Mais de 144 Mil
usuários de Craque em BH, constatação apresentada, ontem, pela mídia
vem referendar a tese que eu acredito de que essa é a maior Epidemia dos
últimos tempos. Em BH, por semana, morrem vítimas da violência causada
pelo tráfico aproxidamente 7 a 10
pessoas por semana ou seja todos os meses enterramos aproximadamente 30
seres humanos mortos, na maioria das vezes, de forma violenta,por
dívidas irrisórias, eu mesma encontrei mães que perderam filhos por
R$2,00. Estamos em guerra, uma guerra silenciosa, onde a maioria das vítimas são crianças e jovens,
negros, moradores dos bairros pobres de nossa BH. Criamos um exército
de Zumbis que se movimentam de forma desordenada por toda cidade. O
Craque tem adoecido milhares de famílias, tem levado pessoas a níveis
extremos de degradação humana. Pais e mães estão atônitos sem saber o
que fazer, onde buscar ajuda, ou simplesmente alguém que os escutem e
simplesmente não encontram. O que fazer?
Sem receita pronta, com certeza não sabemos com lidar com o caos instalado, mas
sabemos o que vem causando tamanha aberração, a falta completa de
interesse do poder público em combater de frente esse câncer social. Em
BH, políticas que promovam integração social para a juventude não
existem, os jovens estão a mercê do tráfico sem nenhuma intervenção para
que isso não aconteça. Sabemos que o investimento em educação, cultura,
lazer e esporte dando opções e perspectivas reais a cada menino e
menina é um grande instrumento na disputa por essas vidas. O que é que
estamos fazendo pra
isso? Somos uma cidade que não investe em equipamentos para prática de
esportes - ainda existem em BH alguns campos de várzea simplesmente pela
teimosia dos moradores, não construímos nos últimos 30 anos nenhum
espaço Poliesportivo - que possam incentivar crianças das escolas
públicas a praticarem modalidades esportivas como atletismo, natação, vôlei,
basquete, dentre outros; não incluímos em nossas grades curriculares
aulas de música, teatro, dança, artes plásticas; não investimos na
formação do cidadão pleno; áreas de lazer não existem na periferia e
nossas crianças, por causa do ciclo vicioso da violência, não podem mais
brincar pelas ruas, queimada e pelada do final de tarde, nem pensar,
uma bala perdida pode chegar de repente. Sem
nenhuma forma de ação de prevenção a violência
assola nossa cidade, mortes diárias, assaltos, e todo o tipo de
violência batem a nossa porta e o Estado, omisso, na formação de suas
crianças e jovens, não consegue dar a sua população a segurança
necessária. Não há ação efetiva de repreensão ao crime e com isso nossa
cidade tem a certeza de que é insegura e qual é
o resultado desse completo abandono, violência desenfreada, insegurança
para todos, hospitais lotados por pacientes corroídos pela droga, falta
de vagas nos sistema penitenciários, lotado por jovens que cometeram
pequenos delitos e ou mataram por ordem de algum traficante.
Vão dizer, mais isso é um problema do mundo, do Brasil, porém é em BH que eu vivo, foi aqui que eu nasci e é aqui que eu crio meus filhos e espero que meus netos possam viver e como qualquer belo-horizontino quero uma cidade feliz e segura. Nós da sociedade civil temos que nos unir em cobrar ações do Estado mas também através de nossas áreas de atuação em nossos bairros, igrejas, clubes, locais de trabalho nos organizarmos contra essa grande tragédia que assola nosso país e nossas cidades.
Palowa Mendes
Nenhum comentário:
Postar um comentário