terça-feira, 28 de maio de 2013

Trânsito estrangula Centro de Belo Horizonte

Demanda de emprego e serviços leva 2 milhões de pessoas, metade das linhas de ônibus e um terço da frota de veículos para o Centro de BH. Resultado: velocidade do tráfego cairá para 9km/h em 2020, se nada for feito


Flávia Ayer 
Mateus Parreiras



'Formigueiro` humano e milhares de carros e ônibus deixam o Hipercentro de belo horizonte a cada dia mais estressante e insuportável


O dito popular indica que todos os caminhos levam a Roma. No caso de Belo Horizonte todas as rotas levam ao Centro. Levantamento da BHTrans, a pedido do Estado de Minas, mostra que 53% das linhas de ônibus da região metropolitana têm itinerário passando pelo Hipercentro. Mais de 2,6 mil ônibus de 544 linhas municipais e metropolitanas cortam diariamente o caldeirão marcado pelo cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas, que também recebe todos os dias cerca de meio milhão de veículos, o equivalente a um terço da frota, e 2 milhões de pessoas – 37% da população da Grande BH. Com essa pressão, a velocidade do trânsito no pico da manhã fica em torno de 16 km/h, mais ou menos o que um ciclista consegue pedalar em média.

Com o caos instalado, a prefeitura busca soluções para desafogar o Hipercentro com projetos como o transporte rápido por ônibus (BRT) e novos polos de comércio e serviço nas outras regiões da capital. Ainda assim, o prognóstico não é dos melhores. “Se não fizermos nada, em 2020, a velocidade do tráfego cairá para 9km/h. A intenção com os investimentos é manter esses 16 km/h”, afirma o diretor de Planejamento da BHTrans, Célio Freitas. Para ter uma ideia, das 298 linhas de ônibus da BHTrans, 167 passam pelo Centro, o que equivale a 56% do total. Da mesma forma, 377 das 727 linhas metropolitanas (52%) atravessam a região.

O consultor em trânsito e transporte Paulo Rogério Monteiro explica a razão do problema: “A cidade foi construída a partir de uma lógica radial. As pessoas só vão ao Centro porque existe uma demanda de emprego e serviços e porque são jogadas lá pelo sistema de transporte. O ideal seria que fossem ali apenas por necessidade”. Segundo ele, “a solução é ter outros níveis de baldeação fora do Centro, não incentivar o transporte individual e fazer a descentralização das atividades produtivas, para as pessoas trabalharem mais perto de casa”, afirma.

Mas o cenário está longe disso. Estudo da BHTrans, de 2009, mostra que em oito vias do Hipercentro passavam 400 mil veículos por dia, o que representa 35% da frota da época, de 1.145.210. Quatro anos depois, houve aumento de 34% no volume de veículos emplacados, chegando a 1.537.871. A diferença de 392.661 veículos representa o ingresso de mais um hipercentro, em apenas quatro anos. Respeitada essa projeção, seriam hoje 536 mil veículos cruzando a área central a cada dia.

“Não tem como escapar do Centro. Se você, por exemplo, precisa sair da Região Centro-Sul para a Pampulha, tem de passar no Hipercentro. A outra opção é o Anel Rodoviário, que é até 10 quilômetros mais longo e também trava”, compara o taxista Marlon Fernandes, de 47 anos, há 13 na praça. “Por causa dos engarrafamentos, já perdi clientes. O passageiro pede desculpas e desce no meio do engarrafamento, deixando a gente na mão”, lamenta.

Reflexos em cascata


A concentração no Centro se reflete na cidade inteira. “Se a Afonso Pena para, as demais vias ficam bloqueadas começa uma reação em cadeia para outras regiões”, avalia o especialista em transporte e trânsito Silvestre de Andrade Puty Filho. Horário de pico ou não, a quantidade de veículos na Avenida Bias Fortes é tão intensa que cruzamentos são constantemente fechados. Os pontos com gargalos mais significativos são os cruzamentos com as ruas Curitiba, Goitacazes e Timbiras. Ontem, a confusão extrapolou o horário de pico e ainda no início da tarde, das três pistas, pelo menos uma e meia acabava ocupadas por carros e ônibus que não conseguiam concluir sua travessia. “Acabei de passar por isso. Os motoristas não conseguirão passar pelo sinal amarelo, mas insistem e, quando o sinal fica verde para nós, não tem como circular. Aí, quem ficou parado acha que pode fazer o mesmo”, protesta o manobrista Wagner Rodrigues, de 25, que mora no Barreiro e precisa passar pela via para trabalhar no Barro Preto. “Não tem outro caminho. Então, a gente vai afunilando. Faltam educação e fiscalização”, disse.

A Rua Padre Belchior tem só um quarteirão, mas se transforma ao longo do dia. Fica vazia fora do horário de pico, entre a Rua Curitiba e a Avenida Augusto de Lima. Nas horas intensas da manhã e do fim de tarde, no entanto, o fluxo de ônibus despejados pela Augusto de Lima e pela Rua São Paulo para os dois pontos ali transforma a Padre Belchior num funil. Ônibus vão se enfileirando. “O ponto vira empurra-empurra. Todo mundo numa correria, porque os motoristas acabam parando muito atrás e a gente pode perder a viagem. Pior é quando os motoristas veem as filas e passam direto deixando a gente na mão”, protesta a dona de casa Vânia Moreira, que precisa ir a Lourdes e o ônibus 2256A, que a leva do Santa Mônica e tem de parar no Hipercentro.




Fonte: ESTADO DE MINAS


Tarifa de energia elétrica afasta indústria em Minas

A CEMIG insiste em querer jogar sua incompetência e a ganância dos sócios privados em levar 50% dos dividendos, pondendo chegar de 2 em 2 anos a 100% do lucro no governo federal e na Aneel. Mas a verdade é que a precarização da empresa, a terceirização e a falta de investimentos levou a acidentes constantes com os trabalhadores, apagões em BH e região metropolitana e com a tarifa mais cara do Brasil penaliza os consumidores em geral e afasta empresas de Minas Gerais, veja reportagem do portal UAI, abaixo.

Por Marco Aurélio




Concessionária já foi procurada por diversas empresas que se sentiram lesadas ao receber as contas mais altas no começo de abril, jogando por terra a redução dos gastos verificada em fevereiro


Marta Vieira

Indústrias do setor têxtil suspendem investimentos em Minas Gerais, pressionadas pelo aumento das tarifas de energia elétrica, aplicado desde abril, que anulou o benefício da redução do custo do insumo determinado em janeiro pelo governo federal. A fabricante italiana de fios de poliéster Sinterama, com atuação em oito países, desistiu de ampliar a fábrica de Alfenas, no Sul de Minas, depois de computar elevação de até 60% da energia fora do horário de ponta do consumo, informou o diretor geral da Sinterama do Brasil, Marco Mascetti. No município de Paraguaçu, também no Sul do estado, a Linhanyl, maior produtora de linhas de costura de náilon e poliéster para calçados e artigos de couro da América do Sul, revê o projeto de uma segunda fábrica mineira, pelo mesmo motivo, de acordo com o diretor da companhia sediada em Sorocaba (SP), Eduardo Gabriel.

O presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Djalma Morais, admitiu, ontem, que a concessionária já foi procurada por diversas empresas que se sentiram lesadas ao receber as contas mais altas no começo de abril, jogando por terra a redução dos gastos verificada em fevereiro. Ontem mesmo, a concessionária aproveitou o encontro anual Cemig-Apimec, que reúne analistas do mercado de capitais e investidores, em Uberlândia, no Triângulo, para dar explicações sobre o reajuste das tarifas. A Cemig foi autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a reajustar os preços em 2,9%, em média, como resultado de processo de revisão tarifária, a partir de 8 de abril. O aumento para alguns segmentos da indústria chegou a 20%.


“As empresas precisam entender que o reajuste não parte da Cemig. Repassamos o que foi definido pela Aneel”, afirmou o presidente da Cemig. O presidente da Sinterama do Brasil, Marco Mascetti, considera a correção abusiva, ao refletir em alta de custos da fábrica mineira de 33%, percentual que não será possível repassar aos clientes. A empresa pretendia investir quase R$ 4 milhões em novos equipamentos que necessitam de energia, para ampliar a produção de fios de poliéster, que abriria postos de trabalho.

“O custo da energia elétrica em Minas, agora, supera o da Itália, onde 80% da eletricidade depende das centrais térmicas, fonte mais cara que as hidrelétricas no Brasil. Complicado explicar este fato aos investidores, que já desconfiam da política brasileira, que num dia anuncia uma coisa e no dia seguinte faz outra”, reclama Mascetti. O diretor da Linhanyl Paraguaçu, Eduardo Gabriel, conta que o projeto da empresa era transferir parte da fábrica de Sorocaba para uma segunda planta industrial em Minas, que permitira a criação de 150 empregos.

Fonte: ESTADO DE MINAS

BH tem 60% de casas noturnas sem fiscalização

Prefeitura da capital admite que, quatro meses depois de tragédia em boate gaúcha, 60% das casas noturnas e estabelecimentos similares da capital ainda não foram vistoriados


Valquiria Lopes 

Quatro meses após o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que deixou 242 mortes e centenas de feridos, Belo Horizonte ainda não cumpriu a tarefa de fiscalizar metade de suas casas noturnas e estabelecimentos similares. Mesmo com o impacto da tragédia e do esforço que se seguiu para que esses imóveis fossem vistoriados e regularizados, apenas 200 dos 500 negócios do gênero registrados na capital receberam visitas dos fiscais. E, nos 40% que foram inspecionados, o índice de irregularidades verificado foi altíssimo: cerca de 80 das 200 casas foram notificadas e outras 17 tiveram as portas fechadas, sendo que 13 permanecem sem regularização. A partir da próxima semana, a prefeitura começa a traçar, com o Corpo de Bombeiros, um cronograma de fiscalização para verificar a situação nas 300 casas de eventos que ainda restam para serem vistoriadas.

De acordo com o gerente de Projeto Sustentador da Secretaria de Serviços Urbanos, Tiago Fantini, o encontro terá o objetivo de alinhar o trabalho dos fiscais com os militares para as visitas nas cerca de 300 casas restantes. “Vamos traçar um plano de metas e ações. Nosso desejo é concluir essa fiscalização até o início do segundo semestre”, afirma. Mas trata-se de um prazo otimista, considerando que foram gastos quatro meses para vistoriar o equivalente a dois terços dos estabelecimentos que ainda estão na fila na capital.


Os números foram apresentados na tarde de ontem, em audiência pública na Câmara Municipal. O encontro ocorreu a pedido do vereador Edson Moreira, que defende a unificação das 12 propostas relativas ao setor que tramitam no Legislativo. Na reunião, o vereador solicitou aos órgãos de arquitetura, segurança e fiscalização presentes que enviem propostas para formação de um novo e único projeto de lei. “Queremos ter uma proposta forte, para que a aprovação avance com mais celeridade e para que o texto sirva de exemplo para outros estados”, afirmou Moreira.

Ao todo, 400 funcionários trabalham na fiscalização integrada nas nove regionais da capital. O gerente de Acompanhamento da Fiscalização do Espaço Urbano da Secretaria Municipal de Fiscalização, Gilmar Evangelista da Silva, afirma que o avanço das vistorias esbarra no tempo gasto para cada ação – de cerca de três horas – e na conciliação com a agenda dos bombeiros. “Não é todo dia que esse tipo de trabalho é feito, até mesmo porque tem que ser alinhado com o Corpo de Bombeiros, que tem outras demandas”, diz.

Apesar de a fiscalização ainda não ter alcançado metade das casas noturnas registradas da cidade, Tiago Fantini afirma que o trabalho tornou-se mais rigoroso a partir de 29 de janeiro, com a publicação do Decreto 15.137. O texto passou a prever a obrigatoriedade de envio das informações relativas a alvarás de localização e funcionamento ao Corpo de Bombeiros no prazo de até 30 dias. A medida tem o objetivo de ajudar no controle do atendimento às medidas de prevenção contra incêndio e pânico previstas na legislação estadual e nas demais normas relativas ao assunto. Para o licenciamento de atividades de alto risco, o decreto estabeleceu a necessidade de realização do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) ser instruído com o Auto de Vistoria de Corpo de Bombeiros (AVCB).

“Antes da publicação do decreto, o trabalho entre a prefeitura e os bombeiros não estava tão alinhado”, garantiu. Ainda assim, ele reconhece que as fiscalizações são complexas e exigem aperfeiçoamento das estratégias. Tiago Fantini informou ainda que todas as casas que já foram vistoriadas serão novamente visitadas, para verificação da situação de segurança nesses locais, e que a prefeitura estuda a criação de um selo que ateste o cumprimento de todas as exigências da legislação municipal.

Bombeiros adotam rigor extra em ações

Desde aquela madrugada de 27 de janeiro, quando o Brasil acordou estarrecido com as mortes em Santa Maria, o Corpo de Bombeiros de Minas também intensificou o trabalho de vistorias nas casas noturnas. De acordo com o capitão Tiago Lacerda Duarte, da Diretoria de Atividades Técnicas, novos parâmetros para interdição mais rápida dos imóveis irregulares foram criados, o que gerou muitas interdições, advertências e multas.

Por outro lado, ele explica que desde março todos os projetos de casas noturnas devem apresentar um laudo com as características dos materiais usados na construção. “Nesse documento, o profissional tem que apresentar um memorial indicando as particularidades dos produtos usados no teto, piso, parede e divisórias, como papéis de parede, forros de PVC, espuma e outros.” Apesar de afirmar que empresas da capital já estão fazendo esse ensaio com os materiais, o capitão fala da dificuldade de cumprir o quesito. “Apenas o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo faz esses testes, que são fundamentais para que o Corpo de Bombeiros aprove os projetos de casas de shows e similares. Se tivéssemos um instituto aqui, teríamos rapidez maior para ter as repostas”, ressalta.

No caso da Boate Kiss, a intoxicação pela fumaça foi a principal causa de mortes no incêndio. Ao pegar fogo, a espuma no teto da boate, usada para isolamento acústico, produziu um gás letal. Segundo relatos de sobreviventes, a fumaça preta tomou conta de todo o local em poucos minutos, antes mesmo que as pessoas pudessem perceber as chamas. A inalação da fumaça provocou o que os médicos chamam de pneumonia química. Os sintomas da intoxicação foram sentidos por diversas pessoas dias depois do incêndio. Algumas das foram internadas precisaram de ventilação mecânica.

Enquanto isso...
PBH quer mais poder para fiscal

A Prefeitura de BH defende mudanças na legislação para tornar o trabalho de fiscalização mais eficaz. De acordo com o gerente de Projeto Sustentador da Secretaria de Serviços Urbanos, Tiago Fantini, a categoria precisa ter mais poder de ação para tornar o trabalho mais célere. “Se o profissional está ocupando uma posição que lhe dá a prerrogativa de fiscalizar, ele deve ter condições para agir, inclusive atuando na interdição”, afirma. O que ocorre é que o fechamento das casas só pode ser feito pelos bombeiros. Na avaliação do gerente, sem o poder do fiscal para agir imediatamente, muitas vezes os donos de casas noturnas notificadas têm chance de se regularizar antes de vencido o prazo da notificação. 


Fonte: ESTADO DE MINAS


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Passando pela Terra



Sempre útil não te esqueceres de que te encontras em estágio educativo na Terra.
 
Jornadeando nas trilhas da evolução, não é o tempo que passa por ti, mas, inversamente,és a criatura que passa pelo tempo.
 
Conserva a esperança em teus apetrechos de viagem. 

Caminha trabalhando e fazendo o bem que puderes.
 
Aceita os companheiros do caminho, qual se mostram, sem exigir-lhes a perfeição da qual todos nos vemos ainda muito distantes.
 
Suporta as falhas do próximo com paciência, reconhecendo que nós, os espíritos ainda vinculados à Terra, não nos achamos isentos de imperfeições.
 
Levanta os caídos e ampara os que tropecem.
 
Não te lamentes.
 
Habitua-te a facear dificuldades e problemas, de ânimo firme, assimilandolhes o ensino de que se façam portadores.
 
Não te detenhas no passado, embora o passado deva ser uma lição
inesquecível no arquivo da experiência.
 
Desculpa, sem condições, quaisquer ofensas, sejam quais sejam, para que consigas avançar, estrada afora, livre do mal.
 
Auxilia ao outros, quanto estiver ao teu alcance, e repete semelhante
benefício, tantas vezes quantas isso te for solicitado.
 
Não te sirvam de estorvo ao trabalho evolutivo as calamidades e provas em que te vejas, já que te reconheces passando pela Terra, a caminho da Vida Maior.
 
Louva, agradece, abençoa e serve sempre.
 
E não nos esqueçamos de que as nossas realizações constituem a nossa
própria bagagem, onde estivermos, e nem olvidemos que das parcelas de tudo aquilo que doamos ou fazemos na Terra, teremos a justa equação na Vida Espiritual.
 
Emmanuel – F C Xavier. Calma. GEEM

MP dos Portos passa no Senado e consolida vitória do Planalto

O plenário do Senado aprovou a Medida Provisória (MP) dos Portos, na tarde desta quinta-feira, por maioria, após rejeitar em bloco todos os requerimentos de destaques ao texto da MP que estabelece um novo marco regulatório para o setor portuário, define novas regras para a concessão de terminais portuários à iniciativa privada e altera as relações trabalhistas nos portos. Com isso, todas as emendas apresentadas à matéria foram consideradas prejudicadas e os senadores iniciaram a discussão do projeto de lei de conversão (PLV), conforme enviado pela Câmara dos Deputados.
A Medida Provisória (MP) dos Portos, aprovada na Câmara e do Senado em tempo recorde, apesar de produzir situações inéditas no Congresso, com deputados dormindo em sofás e em suas cadeiras, em meio a debates acalorados entre integrantes da base de apoio ao Palácio do Planalto, contra e a favor da nova Lei, a ser sancionada agora pela presidenta da República, Dilma Rousseff. A nova legislação estabelece que a exploração indireta de portos e instalações portuárias será mediante concessão para os portos organizados e, nos casos de instalações portuárias, por arrendamento de bem público. Durante a tramitação na Comissão Mista do Congresso Nacional, o relator da MP, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), acatou sugestões apresentadas pelos parlamentares e, tendo elas por base, propôs alterações em relação ao texto original.

No início do dia, logo após receber o projeto aprovado na Câmara, o Senado aprovou os pressupostos de urgência, relevância e adequação orçamentária do projeto de lei de conversão referente à Medida Provisória dos Portos. Com isso, os senadores iniciam a discussão para votação do mérito.
Com os partidos de oposição em obstrução, a votação dos pressupostos constitucionais ocorreu nominalmente e terminou com 48 votos favoráveis e 12 contrários. Os oposicionistas, que utilizaram todo o tempo regimental previsto para discursar contra a votação, devem ainda pedir a verificação de quórum em todas as deliberações que ocorrerão esta tarde em relação à MP dos Portos.
Depois dos pressupostos de urgência, relevância e adequação orçamentária, os senadores ainda irão analisar o texto do projeto que foi aprovado pela Câmara e os requerimentos de destaques para as emendas que forem apresentadas. Os oposicionistas devem apresentar diversos requerimentos para tentar atrasar a votação.
A MP tinha validade até as 23h59 desta quinta-feira. Por isso, precisava ter a votação concluída até esse horário, sem alterações ao texto para que o projeto de lei de conversão seguisse para sanção presidencial. Foi aprovada, no entanto, sem qualquer mudança, portanto, não precisará retornar à Câmara para análise final dos deputados e, consequentemente, perder a validade.
Ao justificar a votação da MP dos Portos, a tempo de evitar que ela perca a validade, o relator da matéria, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), argumentou que a Câmara dos Deputados fez apenas quatro alterações em relação ao texto aprovado pela comissão mista – integrada também por senadores e que fez o primeiro exame da MP – e que elas não alteram a essência da proposta.
Os senadores contrários à MP dos Portos usavam como argumento para a não apreciação da matéria a alegação de que não havia tempo hábil para a discussão, na Casa, da proposta que definirá novo marco regulatório para os portos brasileiros, e que o tempo disponível – cerca de 12 horas – para discussão e votação dos senadores suprime o papel de Casa Revisora do Senado.
A MP dos Portos estabelece um novo marco regulatório para o setor no qual concentra a gestão dos terminais na União, que poderá delegar a administração deles aos Estados. Além disso, a medida também abre a possibilidade dos terminais privados movimentarem cargas de terceiros. Atualmente, os terminais privados só podem trabalhar com cargas dos mesmos grupos empresariais que os administram.

Fonte: CORREIO DO BRASIL

Lei que obriga início do tratamento de câncer em até 60 dias entra em vigor na próxima quinta-feira



Ministério da Saúde criou sistema de informação para auxiliar estados e municípios

Pacientes com câncer deverão começar o tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) em no máximo 60 dias após a inclusão da doença no prontuário. Prevista na Lei 12.732/12, a medida, que entra em vigor no próximo dia 23, teve a regulamentação detalhada nessa quinta-feira (15) pelo Ministério da Saúde. O prazo máximo vale para que o paciente passe por uma cirurgia ou inicie sessões de quimioterapia ou radioterapia, conforme prescrição médica.
Segundo registros do Instituto Nacional do Câncer (Inca), divulgados pelo Ministério da Saúde, atualmente, 78% dos pacientes em estágio inicial da doença já têm o tratamento iniciado em menos de 60 dias, sendo que 52% têm esse direito assegurado em até duas semanas. Para casos avançados, o acesso em até dois meses já ocorre para 79% dos pacientes, sendo 74% destes em até uma quinzena.
“Estamos formando especialistas em oncologia clínica, pediátrica, cirúrgica, entre outras áreas. Criamos um incentivo financeiro no valor de R$ 200 mil, além de incentivo mensal de custeio.”, explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Sistema - Para auxiliar estados e municípios a gerenciar a fila de espera e acelerar o atendimento, o Ministério da Saúde criou o Sistema de Informação do Câncer (Siscan). O software, disponível gratuitamente para as secretarias de saúde a partir desta semana, reunirá o histórico dos pacientes e do tratamento, possibilitando acompanhar o panorama da doença.
A partir de agosto, todos os registros de novos casos terão de ser feitos pelo Siscan. Estados e municípios que não implantarem o sistema até o fim do ano terão suspensos os repasses feitos pelo ministério para atendimento oncológico.
Outra medida adotada pelo ministério para garantir o cumprimento da lei é a realização de visitas aos hospitais que atendem pelo SUS para avaliar as condições de funcionamento e a capacidade de ofertar o atendimento com agilidade.

Reforço - Com apoio técnico e recursos do Ministério da Saúde, unidades que ofertam serviços de radioterapia serão estimuladas a adotar um terceiro turno de funcionamento - atualmente, o atendimento costuma ocorrer pela manhã e pela tarde -, de cinco horas de duração. Até agora, 93 serviços demonstraram interesse. Outra alternativa é a contratação de hospitais da rede privada para prestação de serviços ao SUS.
Também está em curso a seleção de empresa que instalará 80 serviços de radioterapia em todo o país, considerando a ampliação de 39 serviços já existentes e a criação de outros 41, com investimento federal de mais de R$ 500 milhões.

Investimento – De acordo com o Ministério da Saúde, de 2010 a 2012, o investimento do governo federal passou de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,1 bilhões. Com os recursos, foi possível ampliar, por exemplo, o número de sessões de radioterapia, saltando de 7,6 milhões para mais de 9 milhões.
Também aumentou o número de medicamentos ofertados gratuitamente pelo SUS, com a inclusão do mesilato de imatinibe (contra leucemia), o rituximabe (para o tratamento de linfomas) e o trastuzumabe (contra o câncer de mama). A ampliação veio acompanhada de aperfeiçoamento na gestão dos insumos, que passaram a ser comprados de maneira centralizada pelo Ministério da Saúde, reduzindo custos com o ganho da escala de compras.
O Inca estima que surgirão aproximadamente 518 mil novos casos de câncer no Brasil em 2013. Em 2012, foram realizadas cerca de mais de 500 mil internações na rede pública para tratamento do câncer.

Fonte: EM QUESTÃO

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Ziegler: “Quando uma criança morre de fome no mundo, ela é assassinada”

Ziegler: "Não há escassez de alimentos. O problema da fome é o acesso à alimentação. Portanto, quando uma criança morre de fome ela é assassinada". Foto: Rafael Stedile

por José Coutinho Júnior, da Página do MST

O sociólogo suíço Jean Ziegler, ex-relator especial para o Direito à Alimentação da Nações Unidas (ONU), denunciou que a fome é um dos principais problemas da humanidade, em um debate nessa segunda-feira (13/5) em São Paulo.
“O direito à alimentação é o direito fundamental mais brutalmente violado. A fome é o que mais mata no planeta. A cada ano, 70 milhões de pessoas morrem. Destas, 18 milhões morrem de fome. A cada 5 segundos, uma criança no mundo morre de fome”, disse Ziegler.
Na década de 1950, 60 milhões de pessoas passavam fome. Atualmente, mais de um bilhão. “O planeta nas condições atuais poderia alimentar 12 bilhões de pessoas, de acordo com estudo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Não há escassez de alimentos. O problema da fome é o acesso à alimentação. Portanto, quando uma criança morre de fome ela é assassinada”.
Ziegler afirma que é a primeira vez que a humanidade tem condições efetivas de atender às necessidades básicas de todos. Depois do fim da Guerra Fria, mais especificamente em 1991, a produção capitalista aumentou muito, chegando a dobrar em 2002. Ao mesmo tempo, essa produção seguiu um processo de monopolização das riquezas. Hoje, 52,8% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial está nas mãos de empresas multinacionais.
A concentração da riqueza nas mãos de algumas empresas faz com que os capitalistas  tenham uma grande força política. “O poder político dessas empresas foge ao controle social. 85% dos alimentos de base negociados no mundo são controlados por 10 empresas. Elas decidem cada dia quem vai morrer de fome e quem vai comer”, diz Ziegler.
O sociólogo relatou que essas empresas seguem blindadas pela tese neoliberal de que o mercado não deve ser regulado pelo Estado.
“Na Guatemala, 63% da terra está concentrada em 1,6% dos produtores. A primeira reivindicação que fiz, após a missão, foi a realização da Reforma Agrária no país. Fui rechaçado, pois uma intervenção no mercado não é possível. Não havia sequer um cadastro de terras lá: quando os latifundiários querem aumentar suas terras, mandam pistoleiros atacar a população maia que vive ao redor”.

Especulação
A especulação financeira dos alimentos nas bolsas de valores é um dos principais fatores para o crescimento dos preços da cesta básica nos últimos dois anos, dificultando o acesso aos alimentos e causando a fome. De acordo com o Banco Mundial, 1,2 bilhão de pessoas encontram-se em extrema pobreza hoje, vivendo com menos de um dólar por dia.
“Quando o preço do alimento explode, essas pessoas não podem comprar. Apesar da especulação ser algo legal, permitido pela lei, isso é um crime. Os especuladores deveriam ser julgados num tribunal internacional por crime contra a humanidade”, denuncia Ziegler.
A política de agrocombustíveis, que, além de utilizar terras que poderiam produzir comida, transforma alimentos em combustível, é mais um agravante. “É inadmissível usar terras para fazer combustível em vez de alimentos em um mundo onde a cada cinco segundo uma pessoa morre de fome”.

Política da fome
Ziegler afirma que não se pode naturalizar a fome, que é uma produção humana, criada pela sociedade desigual no capitalismo. Prova disso são as diversas políticas agrícolas praticadas tanto por empresas e subsidiadas por instituições nacionais e internacionais.
O dumping agrícola consiste em subsidiar alimentos importados em detrimento dos alimentos produzidos internamente. De acordo com Ziegler, os mercados africanos podem comprar alimentos vindos da Europa a 1/3 do preço dos produtos africanos. Os camponeses africanos, dessa forma, não conseguem produzir para se sustentar.
Ziegler denunciou o “roubo de terras”, que é o aluguel ou compra de terras em um país por fundos privados e bancos internacionais, que ocorreu com mais de 202 mil hectares de áreas férteis na África, com crédito do Banco Mundial e de instituições financeiras da África.
Os camponeses, por conta desse processo, são expulsos das terras para favelas. Esse processo tem se intensificado uma vez que os preços dos alimentos aumentam com a especulação imobiliária.
O Banco Mundial justifica o roubo de terras com o argumento de que a produtividade do camponês africano é baixa até mesmo em um ano normal, com poucos problemas (o que raramente acontece).
Um hectare gera no máximo 600 kg por ano, enquanto que na Inglaterra ou Canadá, um hectare gera uma tonelada. Para o Banco Mundial, é mais razoável dar essa terra a uma multinacional capaz de investir capital e tecnologia e tirar o camponês de lá.
“Essa não é a solução. É preciso dar os meios de produção ao camponês africano. A irrigação é pouca, não há adubo animal ou mineral nem crédito agrícola, e a dívida externa dos países impedem que eles invistam na agricultura”, defende Ziegler.

Soluções
Segundo Ziegler, a única forma de mudar as políticas que perpetuam a fome é por meio da mobilização e pressão popular.
“Temos que pressionar deputados e políticos para mudar a lei, impedindo que a especulação de alimentos continue. Devemos exigir dos ministros de finanças na assembleia do Fundo Monetário Internacional que votem pelo fim das dívidas externas. Temos que nos mobilizar para impedir o uso de agrocombustíveis e acabar com o dumping agrícola”.
Ziegler afirma que a luta contra a fome é urgente, pois quem se encontra nessas condições não pode esperar. “Essa mobilização coletiva pode pressionar democraticamente e massivamente, por medidas que acabem com a fome. A consciência solidária deve movimentar a sociedade civil. A única coisa que nos separa das vítimas da fome é que elas tiveram o azar de nascer onde se passa fome”.
O ex-relator especial para o Direito à Alimentação da Nações Unidas (ONU) veio ao Brasil lançar o livro “Destruição em Massa – Geopolítica da Fome” (Editora Cortez) e participar da 6ª edição do Seminário Anual de Serviço Social, que aconteceu no Teatro da Universidade Católica (TUCA).

Fonte: VIOMUNDO

Corrupção na Ciretran de Ipatinga pode ter relação com execuções de jornalistas

Carlos Calaes - Hoje em Dia

Foto: Ricardo Bastos/Hoje em Dia
Deputado Durval Ângelo revelou o esquema de corrupção e violência no Vale do Aço


Um esquema de corrupção e pagamento de propinas na Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Ipatinga, no Vale do Aço, que funcionaria há pelo menos cinco anos e teria provocado prejuízos milionários aos cofres públicos, pode estar por trás dos assassinatos do jornalista Rodrigo Neto e do repórter fotográfico Walgney Assis.
 
O esquema envolveria um ex-delegado geral da Polícia Civil, um vereador, policiais civis e empresários de Ipatinga, todos indiciados por corrupção em inquéritos da Corregedoria Geral da Polícia Civil (CGPC) de Minas Gerais. Nesta quarta-feira (15), o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em entrevista coletiva, divulgou cópias dos inquéritos policiais. 
 
Delegado geral
 
Nesses documentos, constam como indiciados o ex-delegado geral da Polícia Civil, um vereador, dois policiais civis lotados na Ciretran e três empresários, proprietários de fábricas de placas para veículos. De acordo com o deputado, as investigações da CGPC descobriram na Ciretran de Ipatinga “graves situações de corrupção, que auferiam vantagens financeiras por meio de benesses e facilidades oferecidas pelo órgão no Vale do Aço”.
 
Execução
 
Segundo Durval Ângelo, o jornalista Rodrigo Neto, que atuava numa emissora de rádio, preparava sua volta à imprensa escrita. Em um reportagem especial, ele denunciaria o esquema, mas acabou executado antes. O fotógrafo Walgney Assis chegou a falar para sua mulher – que é policial militar – e para policiais civis da CGPC que ele sabia quem teria assassinado Rodrigo. Dias depois, também foi executado a tiros. “A morte dos dois não foi em vão, pois acabou atraindo mais atenção e expondo o esquema criminoso”, resumiu o deputado Durval Ângelo, que também pretende requerer a prisão preventiva dos indiciados. 
 
Quadrilha
 
Ainda segundo o deputado, eles são apenas “a ponta do iceberg”, pois o esquema criminoso tem mais integrantes. Durval Ângelo também divulgou cópias de ofícios encaminhados ao governador Antonio Anastasia e ao chefe da Polícia Civil, delegado-geral Cylton Brandão da Mata, solicitando o afastamento dos policiais civis indiciados pela CGCP. 
 
O deputado requereu, ainda, à Câmara de Ipatinga, o afastamento do vereador investigado.
 
Fonte: HOJE EM DIA

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Brasil de Fato: Luta política e a agenda liberalizante do governo Dilma


A luta interna entre os setores privatistas e os desenvolvimentistas. Foto: José Cruz/ABr

Editorial da edição 532 do Brasil de Fato

Algumas movimentações em curso no atual cenário político do país são sinais de uma polarização que se torna cada vez mais inevitável. A tendência da luta de classes no Brasil é que as contradições e diferenças entre os interesses das forças populares e das forças neoliberais se tornem cada vez mais nítidas para o conjunto da sociedade.
As forças populares defendem um projeto de desenvolvimento nacional que contemple as reformas estruturais e seja pautado pela soberania popular. Já as forças neoliberais defendem centralmente a hegemonia do capital financeiro na economia brasileira, os ajustes fiscais que penalizam a classe trabalhadora e a retomada do programa de privatizações do patrimônio público.
Os partidos de direita, que representam os interesses neoliberais, foram derrotados no plano eleitoral em 2002, 2006 e 2010. No entanto, não se pode subestimar a capacidade da direita brasileira de reagir e virar esse jogo.
Existe um plano em curso que objetiva triunfar nas eleições presidenciais de 2014. Trata-se de uma ofensiva da direita brasileira que tem traços em comuns com a crise política da década de 1950 e que precedeu o golpe militar 1964. Podemos identificar três movimentações que dão conteúdo à ofensiva da direita nesse momento.
A primeira reside no fato de que as forças neoliberais buscam compensar suas derrotas e fragilidades na luta eleitoral através de uma aliança conservadora com o poder Judiciário e com a grande mídia reacionária.
Com este conluio as forças conservadoras avançam no campo da luta ideológica, negando a identidade de classe da jovem classe trabalhadora em formação através do embuste da “nova classe média”, criminalizando as lutas sociais, judicializando a política ao fazer do STF um balcão a serviço do revanchismo político da direita. A recente sanha do STF ao tentar sufocar as funções constitucionais do poder Legislativo de maioria pró-Dilma é parte dessa disputa. Essa movimentação da direita brasileira pode diminuir as margens para a luta democrática.
A segunda movimentação desta direita objetiva pulverizar a luta eleitoral de 2014 em torno de diversas candidaturas para provocar um segundo turno numa tentativa de derrotar a reeleição de Dilma. Uma candidatura alternativa proveniente da base de partidos que sustentam o governo Dilma e que divida votos, mesmo que poucos, faz parte dos planos da direita. Nesse caso, mais uma vez o STF e a mídia conservadora trabalham incansavelmente para viabilizar a candidatura de Marina Silva e Eduardo Campos.
A terceira movimentação da direita busca diluir e descaracterizar o programa neodesenvolvimentista do governo Dilma, que tem como meta-síntese o crescimento econômico e a distribuição de renda. Para isto, o dispositivo midiático-conservador em aliança com o capital financeiro e com uma certa burguesia interna sem projeto de nação estão conseguindo imprimir uma agenda liberalizante no governo Dilma que não acumula forças para os interesses do povo brasileiro.
Começou com a timidez e lentidão na mudança dos rumos da política econômica que ainda permanece refém do dogma neoliberal fundado no tripé conservador: câmbio flexível, sistemas de metas de inflação e superávit primário. Depois, veio o fim da aposentadoria integral do funcionalismo e o enfrentamento da greve dos servidores públicos com mão de ferro no ano de 2012.
Em seguida, o governo federal encaminhou a concessão dos três maiores aeroportos do país para o controle da iniciativa privada. Além disso, para atender aos interesses diretos da burguesia interna, o governo viabilizou a desoneração da folha de pessoal de 15 setores da economia, podendo comprometer a previdência social.
Agora, um amplo programa de concessão de rodovias, ferrovias e portos para o setor privado está em curso. Para consolidar a agenda liberalizante, o governo autorizou a retomada dos leilões de áreas de exploração do petróleo para este ano, que estavam paralisados desde dezembro de 2008.
A contradição é que esta perniciosa agenda liberalizante parte do seio da frente neodesenvolvimentista que sustenta o governo Dilma. Isto é a demonstração cabal de que tal frente é hegemonizada pela burguesia interna.
Nesse momento, os setores populares precisam acumular forças para impedir as medidas privatizantes. Nesse sentido, as forças populares não podem deixar de denunciar os criminosos leilões do petróleo que estão marcados para os dias 14 e 15 de maio.

Fonte: VIOMUNDO

terça-feira, 14 de maio de 2013

MP dos Portos: Quando o governo vai abrir as comunicações?

O desconhecimento da sociedade sobre qualquer tema é o solo fértil de toda sorte de manipulação ideológica e econômica.

A MP dos Portos, editada em dezembro último, cujo prazo de validade vence nesta 5ª feira, é o exemplo clássico desse redil capaz de imobilizar as melhores intenções.

Sempre hesitante em sua política de comunicação, o governo, mais uma vez, menosprezou uma dimensão crucial da luta pelo desenvolvimento que consiste em popularizar o debate das decisões estratégica com toda a sociedade.

Não o fez com a agenda dos portos; como também não foi feito com a das rodovias e tampouco com outras iniciativas diante da crise mundial.

Teme-se o carimbo de populismo.

Cultiva-se o ‘não politizar a agenda do desenvolvimento’, que não é outra coisa senão economia concentrada em escolhas políticas.

Em contrapartida, faculta-se a um oligopólio midiático a modelagem narrativa do passo seguinte da história do país, reduzida assim a um carnaval de tomates e beterrabas.

A receita torna o governo refém das manifestações mais oportunistas.

Eis-nos mais uma vez, e não será a última, enredados em uma nuvem de impasse e crise, associada a um tema tornado inacessível a parcelas majoritárias da população.

A votação da MP dos portos fracassou nesta 2ª feira.

A agonia venceu o primeiro round.

O prazo do governo estreitou-se em 24 horas.

As manchetes desta 3ª feira festejarão mais uma ‘acefalia da base’.

O objetivo da MP dos portos, afirma o Planalto, é acelerar investimentos da ordem de R$ 54 bilhões no setor até 2017.

A medida seria imprescindível para baixar os custos da logística brasileira e injetar competitividade às exportações nacionais num mercado mundial que se contrai.

Segundo a OMC, o comércio internacional não deve crescer muito acima de 3% este ano.

Uma taxa significativamente inferior à média de 5% das últimas duas décadas.

Busca-se uma parceria entre investimentos públicos e privados para adicionar agilidade operacional aos embarques em curto espaço de tempo, alega o governo.

Para tanto, a MP dos Portos avança sobre protocolos e interesses estabelecidos.

Entre os pontos polêmicos estão a licitação de terminais com base no critério do menor preço e maior desempenho: vence quem cobrar menos pelo maior volume de despachos previstos.

Portos privados, antes restritos a operações específicas, agora terão liberdade para movimentar cargas de terceiros.

Estados que detinham a administração de portos públicos perdem essa prerrogativa para a agência reguladora do setor.

De um lado, operações técnicas são compartilhadas com a esfera privada; de outro, reforça-se o comando estratégico do setor na esfera federal.

Os críticos à esquerda alegam que a MP apertou o passo do governo na ladeira privatizante e terá efeito inócuo na alegada redução de custos (leia artigo desse ponto de vista no espaço de debate aberto nesta pág).

À direita, rejeita-se a ‘intromissão’ estatal nos portos estaduais, bem como o ‘intervencionismo’ embutido na MP .

Ela faculta ao Estado exercer o controle sobre o que acontece em terminais administrados por capital particular, mesmo quando construídos em terrenos privados.

Quem apoia a MP alega que ela não toca na estrutura brasileira de docas públicas, mas amplia as opções de escoamento. Com isso forçaria uma salutar redução de custos.

A MP dos portos por certo merece um debate mais amplo.

Emoldura-a a transição de uma economia que luta para dilatar a logística de uma sociedade planejada para servir a 1/3 da população.

Ao ampliar a escala da cidadania e do consumo, esbarra-se agora em toda sorte de limites.

O risco de regressividade política e econômica é real.

A MP dos portos é só um exemplo de uma corrida contra o tempo.

Deixar que decisões desse calibre se tornem objeto de troca nas mãos de Cunhas & Alves não é somente um passo em falso do ponto de vista de articulação política.

Trata-se de uma preocupante subestimação da capacidade de discernimento da sociedade e do seu papel na luta pelo desenvolvimento.

Sem abrir o debate político Getúlio jamais teria ido tão longe na primeira arrancada da infraestrutura nacional.

A Petrobras talvez não existisse.

Com toda astúcia política, ainda assim, viu-se compelido a dar um tiro no peito para não ceder ao conservadorismo.

Crê o governo que dando sucessivos tiros no pé na esfera da comunicação poderá ser mais eficaz que Vargas na luta pelo desenvolvimento brasileiro?

Postado por Saul Leblon às 20:41

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A questão da vinda dos médicos cubanos para o Brasil


Por Pedro Saraiva
Olá Nassif, sou médico e gostaria de opinar sobre a gritaria em relação à vinda dos médicos cubanos ao Brasil
Bom, como opinião inteligente se constrói com o contraditório, vou tentar levantar aqui algumas informações sobre a vinda de médicos cubanos para regiões pobres do Brasil que ainda não vi serem abordadas.
- O principal motivo de reclamação dos médicos, da imprensa e do CFM seria uma suposta validação automática dos diplomas destes médicos cubanos, coisa que em momento algum foi afirmado por qualquer membro do governo. Pelo contrário, o próprio ministro da saúde, Alexandre Padilha, já disse que concorda que a contratação de médicos estrangeiros deve seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissional. Portanto, o governo não anunciou que trará médicos cubanos indiscriminadamente para o país. Isto é uma interpretação desonesta.
- Acho estranho o governo ter falado em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser somente em relação aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos precisam revalidar diploma? Sou médico e vivo em Portugal, posso garantir que nos últimos anos conheci médicos portugueses e espanhóis que tinham nível técnico de sofrível para terrível. E olha que segundo a OMS, Espanha e Portugal têm, respectivamente, o 6º e o 11º melhores sistemas de saúde do mundo (não tarda a Troika dar um jeito nesse excesso de qualidade). Profissional ruim há em todos os lugares e profissões. Do jeito que o discurso está focado nos médicos de Cuba, parece que o problema real não é bem a revalidação do diploma, mas sim puro preconceito.
- Portugal já importa médicos cubanos desde 2009. Aqui também há dificuldade de convencer os médicos a ir trabalhar em regiões mais longínquos, afastadas dos grandes centros. Os cubanos vieram estimulados pelo governo, fizeram prova e foram aprovados em grande maioria (mais à frente vou dar maiores detalhes deste fato). A população aprovou a vinda dos cubanos, e em 2012, sob pressão popular, o governo português renovou a parceria, com amplo apoio dos pacientes. Portanto, um dos países com melhores resultados na área de saúde do mundo importa médicos cubanos e a população aprova o seu trabalho.
- Acho que é ponto pacífico para todos que médicos estrangeiro tenham que ser submetidos a provas aí no Brasil. Não faz sentido importar profissionais de baixa qualidade. Como já disse, o próprio ministro da saúde diz concordar com isso. Eu mesmo fui submetido a 5 provas aqui em Portugal para poder validar meu título de especialista. As minhas provas foram voltadas a testar meus conhecimentos na área em que iria atuar, que no caso é Nefrologia. Os cubanos que vieram trabalhar em Medicina de família também foram submetidos a provas, para que o governo tivesse o mínimo de controle sobre a sua qualidade.
Pois bem, na última leva, 60 médicos cubanos prestaram exame e 44 foram aprovados (73,3%). Fui procurar dados sobre o Revalida, exame brasileiro para médicos estrangeiros e descobri que no ano de 2012, de 182 médicos cubanos inscritos, apenas 20 foram aprovados (10,9%). Há algo de estranho em tamanha dissociação. Será que estamos avaliando corretamente os médicos estrangeiros? 
Seria bem interessante que nossos médicos se submetessem a este exame ao final do curso de medicina. Não seria justo que os médicos brasileiros também só fossem autorizados a exercer medicina se passassem no Valida? Se a preocupação é com a qualidade do profissional que vai ser lançado no mercado de trabalho, o que importa se ele foi formado no Brasil, em Cuba ou China? O CFM se diz tão preocupado com a qualidade do médico cubano, mas não faz nada contra o grande negócio que se tornaram as faculdades caça-níqueis de Medicina. No Brasil existe um exército de médicos de qualidade pavorosa. Gente que não sabe a diferença entre esôfago e traqueia, como eu já pude bem atestar. Porque tanto temor em relação à qualidade dos estrangeiros e tanta complacência com os brasileiros?
- Em relação este exame de validação do diploma para estrangeiros abro um parêntesis para contar uma situação que presenciei quando ainda era acadêmico de medicina, lá no Hospital do Fundão da UFRJ.
Um rapaz, se não me engano brasileiro, tinha feito seu curso de medicina na Bolívia e havia retornado ao país para exercer sua profissão. Como era de se esperar, o rapaz foi submetido a um exame, que eu acredito ser o Revalida (na época realmente não procurei me informar). O fato é que a prova prática foi na enfermaria que eu estava estagiando e por isso pude acompanhar parte da avaliação. Dois fatos me chamaram a atenção, o primeiro é a grande má vontade dos componentes da banca com o candidato. Não tenho dúvidas que ele já havia sido prejulgado antes da prova ter sido iniciada. Outro fato foi o tipo de perguntas que fizeram. Lembro bem que as perguntas feitas para o rapaz eram bem mais difíceis que aquelas que nos faziam nas nossas provam. Lembro deles terem pedidos informações sobre detalhes anatômicos do pescoço que só interessam a cirurgiões de cabeça e pescoço. O sujeito que vai ser médico de família, não tem que saber todos os nervos e vasos que passam ao lado da laringe e da tireoide. O cara tem que saber tratar diarreia, verminose, hipertensão, diabetes e colesterol alto. Soube dias depois que o rapaz tinha sido reprovado.
Não sei se todas as provas do Revalida são assim, pois só assisti a uma, e mesmo assim parcialmente. Mas é muito estranho os médicos cubanos terem alta taxa de aprovação em Portugal e pouquíssimos passarem no Brasil. Outro número que chama a atenção é o fato de mais de 10% dos médicos em atividade em Portugal serem estrangeiros. Na Inglaterra são 40%. No Brasil esse número é menor que 1%. E vou logo avisando, meu salário aqui não é maior do que dos meus colegas que ficaram no Brasil.
- Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio ululante que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra. Na verdade, o governo até lançou nos últimos anos o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece salários mensais de R$ 8 mil e pontos na progressão de carreira para os médicos que vão para as periferias. O problema é que até hoje só 4 mil médicos aceitaram participar do programa. Não é só salário, faltam condições de trabalho. O que fazemos então? vamos pedir para os mais pobres aguentar mais alguns anos até alguém conseguir transformar o SUS naquilo que todos desejam? Vira lá para a criança com diarreia ou para a mãe grávida sem pré-natal e diz para ela segurar as pontas sem médico, porque os médicos do sul e sudeste do Brasil, que não querem ir para o interior, acham que essa história de trazer médico cubano vai desvalorizar a medicina do Brasil.
- É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barata, e com grandes resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico. Se não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226).
- Com muito menos recursos, a medicina de Cuba dá um banho em resultados na medicina brasileira. É no mínimo uma grande arrogância achar que os médicos cubanos não estão preparados para praticar medicina básica aqui no Brasil. O CFM diz que a medicina de Cuba é de má qualidade, mas não explica por que a saúde dos cubanos, como muito menos recursos tecnológicos e com uma suposta inferioridade qualitativa, tem índices de saúde infinitamente melhores que a do Brasil e semelhantes à avançada medicina americana (dados da OMS).
- Agora, ninguém tem que ir cobrar do médico cubano que ele saiba fazer cirurgia de válvula cardíaca ou que seja mestre em dar laudos de ressonância magnética. Eles não vêm para cá para trabalhar em medicina nuclear ou para fazer hemodiálises nos pacientes. Medicina altamente tecnológica e ultra especializada não diminui mortalidade infantil, não diminui mortalidade materna, não previne verminose, não conscientiza a população em relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de criança, não aumenta cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção. É isso que parece não entrar na cabeça de médicos que são formados para serem superespecialistas, de forma a suprir a necessidade uma medicina privada e altamente tecnológica. Atenção! O governo que trazer médicos para tratar diarreia e desidratação! Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo. Essa população mais pobre não tem o mínimo!
Que venham os médicos cubanos, que eles façam o Revalida, mas que eles sejam avaliados em relação àquilo que se espera deles. Se os médicos ricos do sul maravilha não querem ir para o interior, que continuem lutando por melhores condições de trabalho, que cobrem dos governos em todas as esferas, não só da Federal, melhores condições de carreia, mas que ao menos se sensibilizem com aqueles que não podem esperar anos pela mudança do sistema, e aceitem de bom grado os colegas estrangeiros que se dispõe a vir aqui salvar vidas.
Infelizmente até a classe médica aderiu ao ativismo de Facebook. O cara lê a Veja ou O Globo, se revolta com o governo, vai no Facebook, repete meia dúzia de clichês ou frases feitas e sente que já exerceu sua cidadania. Enquanto isso, a população carente, que nem sabe o que é Facebook morre à mingua, sem atendimento médico brasileiro ou cubano.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sem solução da prefeitura, saúde de BH está em fase terminal

Fernando Zuba e Celso Martins - Hoje em Dia

O ápice da dengue está ficando para trás e já não serve mais como justificativa para explicar a superlotação dos postos de saúde administrados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Com certeza, o poder público encontrará outros fatores para esclarecer o caos instalado no segmento médico-hospitalar da capital, como a greve parcial no setor. Enquanto o problema crônico e recorrente permanece sem solução, evidenciando a incapacidade da administração municipal de gerenciar crises, pacientes de todas as idades agonizam sem atendimento qualificado.

Desde a última quinta-feira, Ana Carolina Aragão, de 30 anos, tenta atendimento médico para os dois filhos dela no Hospital Municipal Odilon Behrens. Os meninos, Matheus Eduardo, de 1 ano e 7 meses, e Ryan Otávio, de 6, sofrem de bronquite e asma, ambas as doenças em estágio agudo.

“Já não sei mais o que fazer, pois, a cada tentativa de atendimento para as crianças, há uma informação diferente para a não prestação do serviço. Os atendentes dizem que a unidade está lotada, que os servidores estão em greve ou ainda que é troca de plantão”, lamentou a mulher que, na terça-feira, mais uma vez, buscava sem sucesso socorro médico para os filhos.

Sem alternativas
Desempregado e desiludido, o motoboy Pedro Márcio Magalhães, de 26 anos, também encontrou dificuldades de atendimento para a filha, uma criança de colo de 1 ano. A menina apresentava quadro avançado de desidratação, febre alta e vômitos consecutivos.

Depois de aguardar por mais de 4 horas por atendimento no Odilon Behrens, ele desistiu. Inconformado, afirmou que cuidaria da filha em casa, com antitérmicos. “Não tenho opção. Estou desempregado e não posso arcar com atendimento particular. Para a Copa do Mundo não falta dinheiro, tem obra para todos os lados. No entanto, a saúde continua abandonada”, desabafou.

Justificativas
Segundo a assessoria de comunicação do Odilon Behrens, a unidade estava superlotada devido à demanda gerada pelas Unidades de Pronto-Atendimento (Upas). Além disso, informou que a greve no setor atingiu 30% do departamento de enfermagem. “Parte da categoria que não aderiu ao movimento está trabalhando em operação tartaruga”, informou a assessoria.

Fonte: HOJE EM DIA

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Mineirão também incompleto

Problemas.Torcedores sofreram com falhas nas cadeiras, bares fechados, falta d’água e engarrafamentos
Mineirão também incompleto
Obras foram iniciadas em 2010 e inauguração foi em dezembro de 2012
JULIANA GONTIJO E PEDRO GROSSI
FOTO: RODRIGO LIMA - 10.4.2013
O principal palco do futebol durante a Copa do Mundo de 2014, o Mineirão, que consumiu investimento de R$ 665 milhões, conforme a Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa-MG), ainda possui problemas.

Entre as queixas dos torcedores no jogo amistoso da seleção brasileira contra o Chile, neste mês, estão os assentos numerados de forma duplicada, que acabaram gerando confusão.

Chegar ao estádio também não foi tarefa das mais fáceis. As vias de acesso registraram engarrafamento, tanto que a seleção precisou trafegar na contramão da avenida Catalão.

E o problema de tráfego no dia de jogos não deve ser resolvido para a Copa das Confederações. Para o diretor-geral do Instituto Horizontes, Hudson Navarro, o BRT (sigla em inglês para Transporte Rápido por Ônibus), deve ser concluído para a Copa do Mundo no trecho da avenida Antônio Carlos ao Mineirão, além da área central. "No ritmo em que está, a incerteza ainda é grande, em especial, para as obras de mobilidade", diz.

Ainda no que se refere ao novo Mineirão, outras dificuldades apontadas pelos torcedores que assistiram o jogo da seleção foram os bares fechados e falta de comida.

O coordenador do curso do Ietec de gestão de projetos, Ítalo Coutinho, observa que o primeiro jogo no Mineirão "repaginado", que foi um clássico entre Cruzeiro e Atlético, em fevereiro, contou com vários problemas básicos como falta d’água e falhas na eletricidade.

O novo Mineirão foi reinaugurado no dia 21 de dezembro de 2012. Conforme a Secopa, as obras da primeira e segunda etapas foram iniciadas no início de 2010 e a terceira etapa, através de Parceria Público Privada com a empresa Minas Arena, em dezembro daquele ano.

BRT não resolve problema da modalidade, só Metrô!

O governo Lacerda está investindo alto na implantação do BRT. A cidade vive o caos no trânsito dia a dia, o governo Lacerda assim como seus antecessores, se curvaram aos interesses dos empresários do transporte rodoviário. Estamos assistindo uma vez mais ao desperdício do dinheiro público; basta contar as vezes que a avenida Cristiano Machado sofreu intervenções, se faz, depois se quebra tudo e faz novamente. Diante disso fica uma pergunta: não seria o caso das empresas que serão beneficias com a implantação das vias somente para seus veículos, participarem também no financiamento dela?
O certo é que fica a certeza que o melhor transporte público de massas é o metrô.

Por Marco Aurélio Rocha


Confederações.Dos 43 novos hotéis previstos para o mundial, apenas 11 ficarão prontos antes de junho
Só 15% de recursos viraram obras completas para a Copa
Prefeitura diz que nem tudo precisa estar pronto para um evento teste

JULIANA GONTIJO E PEDRO GROSSI

FOTO: JOÃO GODINHO - 30.4.2013
No cronograma original, pista de acesso já deveria ter sido transferida para dar lugar a expansão do saguão
 
 Do total de recursos públicos que estão sendo investidos em Belo Horizonte para as obras de mobilidade visando à Copa do Mundo, apenas 15% já terão se revertido em obras que serão plenamente utilizadas pela população até junho, quando acontece a Copa das Confederações, evento teste para o mundial.

Dos cerca de R$ 1,35 bilhão, de fontes federais, estaduais e municipais, que estão financiando as intervenções viárias e o BRT (Transporte Rápido por Ônibus), apenas a obra do Boulevard Arrudas, com custo de R$ 213 milhões, ficará pronta para o evento, que começa em menos de 40 dias.

O atraso, que não estava previsto no cronograma original da prefeitura, não é visto como problema pelo secretário municipal extraordinário para a Copa do Mundo, Camillo Fraga Reis. "Cidades em obras são comuns no ambiente da Copa das Confederações. Aconteceu na Alemanha e na África do Sul", afirma. "Segundo dados que levantamos com a Fifa, 90% dos ingressos foram comprados por pessoas da cidade ou do próprio Estado. É um evento-teste e nem tudo precisa estar pronto", justifica.

Dos 43 novos hotéis previstos para serem construídos na capital para a Copa do Mundo, apenas 11 ficarão prontos para a Copa das Confederações, com a inclusão de pouco mais de 3.800 novos leitos.

Embora seja pequeno o número de turistas esperados para o evento, Belo Horizonte vai receber milhares de jornalistas estrangeiros, já que a cidade será a central de transmissões do evento. Pela Lei da Copa, aprovada em 2010, os hotéis que se beneficiaram de incentivos legais para serem construídos na capital precisam ficar prontos até dia 30 de março de 2014, sob risco de pagamento de multas.

Maquiagem. Para o coordenador do curso de gestão de projetos de construção e montagem do Ietec, Ítalo Coutinho, a Copa das Confederações, que acontece em junho, será pautada por ações paliativas. "É a maquiagem para resolver momentaneamente o problema. Vamos fazer o mínimo", diz. Ele afirma que há mais erros do que acertos na preparação da capital para as Copas. "O que percebo é que falta unicidade de gerenciamento para o evento. Como o país não recebe uma Copa há 63 anos, dimensionou-se mal. Agora, se nada for feito, do jeito que está, vamos fazer uma Copa simplória", observa.

Ele ressalta que os erros não estão apenas no que se refere ao atraso das obras, mas também nos gastos. "Os orçamentos acabam estourando. Ficam acima do que foi previsto inicialmente".
O coordenador da área de Transporte e Trânsito da Universidade Fumec, Márcio José de Aguiar, atribui os atrasos a falta de planejamento e a disputas políticas.

O especialista afirma que as obras, em especial as de mobilidade urbana, esbarraram na demora das desapropriações e do repasse de recursos, mas acima de tudo nas disputas políticas.

Segundo ele, o BRT é um modal complementar a um sistema de grande capacidade e que tem uma área de abrangência limitada. "O monotrilho talvez fosse a melhor opção", opina.
Confins
Após 19 meses, apenas 1/4 da obra sai do papel
As obras de ampliação e modernização do Terminal 1 do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) começaram em setembro de 2011, com a promessa de ficar pronta em dezembro de 2013. A ideia era adiantar o máximo possível até a Copa das Confederações, mas, a um mês do evento, apenas 25% estão concluídos, segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero).

Em meados do ano passado, a Infraero teve que substituir a empresa responsável pela elaboração dos projetos executivos, por descumprimento do prazo. O cronograma teve que ser revisado três vezes no ano passado. A construtora Marquise/Normatel chegou a ameaçar paralisar as obras, em novembro. Após reuniões com Infraero e Secretaria da Aviação Civil (SAC), o prazo foi revisto. Só que a obra ficou mais cara. Foi preciso assinar um aditivo de R$ 700 mil no contrato de R$ 223,9 milhões, aumento de 3%.

Até o Tribunal Contas da União (TCU) chegou a publicar um acórdão alertando a Infraero sobre o atraso na ampliação do Terminal, em agosto de 2012.

Terminal 3. Outra promessa que não ficará pronta para a Copa das Confederações é o Terminal 3. A ideia da Infraero era construir outro terminal que ampliaria a capacidade anual de passageiros em mais 4,8 milhões.

A estatal até tentou licitar duas vezes, mas ninguém quis receber o valor que ela queria pagar. Depois que o governo federal autorizou a concessão de Confins, a Infraero optou por fazer um terminal menor, e deixar a decisão do que fazer depois com a iniciativa privada. A licitação desse "puxadinho" está marcada para hoje. (Queila Ariadne)
4G
Nas ruas, mas não nos estádios
As seis cidades-sede da 9ª edição da Copa das Confederações já têm celular 4G por exigência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). E as sedes e subsedes da Copa do Mundo devem receber a nova tecnologia até o fim deste ano. "Casamos o cronograma com os eventos esportivos para não perder a oportunidade, mas a intenção é deixar um serviço de mais qualidade para o consumidor", disse o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, durante o lançamento do 4G da Vivo na semana passada.

Agora, as operadoras correm contra o tempo para levar as antenas também ao interior dos estádios. Se vai efetivamente funcionar para todos, o especialista Ítalo Coutinho tem suas dúvidas. "Existe a questão do padrão que será usado". (Ana Paula Pedrosa)
 Fonte: O TEMPO

Relações entre Venezuela e EUA deterioram-se com rapidez após declarações de Obama

O Presidente da República da Venezuela, Nicolas Maduro, alertou ao povo deste país sobre a necessidade de “ativamente defender a pátria”, após as reivindicações intervencionista do governo dos EUA, condensadas nas declarações do presidente norte-americano, Barack Obama.
– Eu chamo as pessoas, organizações políticas, colegas de todos os partidos e movimentos políticos da revolução, movimentos sociais, o Grande Pólo Patriótico, os conselhos comunais: ir para uma mobilização em massa nas ruas, todos os as pessoas vão, de mobilizar em todas as capitais. A Venezuela será respeitada – disse ele.
O chanceler Elias Jaua tabém leu um comunicado em que garante:
“O presidente Obama, ao incentivar o surgimento de um Pinochet na Venezuela, terá que assumir a responsabilidade perante a história. Sabemos como levar e defender nossa paz e independência na pátria de Bolívar”.
Em uma entrevista nesta sexta-feira, à jornalista Maria Elena Salinas, do canal de TV Univision, durante sua visita ao México, perguntado se os EUA “reconhecem Nicolas Maduro como o presidente legítimo da Venezuela”, Obama respondeu:
– O hemisfério inteiro viu a violência, os protestos, a situação com a oposição. Nossa percepção é de que o povo da Venezuela quer eleger seus dirigentes em eleições legítimas. E nosso foco no hemisfério não é ideológica. Isso remonta à Guerra Fria. Ele é baseado na noção de princípios fundamentais dos direitos humanos, a democracia, a liberdade de imprensa, liberdade de reunião. Isso está sendo esta cumprido, sendo respeitado? Há relatos de que não estão sendo respeitados, após as eleições. E eu acho que a nossa única preocupação neste momento é garantir que o povo da Venezuela possa determinar o seu próprio destino, livre do tipo de práticas que todo o hemisfério foi se afastando. Uma das maiores histórias de progresso que temos visto na América Central e do Sul, e está enraizada na grande mudança para a democracia, a liberdade. Você vê aqui no México, onde houve uma transição pacífica de um partido para outro, após as eleições, vimos na Colômbia, Chile, Peru. Acho que o que o povo da Venezuela querem a mesma.
Obama também interveio para defender Timothy Tracy Hallet, indivíduo norte-americano preso em 25 de abril , acusado de ser um agente da inteligência que atuou ao lado de seguidores da ultra-direita na Operação Soberania para incentivar os motins de 15 de abril, no qual morreram nove pessoas, uma delas queimada viva por apoiadores do candidato derrotado Henrique Capriles.
– A noção de que essa pessoa seria uma espécie de espião é ridícula (…) temos visto ocasionalmente fora da Venezuela este tipo de retórica. O cidadão dos EUA que está aparentemente preso, será tratado como qualquer norte-americano que se mete em uma espécie de emaranhado legal em um país estrangeiro – disse Obama, em declarações feitas na Costa Rica, pouco antes do final de um mini tour do presidente dos EUA pela América Latina.
Os discurso de Obama no México e na Costa Rica, sobre a Venezuela está levando a uma rápida deterioração das relações bilaterais.
“O presidente Obama e suas declarações não ajudam a melhorar as relações bilaterais. Pelo contrário, leva a uma maior deterioração que só confirmar ao mundo a política de agressão que você e seu governo realizou contra a nossa nação”, disse o comunicado.

Fonte: CORREIO DO BRASIL

quinta-feira, 2 de maio de 2013

1º de Maio: falta um palanque para discutir o Brasil


A dificuldade conservadora de chegar ao eleitor popular é um dado real que explica a composição postiça de alguns palanques desse 1º de Maio.

Bem cotados entre as elites e os endinheirados, com robusta veiculação na mídia e forte ancoragem no judiciário, os presidenciáveis do campo conservador ainda assim rastejam.

Falta-lhes o essencial: identidade popular.

Ressentem-se de um percurso histórico que os conduza ao coração do povo com a naturalidade com que Lula o frequenta e compartilha com seus parceiros.

Sem esse passaporte, as urnas ameaçam frustrar novamente seus planos de poder em 2014.

Na impossibilidade de simular o lado da história que não é o seu, buscam a bala de prata redentora nas falhas reais ou impingidas ao governo.

Não tem sido mais felizes aí.

A inflação dos alimentos sustentou a ‘ola’ conservadora em direção ao voto popular nas últimas semanas.

Murchou.

A mídia dissimula, mas os preços no atacado recuam.

A oscilação do índice da FGV, em abril, foi de apenas 0,15%.

No caso dos preços ao consumidor (IPCA) houve deflação de 0,12% no mês.

As commodities despencam no mercado mundial.

Nada disso rendeu a mísera equivalência de uma das muitas manchetes destinadas ao tomate que agora perdeu seu tempero eleitoral.

Outra ponte ‘popular’ , a do apagão, precipitaria escaladas ansiosas em fevereiro.

Tudo arrastado pelos aguaceiros de março.

O Brasil não terá dificuldades de suprimento elétrico em 2013 ou em 2014.

Mas o país está longe de ser o palco iluminado das virtudes douradas.

O longo parto de um novo ciclo de investimento ilustra as fragilidades de um Estado feito para não funcionar.

Engessado pelo desmonte neoliberal, persistiu erroneamente assim.

Enredado em um cipoal de interditos, recursos suspensivos, manobras de bastidores e agencias reguladoras inoperantes.

O conjunto triplica o tempo e o custo necessários ao tijolo assentado na obra pública.

Nessa arapuca, o Estado quando cede é cúmplice. Se não cede é inoperante.

O conservadorismo pouco ou nada tem a acrescentar nesse quesito também.

Ainda fresca na memória nacional, o que ele produziu nesse campo revelou-se um desastre de proporções ferroviárias.

Não é só uma metáfora.

Cerca de 2/3 dos 28 mil km de trilhos federais foram sucateados e pilhados no ciclo tucano de privatizações da logística brasileira.

O dado é do Tribunal de Contas da União.

Neste 1º de Maio, Paulinho, da Força, lustra uma nova bala reluzente: arrenda aos presidenciáveis Aécio e Campos a bandeira da restauração do ‘gatilho salarial’ .

Um artefato com calibre sob medida para reavivar a brasa da inflação cadente.

Convenhamos, algo impróprio a quem vive de acusar o PT de populismo.

A dificuldade conservadora de erguer pontes com o voto popular explica a tensão política respingada na guerrilha cotidiana do noticiário.

Busca-se, a todo custo, saltar uma barreira superior a 19 milhões de empregos gerados nos últimos 12 anos.

Um aumento real de poder de compra do salário mínimo da ordem de 70%.

O crescimento ininterrupto da renda familiar, inclusive e sobretudo, no apogeu da crise internacional.

Um avanço da renda domiciliar maior que o do próprio PIB, graças às transferências dos programas sociais.

E o reconhecimento– pelo FMI—de que o Brasil foi o líder mundial na redução do desemprego, em pleno colapso da ordem neoliberal, desde 2008.

Estorvo a ser exterminado com um choque de juros é tudo o que os professores banqueiros e os cofres simpatizantes de Aécio & Campos tem a dizer sobre esse legado.

A dificuldade conservadora em dialogar com esses fatos sobrecarrega o único trunfo que pode chamar verdadeiramente de seu.

Ou seja, a difusão diuturna da ideia de que o Brasil não vai dar certo, enquanto for governado pelas forças progressistas.

Em rota de colisão com a vivência de milhões de brasileiros, a estratégia da saturação busca corroer a supremacia dos fatos sobre as ideias.

Os fatos continuam a caminhar à frente das ideias.

Foi nisso que o PT apostou ao adotar a resignação enervante diante de uma estrutura de comunicação que sempre lhe foi hostil.

O dado novo é que talvez esse pragmatismo tenha se tornado ele próprio um pedaço do idealismo que sempre desdenhou.

Um ciclo de reordenação do desenvolvimento brasileiro se esgotou.

Exatamente porque foi bem sucedido, diga-se.

A expansão do poder de compra popular e a geração de milhões de empregos cobram agora a contrapartida de investimentos pesados, que os consolidem e ampliem o espaço da cidadania na vida nacional.

Escolhas e prioridades terão que ser pactuadas.

Rupturas e concessões são inevitáveis.

Queremos ter indústria? A que custo, com que ganhos?

O sistema público de saúde pode ir além, com os remendos e o esforço de gestão (mais com menos...)?

Ou será necessário, definitivamente, criar uma contribuição fiscal sobre o bolso endinheirado para dotá-lo da qualidade hoje indistinguível no horizonte de uma geração?

O consumismo é o ‘centro da meta’ de tudo o que queremos como convergência social propiciada pelo desenvolvimento?

Como ir além dele com a supremacia da semi-informação, da semicultura e da semidignidade marteladas insistentemente pelas concessionárias do sistema audiovisual brasileiro?

Como assegurar aos brasileiros uma formação que extrapole o adestramento pedestre vendido pelos gigantescos aparelhos de negócios que tomam de assalto o sistema educacional?

A produção de novos fatos do desenvolvimento não pode prescindir mais do debate de toda a sociedade sobre o país que queremos construir no século 21.

Não se trata de paralisar o Brasil para a formação de grupos de estudo .

Mas talvez não se possa mais avançar sem romper os limites de um sistema de comunicação que se notabiliza justamente por interditar o debate e demonizar as soluções requeridas ao passo seguinte da história brasileira.

O reconhecimento de que a coalizão derrotada em 2002, 2006 e 2010 é desprovida de um projeto crível de país nesse momento, não deve cevar a barriga da soberba no balcão do comodismo.

Os sinais de saturação de um ciclo já não partem apenas da economia.

A hipertrofia do judiciário dispara sucessivas sirenes de alerta.

Os conflitos e contradições do desenvolvimento já não encontram solução satisfatória nos trâmites e no timming no qual se arrastam a perder de vista.

Ou o país abre novos canais para o debate ecumênico e democrático de seus desafios, ou a vida política será assoalhada por impasses dissolventes.

A eles, o arbítrio enviesado do STF responderá como um bunker de última instância da ordem conservadora.

O IVC informa que em 2012 a visitação aos sites de conteúdo informativo explodiu no país: cresceu 39%. Já soma 25 milhões de visitantes/mês.

Evitar que essa enorme caixa de ressonância se reduza a uma réplica do que já existe impresso seria um primeiro passo encorajador na garantia de espaços ecumênicos para debater o futuro.

Esses temas talvez estejam ausentes dos palanques do Dia 1º de Maio.

Mas talvez sejam mais pertinentes aos trabalhadores do que os aplausos de encomenda a candidatos que condensam interesses imiscíveis com o significado da data.

Postado por Saul Leblon às 05:50