Quando reconquistamos as liberdades democráticas em nosso país, um dos debates foi o da adoção dos dois turnos em eleições municipais (cidades acima de 200 mil habitantes) e eleições nos estados e para presidente da República. Essa inovação pretendia, principalmente, dar aos eleitores uma maior transparência ao terem que colocar suas propostas, visões de Brasil, estados e cidades, enfim, que cada partido se colocasse para que os eleitores pudessem decidir e escolher livremente.
As coligações são legítimas, desde que fundamentadas em propostas claras, coerentes, com partidos que tenham afinidades programáticas. Em 2008, BH viveu uma experiência de aliança que, prometendo continuar e melhorar, mostrou que a união de partidos com propostas e visões diferentes não oferece à população resultados satisfatórios.
Toda união é com os diferentes, mas eles têm que ter um mínimo de afinidade e, no caso da política, compromissos convergentes. Do contrário, deu no que deu em nossa cidade. O PT tem que fazer mea culpa.
O que aconteceu em BH em 2008 deixou o Partido dos Trabalhadores sem o vermelho vibrante de uma agremiação que nasceu como contraponto aos anos da ditadura militar. Era capaz de enxergar-se, discutir-se e, a partir daí, dar à sociedade possibilidade de realmente participar das decisões políticas em seu país, estado ou cidade.
Em Belo Horizonte, durantes os 20 últimos anos, o PT foi capaz de enfrentar suas desigualdades internas e manter um projeto para a cidade, que ora comandou, ora dividiu com aliados de ideias semelhantes. Foi assim ao eleger seus próprios prefeitos ou apoiados, como o caso do saudoso Célio de Castro.
O que vivemos nos últimos três anos mostrou, na prática, que a aliança de 2008 não produziu os resultados que esperávamos. Pelo contrário: a cidade viu o seu Orçamento Participativo encolhido e seus principais programas sociais estagnados. Perdemos o ritmo. Setores estratégicos, como a mobilidade urbana, habitação popular, turismo e saúde não avançaram nada. Em que pese a publicidade dar uma impressão bem diferente da realidade.
Se o PT disputar a eleição para a PBH com um candidato próprio, pode ganhar ou perder, o que é próprio de uma disputa eleitoral, mas manterá viva sua ideia de partido. Se o PT disputar a eleição com o PSDB na aliança, aí é certo que perderá a eleição. Porque perderá definitivamente sua identidade, a marca de suas realizações e seu compromisso histórico com os segmentos sociais.
Dia 18 de março será o dia da verdade para o PT de BH.
ROBERTO CARVALHO
Vice-prefeito de BH
Presidente do PT-BH
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