quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Em defesa de Santa Tereza

Por Roberto Carvalho

Amigos, muita coisa tem acontecido em nossa cidade, resolvi,então,dizer o que penso sobre isso. Hoje sobre Santa Tereza:
Há alguns anos, tenho a honra de ser morador do nosso Santa Tereza e há muitos anos, espiritual e culturalmente, já faço parte do dia-a-dia da comunidade, que é, como nenhum outro lugar, a cara e o coração de BH.



Em todas as grandes cidades do mundo, o conflito entre o falso progresso e a preservação dos valores humanos e urbanísticos sempre se fez presente. Na nossa BH, infelizmente, não poderia ser diferente. A cidade cresceu, viu seu centro histórico perder identidade, ser esvaziado, seus bairros mais marcantes serem engolidos pela especulação imobiliária, e pouco se preservou. Santa Tereza do Morro dos Piolhos resistiu, lutou e manteve viva sua cultura, sua gente, suas casas e seus valores.

Quando se fala em BH, o mundo todo reverencia a música, o teatro, o Clube da Esquina, os escritores, os artistas, as serestas, a gastronomia, os botecos inigualáveis. Dessa forma, diretamente reverencia o tradicionalíssimo bairro de Santa Tereza, lugar do encontro de tudo isso, da cultura e da convivência.

No momento em que a especulação imobiliária tentou subir os arranha-céus, o bairro todo se levantou e disse um sonoro “não”. Exemplo para BH, o local conquistou na luta, na mobilização, na conscientização, a lei de Área de Diretrizes Especiais (ADE). Isto é o que poderíamos chamar de uma lei imexível. Não podemos admitir nenhuma alteração ou sequer discussão. Conhecemos esta história: faz-se uma concessão para depois mudarem o todo. E, atualmente, existe esse perigo real no projeto proposto para a utilização do Mercado Distrital do bairro.
Quando fui vice-prefeito, no mandato anterior, defendi a revitalização do Mercado Distrital de Santa Tereza, que, propositalmente, foi abandonado e sucateado. Defendi e defendo que seja transformado numa Escola de Gastronomia: o melhor do Mercado Central, dos botecos do bairro, além de espaço cultural. Uma síntese, portanto, de Santa Tereza. Coloquei publicamente esta proposta e posição.

Infelizmente, a parte da administração que detém a palavra final preferiu deixar o Mercado completamente abandonado. O que a população democraticamente decidiu não foi respeitado pela administração municipal. Uma escola terceirizada para a indústria automobilística não corresponde e não coaduna com a vocação de Santa Tereza, que é, fundamentalmente, cultural e gastronômica. Estaríamos, aliás, perdendo mais uma espaço público privilegiado, como perdemos absurdamente o Mercado Distrital da Barroca, em plena Av. do Contorno, que se tornará um hospital particular. Além disso, essa escola, que pode perfeitamente ocupar outros locais já terceirizados na cidade, seria frequentada por quatro mil alunos, o que interferiria sobremaneira em todo o fluxo do bairro, que, certamente, não suporta tal movimento diário. Ou seja, abrir-se-ia a famigerada brecha para a construção de grandes prédios, imensas avenidas e a consequente total descaracterização do local. 

Mais uma vez, é hora de unirmos todos os segmentos, todos os movimentos, todos os que honrosamente fizeram e fazem a história do nosso bairro, que é de toda a cidade. Uma administração municipal existe para respeitar e fazer o que a comunidade decide e quer. A gastronomia e cultura são como o pulsar e o cantar de Santa Tereza.

Como morador e cidadão belo-horizontino, coloco-me ao lado de todos os que não aceitam que se passe por cima da história e dos moradores.

Não aceitemos que se mude, de forma alguma, a ADE, pois ela é uma conquista irreversível.
Santa Tereza é história viva, patrimônio e referência para toda BH.



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Lançamento candidatura Arco Verde a presidente do PT BH




Nesta quinta-feira, 17 de outubro, foi o lançamento da candidatura do companheiro Geraldo Arco Verde para a presidência do PT BH. Arco Verde é apoiado pela chapa Novos Junhos Virão - 630 do qual somos componentes.



A história de Arco Verde se confunde com a do PT. Sindicalista, atuante desde a juventude na igreja católica, fundador do Partido, ser humano solidário e firme em suas convicções socialistas. E talvez, o mais importante para a militância do século XXI, um camarada aglutinador. Por todas estas qualidades construídas coletivamente nesta trajetória, é que colocamos a disposição da militância de Belo Horizonte um dos seus quadros mais preparados, que uniu diversas correntes, sindicalistas, lutadores em diversas frentes e setores partidários em um projeto de um PT militante, socialista e intimamente vinculado aos movimentos sociais.

Para a garantia de um PT forte, democrático, participativo e socialista, em Belo Horizonte é ARCO VERDE - PRESIDENTE - 530



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Dengue em BH assusta com lixo, ratos, entulhos e porcos!



Em Belo Horizonte, a regional Noroeste é a que concentra os maiores problemas com a dengue. 

O lixo, entulhos e ratos são as dores de cabeça dos moradores de bairros da região do Pindorama, Glória, Dom Bosco, Ipanema Alvaro Camargo e Califórnia.

Como se não bastassem todos estes problemas, moradores dos bairros Califórnia, Alvaro Camargo e Dom Bosco têm que conviver com a criação de porcos pelas vias públicas. A Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria de Administração Regional Noroeste, apesar de todas as denúncias feitas pela população, diz que não pode fazer nada!

Agora o Ministério Público propõe ação contra a PBH, esperamos que estes fatos sejam incluídos na ação proposta. veja matéria do jornal HOJE EM DIA abaixo.




Falta de políticas públicas no combate à dengue leva MPMG a propor ação contra PBH



Foto: Eugenio Moraes

Foto: Wesley RodriguES

Pneus e latas jogados em lote vago são prato cheio para o avanço da doença;
prevenção é fundamental


Em virtude da falta de implementação de políticas públicas efetivas de combate à referida doença na capital, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde de Belo Horizonte, propôs nesta quinta-feira (17), uma ação Civil Pública contra o município de Belo Horizonte. A intenção é demonstrar o grande surto epidêmico da dengue, observado nos anos de 2012 e 2013.

Segundo o MPMG, o objetivo é viabilizar, por meio judicial, a implementação de políticas públicas de saúde capazes de evitar novo surto da doença e garantir, dessa forma, direito à saúde de toda a população do município.

Entre outros pedidos feitos à Justiça, o MPMG solicitou o deferimento de medida liminar, para determinar que o município, em 15 dias, apresente: 1) planejamento de incremento da quantidade de agentes de combate à endemias (ACEs) na capital e de capacitação desses agentes, especificamente para atuação contínua em ações preventivas de combate à dengue; 2) planejamento de incremento da quantidade de ACEs para realização de programas de educação continuada junto à população, em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação; 3) edital para realização de processo seletivo simplificado e/ou concurso público para fins de contratação/nomeação de ACEs, conforme preconiza o artigo 9º, da Lei Federal nº 11.350/2006; 4) planejamento de incremento do número de pessoal administrativo lotado nos Serviços de Zoonoses de cada um dos nove distritos sanitários de BH; 5) planejamento de incremento da quantidade de fiscais da vigilância sanitária para acompanhar o trabalho de campo dos ACEs; 6) planejamento de investimentos de todos os recursos financeiros para a subfunção Vigilância Epidemiológica (contida no Programa Vigilância em Saúde e na Ação Vigilância em Saúde).

Investigação

De acordo com o promotor de Justiça Nélio Costa Dutra Júnior, foram instaurados um procedimento administrativo e um inquérito civil a fim de acompanhar, respectivamente, as ações de controle epidemiológico e de vigilância à saúde afetas à dengue, bem como as medidas adotadas para enfrentamento da epidemia de dengue em Belo Horizonte.

Como controle da doença, o município informa que realiza, desde 1996, ações de controle e combate à proliferação da dengue, tais como monitoramento vetorial (pesquisa larvária e utilização de armadilhas artificiais – ovitrampas – para identificar a oviposição da fêmea do mosquito Aedes aegypti) e controle do vetor, com ações voltadas ao tratamento focal, perifocal, bloqueio de transmissão e ações intersetoriais. Porém, de acordo com o MPMG, somente em 2007, na região de Venda Nova, foram registrados mais de 27 mil focos de dengue.

Solicitado a se manifestar sobre a quantidade de focos de dengue registrada em Venda Nova, o município de Belo Horizonte informou quais foram as medidas de controle do mosquito Aedes aegypti naquela região. Em Venda Nova foram confirmados 536 casos de dengue, com taxa de incidência de aproximadamente 219 casos a cada 100 mil habitantes. Ainda de acordo com o município de BH, em 2008 foram registrados 12.607 casos de dengue clássico, 44 casos de dengue com complicações e 13 de dengue hemorrágica.


Nos anos de 2009 e 2010, o MPMG realizou outras diligências, no sentido de se apurar o número de casos de dengue na capital e quais as medidas de combate seriam procedidas. Dados fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde confirmaram que até 26 de julho de 2010, BH já havia registrado 46.610 casos de dengue, sendo deste total, 181 com complicações e 28 de dengue hemorrágica. Além disso, contabilizou-se 11 óbitos decorrentes da referida doença, tendo havido um aumento de 271% dos casos confirmados do ano de 2009 para o ano de 2010, no mesmo período avaliado.


Fonte: HOJE EM DIA

Pomar: Mudar o PT depende do seu voto e seu engajamento


O PT precisa de direções que defendam as posições socialistas do partido, lutem pelas reformas estruturais que defendemos na sociedade brasileira (Reforma Política, Lei da Mídia Democrática, Reforma Tributária, Agrária, Urbana, 40 horas semanais, mais investimentos em saúde e educação), respeitem as decisões construídas coletivamente, comprometam-se com as pautas de lutas dos movimentos sociais e que aceitem o desafio de realizar as mudanças necessárias para tornar o partido financeiramente autônomo, com formação, comunicação e com funcionamento permanente.
É assim que Valter Pomar 120, candidato pela Chapa A Esperança é Vermelha 220 a presidente nacional do PT, compreende o papel da presidência e do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores.
Para Pomar, é preciso que “as posições da esquerda partidária precisam estar presentes e influenciando as direções que compõem o partido, em todos os níveis”, defende o petista.
Essas e outras reflexões você podem encontrar no texto Mudar o PT depende do seu voto e seu engajamento!!!, publicado por Valter Pomar em seu blog pessoal.

sábado, 12 de outubro de 2013

Espuma

André Singer

A principal virtude da decisão de Marina Silva de se filiar ao PSB foi a de ser inesperada. Ao fazer o surpreendente lance, a ex-senadora, que já vinha ocupando o centro da cena com o registro da Rede, continuou a dominar o noticiário. Mas, passado o efeito surpresa, o que restará?

O aspecto engenhoso da solução encontrada por Marina para o impasse em que se encontrava foi que, quando todos esperavam uma definição, manteve o suspense.
Registrando-se em agremiação que já tem candidato, ela não precisa definir agora se vai concorrer. Mais ainda: declarando apoio, em princípio, a Eduardo Campos, protege-se da acusação de ter aderido ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) só para se candidatar, o que estaria em flagrante contradição com a proposta de renovar os costumes políticos nacionais.

O pequeno, mas óbvio, detalhe que torna a construção pouco crível é que, para apoiar Campos, a líder da Rede não precisava ter se filiado ao PSB, bastando indicá-lo como postulante preferido à sucessão de Dilma Rousseff. A matrícula só existe para deixar aberta a possibilidade de ser ela mesma candidata. Para tanto, Marina arriscou a própria razão de ser do importante movimento renovador que dirige, o qual já começa em fusão com uma legenda tradicional.

Eduardo funciona como biombo ideal para a candidatura de Marina, deixando-a em uma conveniente redoma até que as massas de classe média, na forma das pesquisas de intenção de votos, exijam que assuma, no primeiro semestre de 2014, a cabeça da chapa para "salvar o Brasil". Por que, então, teria o matreiro governador de Pernambuco aceito o negócio?

O pernambucano deve ter avaliado que o risco valia a pena. Afinal, a jogada de Marina também o projeta ao primeiro plano dos meios de comunicação. Ainda pouco conhecido fora do seu Estado, o neto de Arraes precisa de exposição. Afora isso, com o respaldo da Rede, ele penetra em um eleitorado que, além de ser nacionalizado, é jovem, o que lhe garante longo futuro.

Chegado o momento de decidir, se verá o que acontece, terá pensado Campos --que, por ser também jovem, pode-se dar ao luxo das experiências. Até a de ser vice em 2014.
Com o objetivo de salvar a cara de seu partido, do qual ainda se espera uma contribuição consistente ao Brasil, Marina insiste em que a união é programática. Mas nem ela nem Campos são capazes de enunciar uma linha sequer do programa comum, pela simples razão de que ele não existe.

Quando a espuma baixar, vão aparecer apenas dois candidatos, coabitando uma única sigla. Mas, até lá, terão sido, ambos, personagens de longa e proveitosa novela.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Confraria semanal é duplamente punida por ocupação de calçada no Santa Tereza

Realmente a lei deve ser sempre cumprida. Será que há limites para as leis? Aonde fica o bom senso? Se as pessoas não podem se reunir em frente às suas residências para bater um “dedo de prosa”, que isso fere o Código de Posturas Municipal, então ele definitivamente não serve para a cidade, temos que mudá-lo!
Quando se há o interesse do capital, muda-se a toda hora o Código de Posturas. Lembram-se do Hilton Rocha? muda-se o Código para adequar aos interesses dos poderosos. Querem aumentar o potencial construtivo? Querem construir uma Torre em Santa Tereza? Muda-se o Código de Posturas.
E a fiscalização da cidade e do código? Quando pedimos fiscalização a prefeitura costuma alegar o número reduzido de fiscais para toda a cidade; mas para este evento teve? e dois? Muito esquisito.
Igrejas se proliferam pela cidade, cada esquina tem uma com aparelhos de som no último volume! Não tem fiscalização.
Bares espalham cadeiras sem deixar espaço para os pedestres! Não tem fiscalização.
Há locais que se o cidadão estiver caminhando na calçada com sua família, mulher ou filho, tem que mudar de lado da via para não ouvir as gracinhas daqueles que ocupam indiscriminadamente as portas de bares com cadeiras, gritarias e algazarras!
São os novos valores desta sociedade consumista, individualista e amoral!

Por Marco Aurélio

Confraria semanal é duplamente punida por ocupação de calçada no Santa Tereza


Arnaldo Viana

Lincoln Duarte Tertuliano, fundador da confraria, mostra as notificações

A crônica de ontem do compositor e escritor Fernando Brant, contracapa do caderno EM Cultura deste jornal, reverencia os 25 anos da Constituição, resgate dos direitos civis usurpados pelo golpe militar de 1964. Na noite de segunda-feira, provavelmente no momento em que o artista e cronista tecia o elegante e oportuno texto, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Administração Regional Leste, dava uma facada numa das mais louváveis intenções de liberdade, igualdade e fraternidade, exatamente no coração do Bairro Santa Tereza, reduto de Brant e de seus companheiros do Clube da Esquina.

A PBH, numa ação ríspida e inesperada de fiscais, multou a inocente Confraria São Gonçalo, a alegria da Rua Norita, formada por pessoas da chamada terceira idade, que se reúnem uma vez por semana em confraternização, para, ao som de flauta, violão e pandeiro, cantar velhas canções de seresta e, acima de tudo, conviver, investir na autoestima e espantar a solidão e os sintomas da depressão. Motivo da multa? Os confrades instalam cadeiras e pequenas mesas na lateral da calçada. , sem atrapalhar a passagem de pedestres, mesmo porque a rua, de um só quarteirião não é movimentada. Duas multas aplicadas em um intervalo de apenas cinco minutos, por fiscais diferentes.

A canetada municipal cortou os corações de Lincoln, Déa, Arlene, Juca, Pedro, Nair, Luiz, José, Léo, Antônio, Eloísa, Milton, Gracinha, Elaine, Adonides, Lídia, Roberto e os demais assíduos frequentadores do encontro semanal diante da casa de número 9, a maioria moradora da própria Norita. “Só pode ser intriga, inveja, porque ninguém nunca reclamou das nossas reuniões. Pelo contrário, as pessoas participam”, diz Lincoln Tertuliano, dono do imóvel. Ele e a mulher, Déa, são a razão da existência da confraria, que recebeu o nome do santo padroeiro dos violeiros.

Quando se mudaram para o bairro, Lincoln e Déa, aposentados, montaram uma copiadora na garagem de casa. O contato com os clientes amenizava a solidão do casal. O negócio não foi adiante e logo depois ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Nos fins de tarde, eles se sentavam diante da casa, para, pelo menos, cumprimentar os passantes e ganhar um dedo de prosa de alguém menos apressado. Deu certo. Os vizinhos foram se aproximando, se conhecendo e um deles sugeriu uma reunião semanal, com canções românticas, violões, comida e bebidas leves para mudar a rotina da rua. E nasceu a confraria. A sede é a garagem de Lincoln.

NÃO É BAR
Cartaz afixado a lado da porta da garagem, avisa: “Aqui não é bar, é confraria”. Os confrades levam os tira-gostos, refrigerantes e cerveja. Em cada reunião, um convidado especial, geralmente ligado à música. Nas paredes, fotos dos ilustres visitantes em poses com os confrades. Isso não sensibilizou a PBH. Segunda-feira, fiscais ficaram de tocaia esperando a turma chegar. E às 19h30 um deles entregou a Lincoln a notificação e o auto de infração (R$ 596,23, mesas e cadeiras no passeio); às 19h35, o segundo agente passou ao dono da casa outros autos (R$ 834,32, mesas e cadeiras em via pública). A Associação dos Amigos do Bairro Santa Tereza informa que vai conversar com o secretário regional.

“Os fiscais pediram alvará. Como não se trata de festa nem de comércio, respondi que não. E entregaram as multas, que já vieram preenchidas. Não as assinei, recolhi as cadeiras e continuamos o encontro na garagem. Aí, o fiscal disse que até para reunião dentro de casa é preciso alvará”, afirma Lincoln, ao lado dos olhos tristes de Déa.

Para multar, a PBH se baseia no Código de Posturas. “Não entendi, pois o que importa aqui é a igualdade, o desejo de ser feliz, sem bebedeira, sem algazarra”, diz Arlene, lembrando que a confraria não usa aparelhos de som e as reuniões não passam das 22h. Mas a Regional Leste alega que houve reclamação de moradores. Que pena, Fernando Brant: abaixo da Constituição há as leis municipais e suas interpretações. E há também quem não goste de ver gente feliz.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Giap, o homem que humilhou dois Impérios

Por Xavier Monthéard, no Le Monde Diplomatique | Tradução: Antonio Martins

Morre no Vietnã, aos 102 anos, gênio militar responsável por arrasar 
“mito da invencível superioridade dos Estados Unidos”


Do nada, ele fez um exército; de um enfrentamento local, um símbolo da resistência à iniquidade. Ele venceu os franceses da batalha de Diên Biên Phu, em 1954, e depois arrasou os norte-americanos, com a Ofensiva do Tet, em 1968. Um David que triunfou sobre diversos Golias: assim se inscreve o general Vo Nguyen Giap na história do Vietnã.
Giap nasceu em 25 de agosto de 1911, em Annan, protetorado da Indochina francesa. Foi criado por sua família numa atmosfera de orgulho pela dominação estrangeira. No colégio de Hue, a leitura do Processo da Colonização Francesa, de Ho Chi Mihn, transtorna-o. A ganância dos colonizadores, seu desprezo pela população local e sua brutalidade provocam, em 1930, um vasto levante, duramente reprimido. Instruído pela prisão, Giap terá, a partir de então, vida dupla.
Forma-se em 1934, torna-se professor, casa-se. Ao mesmo tempo, ingressa no Partido Comunista, clandestino. As bases do Vietminh, uma estrutura operária e camponesa ligada à Internacional Comunista, estão superadas. Na China, Giap recebe, em 1940, orientação de formar um exército de libertação. Tem trinta anos, seu futuro transforma-se. A partir de então, três décadas de combate – pela independência, em setembro de 1945; contra o ocupação francesa da Indochina, até 1954; contra os invasores norte-americanos, expulsos em 1975 – serão marcadas por seu gênio militar.
Sem formação militar acadêmica, Giap refina o conceito de “guerra popular prolongada”: um exército de camponeses firmemente apoiado na população. Suas tropas souberam ser respeitadas nos vilarejos por sua abnegação, que contrastava com a arrogância francesa e norte-americana. Em contrapartida, os civis ajudavam os soldados e tornaram possíveis proezas logísticas. Basta vislumbrar as dificuldades do cerco de Diên Biên Phu: durante 55 dias, jangadas e bicicletas, que se esgueiravam pelas trilhas da floresta, abasteceram de alimentos e munições um exército sob chuva de bombas e napalm.
Para Giap, a guerra revolucionária comportava três fases: a defesa estratégica, a guerrilha e a contra-ofensiva. Ele foi insuperável nas duas primeiras, mas se mostrava às vezes impaciente, nas operações de grande amplitude. Soube, porém, transformar uma derrota tática, como a de Têt, numa vitória política: a opinião pública norte-americana tremeu, quando descobriu a onipresença dos “Vietcongs”.
Afrontado por uma lógica de aniquilação, Giap desenvolveu uma estratégia que fez voar em pedaços o que ele chamava de “mito da insuperável potência das tropas norte-americanas”. Segundo um de seus biógrafos, Cecil B. Currey, Giap foi “talvez o único gênio militar do século 20 e um dos maiores de todos os tempos” – porque “desencadeou uma batalha contra seus inimigos a partir de uma situação de grande fraqueza, começando quase sem tropas, porém capaz de vencer sucessivamente os vestígios do império japonês, os exércitos da França (à época segundo império colonial) e os Estados Unidos, então uma das duas superpotências do mundo”

Segue nota do PT sobre a morte de Giap

Nota do Partido dos Trabalhadores

Quando visitou o Vietnã, ainda como ministra e acompanhando o então presidente Lula, a presidenta Dilma Rousseff pediu para encontrar pessoalmente o general Giap, a quem classificou como um herói para todos e todas da geração que lutou contra a ditadura militar.
É a este herói do povo do Vietnã, comandante das batalhas de Dien Bien Phu e do Tet, companheiro de Ho Chi Minh, que o Partido dos Trabalhadores do Brasil rende suas mais sentidas homenagens.
Sua contribuição à saga do povo vietnamita ficará gravada para sempre.

Rui Falcão, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores
Iriny Lopes, secretária de relações internacionais do PT

Valter Pomar, secretário executivo do Foro de SP

Fonte: PÁGINA 13

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Infraestrutura para exploração no pré-sal ainda é desafio para a Petrobras

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Desenvolver uma infraestrutura de grande porte para a exploração de petróleo na camada pré-sal é um dos desafios postos à Petrobras, que completa hoje (3) 60 anos de existência. A avaliação é de Segen Farid Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Ela está em uma caminhada que envolve não só a melhoria de alguns processos, como perfuração, escoamento do óleo e, principalmente,  do gás do pré-sal para a terra, como também, a estrutura das plataformas”, ressaltou o diretor da Coppe.
Segen Farid destacou que vários estaleiros estão desenvolvendo atividades de construção naval e offshore (alto-mar) para atender aos requisitos do pré-sal. Paralelamente, as sondas de perfuração completam o processo de exploração do pré-sal.
“Nós estamos vivendo uma fase de muito desenvolvimento em termos de infraestrutura”. Os resultados só vão aparecer quando a produção de petróleo no pré-sal for iniciada”, o que ele estima que ocorrerá daqui a três ou quatro anos. Farid ressaltou que só a partir de 2019  ou 2020 o país terá um substancial aumento na produção de petróleo. “Então, eu diria que a Petrobras tem, no seu DNA, o desafio da tecnologia”.
Entre todas as inovações tecnológicas que poderão levar a Petrobras a dominar a tecnologia do pré-sal, como já domina a de águas profundas, O diretor destacou o tratamento do gás carbônico, projeto coordenado pela Coppe em parceria com a estatal, que qualificou de “emblemático e primordial”.
No pré-sal, muitos reservatórios têm dióxido de carbono juntamente com óleo e gás. Esse é um gás danoso ao meio ambiente na medida em que contribui para o aumento da temperatura na Terra. Farid disse que a separação desse gás e sua eventual reinjeção no reservatório evitaria o efeito prejudicial do gás carbônico, incluindo problemas corrosivos para as tubulações que o transportam. Sendo reinjetado, ele pode aumentar a pressão do reservatório e melhorar o desempenho na produção de petróleo.
Os testes para separar o gás carbônico do gás natural que vierem a ser produzidos no pré-sal estão sendo iniciados em uma planta piloto no Centro de Excelência em Gás Natural, inaugurado em agosto passado. Para isso, ele explicou que estão sendo usadas membranas poliméricas, fruto do trabalho do Laboratório de Membranas do Programa de Engenharia Química da Coppe. “Se ficar comprovado nessa escala piloto os resultados obtidos em laboratório, eu acredito que esse vai ser um grande divisor de águas”.
O pré-sal é uma nova fronteira, assegurou Farid, porque envolve grandes profundidades, isto é, abaixo de 2 mil metros, grande afastamento da costa, da ordem de 300 quilômetros, além de o caminho para se atingir o reservatório apresentar uma camada de sal significativa que pode chegar a 2 quilômetros de extensão. Todo esse conjunto faz com que a exploração de petróleo e gás no pré-sal seja algo emblemático.
Edição: Marcos Chagas

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Obras de combate a enchentes na região Norte de BH só ficam prontas em 2016

Danilo Emerich e Carlos Calaes - Hoje em Dia


Frederico Haikal/Hoje em Dia

Todo ano o carroceiro José Israel se prepara para os prejuízos com a cheia do ribeirão do Onça


Vítimas de inundações provocadas pelas enchentes dos córregos do Onça, Pampulha e Cachoeirinha quase todos os anos, moradores dos bairros Dona Clara, Suzana, Primeiro de Maio, Ipiranga, Palmares e São Gabriel, na região Norte de Belo Horizonte, não vão dormir tranquilos até o fim de 2016.

Este é o prazo para conclusão das obras de drenagem das microbacias destes ribeirões que começam no ano que vem e, em tese, deverão resolver o problema. Mas, até lá, as enchentes, os prejuízos e o drama dessas pessoas, de várias classe sociais, provavelmente, vão continuar.

Caso da empresária Regina Coeli, de 43 anos, dona de uma loja de gesso na Cristiano Machado. O estabelecimento já foi atingido duas vezes pelas águas barrentas que saíram do leito do córrego do Onça. Para se precaver enquanto o poder público não resolve o problema, decidiu elevar a entrada e o piso da loja em 1,40m.

Mesma iniciativa do gerente comercial César Gomes, de 34 anos, que na última segunda-feira (30) dava os toques finais na construção de mais uma unidade do Supermercados BH, no bairro Dona Clara. A entrada foi elevada em 1,68m para evitar a invasão das águas.

Ampliação

A obra de drenagem dessas bacias tem recursos garantidos pelo governo federal desde 2012. São R$ 442,3 milhões a serem aplicados pela Sudecap a partir do 1° semestre de 2014.

O projeto prevê a ampliação dos canais e o aumento da capacidade de vazão da água. Alguns deles serão total ou parcialmente tampados.

O projeto inclui ainda a retirada e reassentamento de 1.300 famílias que vivem ao longo do ribeirão do Onça, no bairro São Gabriel, área considerada de risco para enchentes. No local, será construído um parque linear, mas o local ainda estará sob riscos de inundações.

Enchente do Onça já virou drama anual para morador

É só entrar o mês de outubro que os moradores das imediações do ribeirão do Onça não desgrudam os olhos do céu. Se o tempo fechar, é sinal de preocupação.

O carroceiro José Israel dos Passos, de 54 anos, que há 30 cria animais na beira do ribeirão, já perdeu a égua “Jurema” e o cavalo “Canjica” durante as enchentes.

Os animais estavam em pequenos cercados, que foram cobertos pelas águas, e morreram afogados. “A água subiu depressa. Nessas enchentes também já perdi uns 40 porcos”, reclama.

Do outro lado do ribeirão, na rua Álvaro Martins, Paulo Roberto de Souza, de 48 anos, também não tem sossego. Sua lembrança mais dolorosa é a de fevereiro de 2011. Durante mais uma enchente, a mãe dele, Maria Teodora, então com 75 anos, teve de ser retirada às pressas de casa pelos bombeiros e acabou falecendo.


As obras, no entanto, não são garantia de que os transtornos irão acabar. “Inundações são fenômenos naturais. O problema são as ocupações irregulares e urbanização nas áreas das cheias, além da impermeabilização do solo. A obra não elimina totalmente o risco, mas reduz drasticamente a probabilidade”, afirma Ricardo Aroeira, da Secretaria Municipal de Obras.

Fonte: HOJE EM DIA