quarta-feira, 9 de maio de 2012

PSDB e PT brigam por aliança para Câmara e apertam prefeito

Impasse.Os dois principais aliados do PSB fazem disputa para ter mais condições de eleger vereadores
Tucanos já falam em reivindicar a vaga de vice caso não sejam atendidos 
ISABELLA LACERDA
 
FOTO: CHARLES SILVA DUARTE
O tucano Marcus Pestana afirma que tem o compromisso do prefeito 
 
A novela criada por PT e PSDB sobre a aliança para as eleições municipais de Belo Horizonte já tem um novo capítulo. Ontem, os dirigentes dos dois partidos voltaram a se desentender. Desta vez, o questionamento recai sobre qual das duas siglas terá o direito de coligar-se proporcionalmente com os socialistas para a disputa por vagas na Câmara Municipal.

O presidente estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, afirma que os tucanos não aceitam ficar sem a indicação do vice - o partido já havia dito que abriria mão da vaga para o PT - e também sem a coligação proporcional com o PSB. Nos últimos dias, os petistas passaram a colocar a aliança proporcional como précondição para o apoio à candidatura do prefeito Marcio Lacerda (PSB).

"A direção do PSB já garantiu que não vai haver um desequilíbrio entre o espaço ocupado pelo PT e o nosso", afirmou Pestana. "A aliança proporcional para vereadores já estava sendo trabalhada anteriormente, e o PT veio querendo impor condições. Eles (os petistas) podem até optar pela coligação proporcional, mas aí o vice será nosso", garantiu o líder tucano.

Do lado petista, a certeza é que o partido vai dominar a aliança. "Já estamos escolhendo o vice, e o compromisso do prefeito é que faremos a aliança proporcional com o PSB. No fim do jogo, não é hora de fazer pedidos. Acho que o PSDB deveria arrumar outra desculpa para desistir de apoiar o Marcio", rebateu o presidente estadual petista, Reginaldo Lopes.

Uma das hipóteses levantadas por ele para resolver o impasse é que a aliança proporcional envolva PT, PSB e PSDB. "Preferimos que isso não aconteça, mas, se o PSB preferir, pode ser pensado", ressaltou Lopes. A possibilidade foi negada pelos tucanos. "A proporcional é com o PSB. Não existe essa possibilidade", retrucou Pestana.

Renúncia. Enquanto isso, os pré-candidatos a vereador do PSB ameaçam levar às últimas consequências o posicionamento contrário a uma eventual coligação proporcional com qualquer das siglas aliadas a Lacerda.

Ontem à noite, eles divulgaram um manifesto no qual se comprometem a renunciar às candidaturas caso a direção insista nas negociações. O documento foi assinado pelos 45 integrantes da chapa presentes na reunião, e, segundo os adeptos, há aprovação dos outros 17 integrantes sobre a chapa pura. (Com Cristiano Martins)
Otimismo
Lacerda diz que vai contornar as dificuldades da coligação
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), afirmou ontem que a disputa entre PT e PSDB pelo direito de formar a chapa proporcional com os socialistas para a Câmara Municipal não vai inviabilizar a aliança com os dois partidos em torno da sua candidatura. "Vamos reeditar a aliança e ter uma negociação com todos os partidos envolvidos", afirmou.

Lacerda disse ainda que a participação de lideranças tucanas - que já declararam apoio à sua candidatura - em homenagem prestada anteontem pela Câmara Municipal ao seu possível adversário nas eleições de outubro, deputado Délio Malheiros (PV), não é indicativo de que o PSDB está pressionando por mais espaço.

"É natural esse comparecimento. Não tenho essa informação de que o PSDB pode apoiar o PV. Tenho um bom relacionamento com os tucanos. A aliança é uma negociação que começou há um ano, está bem-consolidada. E nós vamos contornar sem muita dificuldade", garantiu, referindo-se à queda de braço entre petistas e tucanos sobre os espaços que terão na aliança.

O presidente estadual do PSDB, deputado Marcus Pestana, também negou que os tucanos pensam em apoiar o nome do PV. "Somos amigos, companheiros de caminhada, e a candidatura dele é legitima. Mas estamos com o Marcio", disse.

O presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro (PSDB), garantiu que os tucanos estão com Lacerda. "Ele (Malheiros) é nosso amigo, fui levar meu reconhecimento a ele". (IL)
Alternativa
Malheiros admite união com o DEM
Com o fortalecimento de sua pré-candidatura nas últimas semanas, o deputado estadual Délio Malheiros (PV) já parece mais à vontade para comentar abertamente as negociações com outras siglas.
Ontem, pela primeira vez, ele admitiu conversas sobre uma coligação com o DEM e com o PDT. "O Gustavo Corrêa (presidente do DEM-BH) é pré-candidato, mas temos conversado, e a chance é muito grande de nos unirmos. E converso ainda com o PDT", disse.

A afirmação ocorre um dia após o comparecimento em peso de líderes partidários a uma homenagem a Malheiros na Câmara, em um possível sinal de apoio. Antes, o deputado vinha se limitando a dizer que estava "discutindo propostas" e que a formação da chapa só seria tratada "no momento oportuno". (CM)

Fonte: Jornal O Tempo - 09/05/2012
 
 

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