Isabella Souto -
Publicação: 15/05/2012 06:00 Atualização: 15/05/2012 07:52
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Presidente do PSDB em Minas, deputado federal Marcus Pestana |
As especulações em torno da indicação de Pimenta da Veiga para a disputa da Prefeitura de Belo Horizonte pelo PSDB serviram para esquentar ainda mais o clima entre tucanos e petistas – e tornar mais complicadas as articulações para uma aliança com o PSB em torno da reeleição de Marcio Lacerda (PSB). Enquanto a direção do PSDB credita a candidatura própria da legenda a pessoas que querem “tumultuar” as conversas, o comando do PT avalia que se trata apenas de um balão de ensaio, usado para tentar pressionar o PSB a atender os interesses tucanos nestas eleições.
Certo é que a reedição da aliança que elegeu Marcio Lacerda em 2008 está cada vez mais difícil – a ponto de, no sábado, o socialista reconhecer a possibilidade de não conseguir aglutinar PT e PSDB em torno de seu nome. Para o presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana, a decisão de apoiar Lacerda já está fechada. “Quando disse isso (possibilidade de rompimento), o Marcio Lacerda estava se referindo ao PT. Essas especulações sobre o Pimenta da Veiga são intrigas para tumultuar a aliança”, afirmou, negando qualquer hipótese de candidatura própria do PSDB.
Pelo microblog Twitter, Pestana foi ainda mais incisivo: “Não entendo tantas especulações sem fundamento sobre as eleições em BH. A aliança do PSDB com o PSB, que tanto incomoda o PT, já está decidida”. De acordo com o presidente do PSDB, Pimenta da Veiga teria dito a ele na semana passada que não tem pretensão de voltar à política. Atualmente, o tucano mora em Brasília, onde mantém escritório de advocacia.
O presidente do PT em Minas Gerais, deputado federal Reginaldo Lopes, acha que é “balela” a indicação de um nome tucano para a prefeitura da capital. “Eles não vão lançar candidato porque sabem que não têm força”, disse. O parlamentar completou que o PT não se opõe à participação dos tucanos na aliança, mas emendou: “Se eles saírem, será um favor”. O imbróglio diz respeito especialmente à chapa para as 41 cadeiras de vereador e à candidatura a vice-prefeito.
Até o momento cabe ao PT indicar um nome para compor a chapa com Lacerda, mas o PSDB também está de olho na cadeira. Isso porque é grande a chance de o prefeito sair do cargo em 2014 para disputar o Palácio da Liberdade, deixando a vaga para seu vice – que se torna candidato potencial à reeleição. Oficialmente, o PSDB diz que não pleiteia a indicação, contentando-se com um nome mesmo do PT, mas desde que represente o “espírito da aliança”.
Mas nos bastidores a história é diferente. Retornar à PBH sem precisar disputar as eleições seria o ideal para os tucanos. A questão, no entanto, cria um problema a mais para Marcio Lacerda. Se o PSDB indicar o vice, tiraria da aliança os petistas, pois a direção nacional do PT vetou a hipótese de estar ao lado – oficialmente – de chapas que tenham entre seus integrantes membros dos partidos de oposição ao governo federal, ou seja, PSDB, DEM e PPS.
Documento
Em relação à chapa de vereadores, tanto PT quanto PSDB querem uma aliança formal com o PSB, de preferência sem participação da outra legenda. No entanto, os pré-candidatos do PSB são contra a coligação, pois acreditam que perderiam cadeiras. O grupo aprovou na semana passada um documento em que ameaça renunciar à candidatura caso a direção do partido não atenda à reivindicação de seus filiados.
Outro fator que pode implodir a polêmica aliança é a disputa para o governo do estado em 2014. Se não tiver o seu nome viabilizado para disputar a Presidência da República em dois anos, o senador Aécio Neves (PSDB) poderia se candidatar para a sucessão de Antonio Anastasia (PSDB). Do outro lado da disputa, estaria Marcio Lacerda, cuja indicação é vista como a melhor alternativa para que a presidente Dilma Rousseff (PT) tenha um palanque forte em Minas Gerais em uma eventual candidatura à reeleição.
Diante de tantos impasses, já há quem diga que a aliança está por “um fio” e chegará o momento em que Marcio Lacerda terá que optar por um lado. O presidente estadual do PSB, Walfrido dos Mares Guia, e Pimenta da Veiga não retornaram as ligações da reportagem para comentar o assunto.
Fonte: ESTADO DE MINAS
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