Hoje o Lacerda deu entrevista na Rádio Itatiaia dando um ultimato ao PT: deve se posicionar até o dia 01 de março por apoio a sua reeleição. Mais tarde o vice-prefeito e presidente do PT-BH Roberto Carvalho rebateu dizendo que “Quem faz os prazos do PT é o PT. Eles são definidos pelo Diretório Nacional. E em Belo Horizonte quem marca as datas é o diretório municipal”. Era o que se esperava de Roberto, mantendo a dignidade do partido. Lacerda e os neo-tucanos lacerdistas já estão extrapolando as barreiras da boa convivência com as direrenças.
Esta ansiedade neo-tucana-lacerdista tem procedência; conseguiram antecipar o prazo para entrega de proposta para apoio a candidato externo ao PT para 15 de janeiro, para atender ao Lacerda que queria resolver o Chapão o mais rápido possível, mas, o tiro saiu pela culatra, o prazo exíguo dificultou as chances de "convencimento" de 1/3 do diretório municipal a assinar a proposta.
Conseguindo protocolar as assinaturas no prazo, mais uma vez, cabe somente a executiva municipal marcar a data para o Encontro. Sabedores disso, Lacerda e sua trupe além de tentar impor a data de 01 de março, insinua que precisa fazer uma reforma no seu secretariado, deixando transparente com esse posicionamento, uma clara situação de chantagem aos membros do partido na PBH.
Ele deveria se lembrar que desde 1992 com Patrus, depois Célio e finalmente Pimentel, houveram em alguns momentos candidatos disputando e governando na PBH, como Dr. Célio, Virgílio e Jô Moraes, sem que ninguém fosse chantageado. Os prefeitos Patrus, Dr. Célio e Pimentel nunca ameaçaram ninguém por suas idéias divergentes através de ameaça de demissão, como ocorreu agora com os cargos do vice-prefeito Roberto Carvalho.
A ansiedade neo-tucana-lacerdista também tem outras nuances para esse início de 2012 que se aproxima, o PPS ameaça abandonar o barco da aliança com os tucanos, provavelmente, acuados pela ameaça da CPI da Privataria Tucana que promete não deixar pedra sobre pedra no ninho tucano.
Portanto, não é de se estranhar tanta pressão e ansiedade lacerdista.
Por Marco Aurélio Rocha
Veja abaixo a matéria do Jornal Hoje em Dia
Lacerda cobra decisão do PT de BH sobre aliança
Vice insiste na candidatura petista pró´ria, e prefeito diz que só espera posicionamento até 1º de março
O prefeito Marcio Lacerda (PSB) deu um ultimato ao PT de Belo Horizonte para que o partido decida se vai apoiar sua candidatura à reeleição nas eleições municipais de 2012. O socialista disse que espera até o dia 1º de março pelos petistas. Depois, pretende trabalhar para fechar os acordos com todas as legendas que procurou para formar o “chapão” em torno da candidatura. Lacerda afirmou que depende da posição dos petistas para definir uma nova reforma administrativa no primeiro escalão e nos cargos comissionados da prefeitura.
O vice-prefeito, Roberto Carvalho (PT), classifica a fala de “chantagem”. “Nossa preocupação é reduzir ao mínimo possível os transtornos na prefeitura provocados pelo período eleitoral. Precisamos de uma definição rápida do PT. O partido possui uma participação grande na prefeitura e nos asseguram que no mais tardar até 1º de março esta decisão (de reedição da aliança) está tomada”, disse Lacerda em entrevista à rádio ‘Itatiaia’.
O prefeito ainda disse que “depende dessa definição (sobre a aliança) para alguma eventual mudança” no secretariado. Ou seja, caso o PT não decida até o início de março sobre o apoio à sua candidatura de reeleição – ou decida pela candidatura própria, Lacerda pode retirar o PT da administração municipal. As eventuais mudanças no secretariado devem refletir na composição da chapa da reeleição.
O ultimato de Lacerda foi um recado direto para os petistas que possuem cargos na prefeitura e para os que compõem o diretório municipal. O socialista tem certeza de que a reedição da aliança PSB-PT-PSDB ainda não foi formalizada por que o presidente do PT municipal, vice-prefeito Roberto Carvalho, trabalha pela candidatura própria. O relacionamento dos dois já não era bom e teria piorado recentemente.
O auge da crise entre os dois aconteceu no início de novembro, quando Lacerda demitiu 22 dos 30 servidores do gabinete de Carvalho sob a justificativa de que os exonerados “não estavam cumprindo suas funções em consonância com as diretrizes da administração municipal”. Com a repercussão nacional do fato, o prefeito recuou e convidou alguns servidores a voltar. Poucos aceitaram o convite, outros ameaçaram entrar na Justiça.
“Quem faz os prazos do PT é o PT. Eles são definidos pelo Diretório Nacional. E em Belo Horizonte quem marca as datas é o diretório municipal”, rebate Carvalho. O vice-prefeito cobra respeito de Lacerda ao partido “que o elegeu”. O presidente do diretório municipal lembra que o Diretório Nacional antecipou o prazo de definição das escolhas eleitorais do partido.
A antecipação foi definida no início do mês, em encontro nacional da legenda na capital mineira, a pedido de Lacerda para o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP). Com a decisão cada diretório municipal tem até o dia 15 de janeiro de 2012 para indicar se há o desejo do partido em apoiar uma candidatura aliada. Se até esta data não for feita a sinalização, o partido lançará candidatura própria. Antes, o prazo era até final de março.
Carvalho afirma que o PT tem até março para realizar os encontros com os delegados do partido que vão decidir entre apoiar a reeleição de Lacerda ou lançar candidatura própria. O vice-prefeito disse que não há nenhuma possibilidade de atrasar o processo de definição para que o socialista rompa com a legenda e favoreça a tese da candidatura própria. O petista reclama da ameaça do partido de perder postos na administração municipal. “Querer vincular uma reforma administrativa à nossa decisão é a pior chantagem que se pode fazer. É o pior jeito de se fazer política”, ataca o presidente do diretório municipal do PT.
Há duas semanas, Carvalho foi pressionado por Falcão a abandonar a tese da candidatura própria e apoiar a reeleição de Lacerda. Na ocasião, o presidente nacional do PT manifestou pela primeira vez sua opinião em favor da aliança. O objetivo do apoio seria obter o compromisso do PSB de apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014.