terça-feira, 27 de novembro de 2012

Capacidade de gerar eletricidade aumenta o bastante para atender 6,5 milhões de habitantes com o PAC 2

83% dos novos 4.244 MW são de fontes limpas
O parque gerador brasileiro aumentou sua capacidade em 4.244 MW desde o início da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), em janeiro de 2011. O aumento da capacidade instalada é suficiente para abastecer uma cidade com aproximadamente 6,5 milhões de habitantes, como o Rio de Janeiro. Dos 52 empreendimentos de energia elétrica que deram início às operações, 3.525 MW (83%) são de fontes consideradas limpas e renováveis, de acordo com o quinto balanço do programa, divulgado no último dia 19.

Jirau, que terá turbinas do tipo bulbo, está 80% concluída / Crédito: Ministério do Planejamento 

As obras de energia elétrica em andamento em todo o território nacional aumentarão em 28.022 MW a capacidade de geração, com a construção de 11 hidrelétricas (18.702 MW), 28 termelétricas (6.868 MW), 87 eólicas (2.291 MW) e nove pequenas centrais hidrelétricas (161 MW).
Além disso, inovações tecnológicas permitem uma produção com menor impacto ambiental. A Usina de Jirau, em Rondônia, por exemplo, que já iniciou o enchimento do reservatório, funcionará a fio d’água por meio de turbinas do tipo bulbo, que diminuem a área alagada e têm um efeito menor na vida do rio. A Usina Hidrelétrica (UHE) Santo Antônio já está em operação parcial, com seis máquinas, com capacidade para gerar 417 MW.

Obras prontas - A UHE Passo do São João, concluída, está gerando energia renovável na região Sul. Entraram em operação 19 usinas eólicas (UEE) com capacidade instalada de 475 MW, além de 23 Usinas Termelétricas (UTE) com capacidade de 1.711 MW, que contribuíram com o aumento de geração de energia no País.

A hidrelétrica de Mauá (PR) está com 98% das obras executadas. Já a UHE Colíder, no Mato Grosso, terá capacidade de produção de 300 MW e está com 64% das obras executadas, sendo que 30% foram realizadas neste ano. Belo Monte (PA), com capacidade de 11.233 MW, se destaca por ser a maior usina de geração de energia em construção no mundo e avançou 16% em sua execução.

Transmissão - Para levar essa energia aos mercados consumidores e interligar ao Sistema Nacional foram realizados três leilões, em 2012, que viabilizaram a concessão de 2.625 km de linhas de transmissão, com investimento previsto de R$ 3,9 bilhões. Atualmente, são 23 linhas de transmissão em obras, totalizando 10.657 quilômetros. Desde o início do PAC 2 foram concluídas 17 delas, somando 3.308 quilômetros de extensão, além de 13 subestações.

As subestações coletoras de Porto Velho (RO) e Araraquara II (SP), dois extremos de uma linha de 4.750 km de extensão, receberão investimentos de R$ 736 milhões. Araraquara II já está concluída e a subestação de Porto Velho está quase pronta, com 99% das obras executadas.

Luz para Todos faz 337,9 mil ligações 
Desde o lançamento do PAC 2 até setembro deste ano, foram realizadas 337.903 ligações de energia elétrica em casas de famílias que vivem no campo, em assentamentos da reforma agrária, aldeias indígenas, comunidades quilombolas e de ribeirinhos. Essas ligações representam 46% do total de 727 mil ligações previstas para os quatro anos de PAC 2, sendo 130 mil na faixa de extrema pobreza.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) revelam que o Programa Luz para Todos segue rumo à universalização do acesso à luz elétrica no Brasil. De acordo com a pesquisa, 99,3% dos domicílios brasileiros possuíam luz elétrica em 2011.

Fonte: EM QUESTÃO

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

História mal contada



Marcos Coimbra

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e os comentaristas da “grande imprensa” estão tão satisfeitos uns com os outros e tão felizes com a história que montaram sobre o “mensalão” que nem sequer se preocupam com seus furos e inconsistências.

Para os cidadãos comuns, é daquelas que só fazem sentido quando não se tem muito interesse e basta o que os americanos chamam de big picture. Quando, por preguiça ou preconceito, ficam satisfeitos com o que acham que sabem, mesmo que seja apenas uma “impressão geral”.

A história faz água por todos os lados.

Se fosse preciso apresentá-la de forma simplificada (e dispensando as adjetivações raivosas típicas dos comentaristas de direita), ela conta que José Dirceu e José Genoino criaram um “esquema” entre 2004 e 2005 para desviar recursos públicos, comprar votos no Congresso e assim “perpetuar o PT no poder”. Para secundá-los, teriam montado uma “quadrilha”.

Mas, e se alguém quisesse entendê-la melhor? Se perguntasse, por exemplo, em que sentido a noção de recursos públicos é usada? Se fosse além, tentando perceber o que os responsáveis pelo plano fariam com os votos que pagassem? Se solicitasse uma explicação a respeito de nosso sistema político, para compreender a que esse apoio serviria?

Em qualquer lugar do mundo, a ideia de “desvio” implica a caracterização inequívoca da origem pública e da destinação privada do dinheiro. Alguém, indivíduo ou grupo, precisa ganhar – ou querer ganhar – valores surrupiados do Tesouro. S­enão, o caso muda de tipificação e passa a ser de incompetência.
A história do “mensalão” não faz sentido desde o primeiro postulado. Só com imensa forçação de barra se podem considerar públicos os recursos originados da conta de propaganda do Visanet, como demonstra qualquer auditoria minimamente correta.

A tese da compra de apoio parlamentar é tão frágil quanto a anterior. O que anos de investigações revelaram foi que a quase totalidade dos recursos movimentados no “mensalão” se destinou a ressarcir despesas partidárias, eleitorais ou administrativas, do PT.

Todos sabemos – pois os réus o admitiram desde o início – que a arrecadação foi irregular e não contabilizada. Que houve ilegalidade no modo como os recursos foram distribuídos. Só quem vive no mundo da lua ou finge que lá habita imagina, no entanto, que práticas como essas são raras em nosso sistema político. O que não é desculpa, mas as contextualiza no mundo real, que existia antes, existiu durante e continua a existir depois que o “mensalão” veio à tona.

A parte menos importante desses recursos, aquela que políticos de outros partidos teriam recebido “vendendo apoio”, é a peça-chave de toda a história que estamos ouvindo. É a única razão para condenações a penas absurdamente longas.

Não há demonstração no processo de que Dirceu e Genoino tivessem comprado votos no interesse do governo. Simplesmente não é assim que as coisas funcionam no padrão brasileiro de relacionamento entre o Executivo e o Congresso. Que o digam todos os presidentes desde a redemocratização.

Os dois líderes petistas queriam votos para aprovar a reforma da Previdência Social? A reforma tributária? É possível, mas nada comprova que pagassem parlamentares para que o Brasil se modernizasse e melhorasse.

A elucubração mais absurda é de que tudo tinha o objetivo escuso de “assegurar a  permanência do PT no poder” (como se esse não fosse um objetivo perfeitamente legítimo dos partidos políticos!).

Os deputados da oposição que ficaram do lado do governo nessas votações são uma resposta à fantasia. Votaram de acordo com suas convicções, sem dar a mínima importância a lendas sobre “planos petistas maquiavélicos”.

E o bom senso leva a outra pergunta. Alguém, em sã consciência, acha que o resultado da eleição presidencial de 2006 estava sendo ali jogado? Que a meia dúzia de votos sendo hipoteticamente “comprados” conduziria à reeleição?

O que garante a continuidade de um governo é o voto popular, que pouco tem a ver com maiorias congressuais. E a vitória de Lula mostra quão irrelevante era o tal “esquema do mensalão”, pois veio depois do episódio e apesar do escândalo no seu entorno.

Os ministros da Suprema Corte, a PGR e seus amigos se confundiram. A vez de comprar votos na Câmara para permanecer no poder tinha sido outra. Mais exatamente acontecera em 1997, quando, sob sua benevolente complacência, a emenda da reeleição foi aprovada.

Fonte: CARTA CAPITAL

Saiu o Página 13 de Dezembro de 2012