Enquanto no Brasil a
Globo é blindada por outros meios de comunicação, que não
noticiam as manifestações contra a emissora ou sua fraude fiscal,
que em valores atualizados chega a R$ 1 bilhão, o jornal americano
Los Angeles Times divulga pedido de desculpas e atos contra a
empresa;
registro foi feito pelo blog O Cafezinho
5 DE SETEMBRO DE 2013
ÀS 15:22
Por Miguel do Rosário,
do blog O Cafezinho
Um dos grandes trunfos
da Globo é a blindagem que goza junto a outros meios de comunicação.
A notícia sobre a fraude fiscal da emissora, cujo montante,
incluindo a multa da Receita, chegaria a mais de R$ 1 bilhão em
valores atualizados, jamais apareceu em nenhum dos órgãos amigos.
Apenas a Folha deu, discretamente, e muito tempo depois da notícia
estourar nas redes, uma matéria meia boca sobre o furto do processo,
e mesmo assim diluindo o teor da matéria ao citar outros roubos e
fraudes.
Neste final de semana,
a emissora arriscou uma astuta jogada de marketing e pediu desculpas
pelo apoio "editorial" que deu ao golpe de Estado. Nenhum
outro jornal ou emissora abordou o assunto, apesar de ser um fato
político importante. O pacto de silêncio em torno da Globo
tornou-se um interessante case de estudo. E uma ameaça à
democracia.
A estratégia dá
resultado, porque o silêncio sempre foi a arma mais letal da mídia
nacional. Que o diga Lima Barreto, cuja promissora carreira foi
destruída pelo pacto de silêncio imposto pelos grandes jornais da
época, furiosos com a denúncia que o escritor fez à imprensa em
seu livro de estreia: Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Os
jornalões revidaram não dando uma linha sobre o livro, e nunca mais
Lima pode trabalhar na grande imprensa.
O livro narra, em
primeira pessoa, as aventuras de Isaías Caminha no jornal O Globo,
em cuja redação ele testemunha gritantes exemplos de sordidez
jornalística e humana. O Globo real ainda não existia. Tratava-se
de uma crítica velada ao Correio da Manhã, onde Lima trabalhara.
Entretanto, as críticas do autor se encaixam perfeitamente no Globo
de hoje!
Desde as manifestações
de junho, e agravada pela denúncia deste blog pela sonegação
bilionária da Globo, subiu aceleradamente o nível de consciência
política da sociedade em relação ao papel das corporações
mídiáticas na manutenção do status quo e do persistente atraso
brasileiro. As mesmas corporações, porém, vem abafando qualquer
tipo de protesto.
A Globo, embora diga
que o bordão das ruas ("a verdade é dura, a globo apoiou a
ditadura") a motivou a admitir que foi um erro o apoio que deu
ao golpe de 64, jamais exibiu, na concessão pública que é seu
principal ativo, o mesmo bordão, cantado por todo o Brasil. Não fez
jornalismo. Merval Pereira, principal colunista política do jornal,
volta e meia fala que as ruas pediram prisão para os mensaleiros, o
que é uma mentira, visto que essa foi uma demanda minoritária, e
que chegou apenas quando a extrema direita tentou tomar conta das
manifestações. Muitos mais populares, e desde o início, foram as
cantorias contra a Globo, e que jamais foram documentadas nos canais
abertos, com exceção da Record.
A Globo também
escondeu as manifestações posteriores que ocorreram em sua porta.
Ao se referir somente às manifestações de junho, a emissora omite
que estas se estenderam também pelos meses seguintes. As mais
politizadas, e com mais foco, como as que aconteceram às portas da
empresa em vários estados, se deram em julho, não em junho.
Aliás, todos os
grandes jornais esconderam essas manifestações. Nenhum grande
jornal, por exemplo, noticiou os protestos do último dia 30 de
julho, o que apenas reforça a necessidade de democratizarmos a mídia
brasileira. Eles formam uma quadrilha que só age coletivamente. Há
um pacto secreto entre os principais grupos brasileiros de mídia que
está fazendo um mal terrível à nossa democracia.
Só na imprensa
internacional, no Los Angeles Times, encontro uma matéria que aborda
os protestos contra a Globo e o seu pedido de desculpas.
Fonte: BRASIL 247
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