mais comum nos últimos anos. A multidão estava ali para assistir ao ato de despedida da caravana Lula por Minas Gerais.

Era o ápice de uma caravana de inegável sucesso. Foram oito dias percorrendo 12 cidades mineiras, em diferentes regiões do estado, totalizando 1,5 mil quilômetros de estrada. Em cada município, Lula foi recebido por uma população que visivelmente o admirava e o admira. Gente que reconheceu em seu governo o esforço para melhorar a vida dos mais pobres.

Mais importante do que isso, a caravana de Lula em Minas demonstrou, mais uma vez, que, se provocado, o povo responde positivamente. Havia, certamente, militantes políticos entre os presentes nos atos, mas havia igualmente gente sem qualquer filiação partidária ou envolvimento político mais forte. Estavam ali porque perceberam que o momento exige ação: o Brasil do golpe retira direitos dos trabalhadores, vende o Brasil ao capital estrangeiro e promove, com isso, a piora na qualidade de vida das pessoas.

Chamou a atenção, por exemplo, a forma como foi recebida a presidenta Dilma Rousseff. Ela esteve presente nos atos de Ipatinga (o primeiro da caravana), Montes Claros, Bocaiuva, Diamantina, Cordisburgo e Belo Horizonte. Em todos eles, foi ovacionada. Foi possível notar que a maioria das pessoas, ainda que bombardeadas pela propaganda midiática, hoje percebe nitidamente que houve um golpe de estado no Brasil. As palmas entusiasmadas a Dilma, em todos os lugares onde esteve, eram também o sinal de que ninguém está satisfeito com o rumo tomado pelo Brasil após o PT deixar o governo federal.

Essa insatisfação foi canalizada pela caravana. Antes de um evento pré-eleitoral a favor de Lula -- como gosta de dizer a mídia corporativa --, a caravana foi uma ampla mobiliza- ção popular contra o Brasil do golpe. Contra o que está aí: a privatização das empresas pú- blicas, a corrupção indisfarçada, a retirada de direitos trabalhistas, a redução ou mesmo corte total de políticas sociais criadas e executadas nos governos de Lula e Dilma...

A caravana mostrou que o caminho da luta, da mobiliza- ção popular, é a melhor tática. Aguardar outubro de 2018, na suposição de que teremos elei- ções regulares, é, no mínimo, uma ingenuidade. O golpe foi e é. Ocorre no cotidiano do governo ilegítimo encabeçado por Michel Temer. E por isso precisa ser combatido incansavelmente no dia-a-dia da esquerda brasileira. A caravana Lula por Minas Gerais deu a dica: se organizarmos a luta das trabalhadoras e trabalhadores, eles responderão afirmativamente.

Mesmo protestos contra Lula e as esquerdas em geral, prometidos por certos grupos da direita mineira e temidos por alguns militantes petistas, não deram certo. Quando ocorreram, reuniram um número máximo de 10, 20 pessoas, quando muito. Acabaram por si mesmos, quando seus líderes perceberam o ridículo a que estavam se submetendo na comparação com os milhares de conterrâneos favoráveis a Lula e ao PT. Foi assim em Ipatinga, Governador Valadares e Teófilo Otoni, onde os grupos de direita, todos defendendo o deputado federal pelo Rio, Jair Bolsonaro, até tentaram, mas não conseguiram reunir gente o suficiente para qualquer protesto. Depois disso, nas cidades seguintes (Araçuaí, Montes Claros, Bocaiuva, Olhos D’Água, Diamantina, Cordisburgo e BH), sequer demonstraram força para marcar qualquer ato anti-esquerdista.

O sucesso da caravana de Lula dá a receita: é preciso ir às ruas contra o golpe. O que estamos esperando? 

Artigo publicado no jornal Página 13