segunda-feira, 16 de abril de 2012

PT vai rachado para a eleição

Decisão.Delegados confirmam o apoio a Marcio Lacerda mesmo com presença dos tucanos na coligação
PT vai rachado para a eleição
Ala dos insatisfeitos admite que pode fazer campanha para o PMDB
Publicado no Jornal OTEMPO em 16/04/2012



DANIEL LEITE E CRISTIANO MARTINS
FOTO: FOTOS JOÃO MIRANDA
Divisão. "Rachadura" entre as alas petistas ficou evidente durante o encontro de ontem; tese de apoio a Lacerda teve 60% das adesões
A insatisfação dos delegados derrotados no encontro que oficializou, na manhã de ontem, o apoio do PT de Belo Horizonte ao projeto de reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB) deverá favorecer os peemedebistas da capital.

Revoltados com o fato de os socialistas se negarem a excluir o PSDB da coligação, alguns petistas admitem abandonar a campanha e até mesmo apoiar, nos bastidores, a candidatura "puro-sangue" prometida pelo PMDB, aliado do PT em nível nacional e principal adversário de Lacerda na eleição de 2008.
O encontro de ontem foi marcado para colocar um ponto final na discussão, que ganhou sobrevida durante a semana após a resposta evasiva do PSB às exigências feitas pelo PT para formalizar a aliança - no comunicado, os socialistas confirmam que o vice de Lacerda será um petista, mas se esquivam sobre a presença dos tucanos e o pedido de coligação PT-PSB para a chapa proporcional de vereadores.
Ontem, enquanto alguns demonstravam revolta contra a direção nacional, acusada de "intervenção branca" contra o diretório municipal, outros integrantes da sigla tentavam colocar panos quentes no racha interno, que ficou evidente.

Após o assunto ter sido discutido longa e fervorosamente nos últimos três encontros municipais, o saldo foi de 291 delegados favoráveis à coligação com o PSB - mesmo com os socialistas não cedendo a todas as exigências petistas - contra 196 insatisfeitos.


Reações.Revoltado com a direção nacional da legenda, o vice-prefeito e presidente do diretório municipal, Roberto Carvalho, afirmou que a decisão pode custar caro. "Infelizmente, confirmada a presença do PSDB na chapa e na coligação de vereadores, o PT não estará unido. É uma tragédia".


Para ele, não haverá "golpe" se parte dos petistas decidir apoiar a candidatura adversária. "O PMDB é da base aliada. Pode ser uma possibilidade, e isso não seria golpe. Golpe é desrespeitar a resolução do PT (de não aliar-se com os tucanos)", disparou o vice.


Reforçando o tom de indignação, o deputado estadual Rogério Correia disse acreditar que o partido da estrela vermelha poderá chegar rachado ao seu principal objetivo, que são as eleições de 2014. "Não podemos, em nome de cargos e do pragmatismo, unificarmos com esses partidos (de oposição ao governo federal) em torno de uma única candidatura", declarou.


Cotado para ser vice na chapa de Lacerda, o deputado federal Miguel Correa amenizou as insatisfações e disse acreditar que Carvalho "não vai abrir mão" de estar com o PT durante o processo eleitoral. Ele também minimizou a polêmica sobre a coligação proporcional. "Acredito que o PSDB não participará", resumiu.


O deputado estadual Paulo Lamac também reforçou a confiança na união do partido. "A expectativa é que o grupo cuja tese de candidatura própria foi derrotada possa rever a posição e participar do processo".
Patrocinador do acordo que uniu PT, PSB e PSDB em 2008 e defensor da manutenção da aliança, o ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, chamou de "forçação de barra" o argumento de que teria havido interferência da cúpula nacional petista.

Para o ministro, o ingresso dos tucanos - principais adversários em potencial para a disputa presidencial de 2014 - em nada atrapalhará os planos do PT. "Está sendo cumprida a agenda nacional que temos com o PSB. Foi exatamente o que imaginamos que ia acontecer (manutenção da aliança)".


Após ter se encontrado com Lula, Pimentel e o ex-ministro Patrus Ananias na última quarta-feira, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, esteve em Belo Horizonte e reuniu-se com lideranças locais para garantir a coligação com o PSB, aliado fiel do governo federal. "Não se pode escolher os convidados da festa do seu amigo", disse Falcão, em alusão aos tucanos.


O petista negou que o apoio seja "moeda de troca" para negociações em outras capitais, mas, nos bastidores, acredita-se que a aliança em prol de Lacerda pode pesar para que o PSB apoie o PT em São Paulo, Recife e Salvador, entre outras cidades.


"O Rui Falcão fez um papel deplorável. Veio às vésperas do encontro fazer praticamente uma intervenção. Foi autoritário e desrespeitoso", disparou o vice-prefeito Roberto Carvalho. (DL/CM/com agências)


Fonte: JORNAL O TEMPO

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