quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PF investiga empresa controlada por Lacerda

Há suspeita de envio de US$ 117 mil para conta no exterior movimentada por doleiros
Marcio Lacerda não ocupava cargo público na época da operação  (jorge gontijo/em/d.a rpess - 7/11/11)
Marcio Lacerda não ocupava cargo público na época da operação
 
Uma empresa controlada pelo prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), está sendo investigada pela Polícia Federal por suspeita de enviar ilegalmente US$ 117 mil a uma conta movimentada por doleiros em Nova York. As remessas teriam sido feitas em nome da Construtel Tecnologia e Serviços S.A., entre 2001 e 2002, sem comunicar às autoridades brasileiras. A PF diz que Lacerda era sócio majoritário, diretor-presidente e representante legal da empresa nesse período. O Tribunal Regional Federal da 1° Região (TRF-1), no entanto, declarou no mês passado que não houve “comprovação objetiva” de que Lacerda, à época, era diretor-presidente da empresa. Até aquela data, Lacerda não ocupava cargos públicos. Atualmente a empresa é comandada pelo filho do prefeito, Gabriel Nascimento de Lacerda.

A investigação faz parte da Operação Farol da Colina, iniciada pela Polícia Federal em 2001 em sete estados brasileiros e que teve como alvo os doleiros, acusados de evasão de divisas, sonegação, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Mais de 50 pessoas foram presas. O dinheiro enviado ilegalmente passava por subcontas ligadas a uma conta-mãe (chamada de conta-ônibus) em bancos norte-americanos, como Beacon Hill e JP Morgan, baseado em uma relação de confiança entre doleiro e cliente. O doleiro recebia o dinheiro no Brasil e determinava o depósito de igual quantia no exterior, sem qualquer registro no sistema financeiro, o que tornava impossível a fiscalização pelas autoridades monetárias. Essas transações envolvem contabilidades paralelas efetuadas nos dois países.

Doações Lacerda e Construtel doaram para as campanhas eleitorais, em 2002, R$ 1,15 milhão, sendo R$ 750 mil do bolso do prefeito e outros R$ 400 mil da empresa. Quem mais recebeu foi Ciro Gomes, então candidato a presidente pelo PPS. Quando Ciro foi nomeado ministro da Integração Nacional, levou Lacerda como secretário-executivo, mas ele acabou pedindo para deixar o cargo quando teve o nome incluído como beneficiário de R$ 457 mil do caixa dois do PT, no escândalo do mensalão. Lacerda afirmou que o dinheiro foi para a agência New Trade, que teria gravado programas da candidatura de Ciro Gomes. Na última declaração de patrimônio, feita na campanha pela PBH em 2008, declarou patrimônio de R$ 55 milhões.

O advogado de Lacerda, Sérgio Rosenthal, argumenta que o inquérito não foi instaurado para investigar o prefeito, mas as operações financeiras feitas no exterior. “Foi usada uma empresa chamada Construtel, mas Lacerda não teve nenhuma relação com isso”, afirma. De acordo com o advogado, o prefeito já prestou esclarecimentos à PF. “Para ser envolvido teria que ter participação ativa em algum ato criminoso”, justifica. O processo agora retorna à primeira instância.
 

Estado de Minas
Publicação: 24/11/2011 06:00 Atualização: 24/11/2011 11:54

Nenhum comentário:

Postar um comentário