O desafio do setor elétrico brasileiro será melhorar a qualidade de serviço sem onerar ainda mais a conta do consumidor, foi o que disse José Gabino dos Santos, diretor econômico-financeiro da Abradee, Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, durante o 11º Fórum de Debates Brasilianas.org, que discutiu os desafios do setor elétrico nesta terça-feira, 23, em São Paulo.
"A tendência é que, cada vez mais, a geração de energia seja descentralizada", explicou Gabino. Isso significa que grandes consumidores passarão a produzir e vender energia para o sistema elétrico do país. Esse crescimento, estimulado pela alta do consumo, está sendo acompanhado por maior preocupação quanto à segurança dos serviços, e dos impactos ambientais provocados por toda a cadeia energética.
Uma das saídas estudadas pelo setor é o aumento de pesquisas para solucionar desperdícios que ocorrem nas linhas de transmissão e, principalmente, na casa do consumidor. Segundo Gabino, existe um trabalho de pesquisa, financiado com R$ 8,5 milhões da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), que envolve 34 empresas de energia, entre elas Cemig e Light. A proposta é que cada uma das companhias encontrem soluções que possam ser compartilhadas pelas demais, de forma mais integrada e inteligente. A previsão é que o trabalho seja concluído em outubro de 2012.
Perguntado por que o valor do kilowatt/hora pago pelo consumidor brasileiro é considerado um dos maiores do mundo, Gabino respondeu que os custos de transmissão e distribuição de energia no Brasil são similares aos dos  demais países, o problema são os tributos que respondem por cerca de 50% do valor final da conta de luz.
O porta-voz da Abinee destacou que a maior barreira que as empresas de energia terão que enfrentar nos próximos anos está ligada ao papel da Aneel que tem impedido, até mesmo, que companhias do setor partam para a área de telecomunicações, aproveitando a rede de transmissão elétrica para distribuir também sinais de telefonia e internet. "Como o setor é muito regulado, não dá para fazer mudanças muito drásticas", afirmou. Se fosse possível atuar também na modalidade de mídias, o ganho financeiro das empresas de energia seria sem precedentes.

Sistemas Inteligentes  
A segurança energética nas subestações de energia é uma preocupação comum em todo o mundo. A empresa Treetech Sistemas Digitais, de Atibaia, interior de São Paulo, desenvolveu soluções de gestão online de equipamentos de energia. A trabalho da companhia já é reconhecido internacionalmente e, neste ano, ganhou o Prêmio Inovação da Finep, na categoria pequena empresa.
A solução foi desenvolvida em cima de pequenos sensores inteligentes, acoplados a várias partes de um determinado equipamento. O aparelho capta e envia constantemente dados sobre as condições da subestação para uma base de dados que é, por sua vez, decodificada por softwares que diagnosticam possíveis problemas dos equipamentos de energia.
“Cerca de 30% das falhas que ocorrem nos sistemas elétricos são detectáveis pelas técnicas tradicionais. Com a nossa tecnologia conseguimos detectar mais de 50% das falhas”, contou Pedrosa. O presidente disse que a empresa, que tem 18 anos, espalhou 50 mil sensores e 180 sistemas de gestão on-line em 31 países com a sua marca.
A proposta da Treetech, que conta com apenas 50 funcionários, está dentro do conceito de smartgrid, ou redes inteligentes, que aplica a tecnologia da informação no sistema elétrico, integrando funções para reduzir perdas e evitar possíveis blackouts. Pedrosa completa que o sistema é único no mundo e que já desenvolveram a 3ª geração do produto.

Fonte: http://www.advivo.com.br/materia-artigo/investimentos-em-ti-diminuem-riscos-de-apagao