sexta-feira, 13 de abril de 2012

Localizado em área de preservação, Maletta poderá ser tombado

Condôminos do famoso cinquentão são convocados a uma espécie de plebiscito, previsto para junho, sobre o processo


Flávio Tavares
maletta
Condomínio tem que cumprir diversas obrigações por estar em área de preservação
Ele é um dos cinquentões mais conhecidos de Belo Horizonte. Por seus corredores já passaram grandes intelectuais, escritores, boêmios e estudantes. Local de encontro dos "resistentes" à Ditadura Militar durante os chamados "Anos de Chumbo", o Conjunto Arcangelo Maletta, na esquina da avenida Augusto de Lima com rua da Bahia, no Centro da capital mineira, pode estar prestes a ter sua importância histórica eternizada. O síndico do Maletta, Amauri Batista dos Reis, iniciou um movimento junto aos condôminos para  tombamento do imóvel. Segundo ele, o prédio está dentro de uma área de preservação, tem que cumprir diversas obrigações, mas não tem nenhum benefício. “Queremos tombar o imóvel para conseguir recursos com as leis municipais, estaduais e federais”, contou. Estes recursos seriam usados para revitalizar o prédio. “O Maletta é muito importante para a história de Belo Horizonte e precisa de reforma para resgatar suas características, para voltar a ser charmoso como era”, disse Reis. Há 12 anos ele mora no condomínio e há 32 anos frequenta o espaço. Os moradores e comerciantes do Maletta foram convocados para uma espécie de plebiscito, quando darão opiniões sobre o tombamento do edifício. Mas a decisão sobre o pedido só deve ser tomada em junho, quando está prevista uma assembleia dos condôminos. Para Reis, o Maletta só tem a ganhar se for tombado pelo patrimônio histórico e cultural, mas já há contrários à ideia, temendo que o imóvel se desvalorize. Para defender a sua posição favorável ao tombamento, o síndico cita alguns cálculos feitos por ele. Segundo Reis, com a isenção do IPTU, cujo valor ele não revela, é possível usar o dinheiro do imposto para revitalizar o imóvel. O síndico lembra que a primeira escada rolante de BH foi instalada no Maletta, mas ela está desativada há anos porque os custos do conserto do equipamento são muito altos. “Precisamos de patrocínio. Mas independentemente do tombamento, vamos tentar reformar o prédio. Não dá pra ficar do jeito que está”. O síndico lembra que os condôminos é que arcam com os custos da obra. A construção do Maletta é imponente. São mais de 600 salas, 319 apartamentos e 144 lojas e sobrelojas construídos em 88 mil metros quadrados. O edifício é o que concentra o maior número de sebos de Minas Gerais e ainda abriga ainda bares tradicionais, como a Cantina do Lucas,  tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural de BH, e o Lua Nova. sebo livraria maletta O edifício é o que concentra o maior número de sebos de Minas (Crédito: Carlos Roberto/Arquivo) Patrimônio A diretora de Patrimônio da Fundação Municipal de Cultural de BH, Michele Arroyo, explicou que um pedido de tombamento de edifício pode ser feito a qualquer momento. Segundo ela, se a ação vier por sugestão dos moradores é melhor ainda, pois simplifica o processo. “O ideal seria que os moradores entregassem um abaixo-assinado direcionado ao patrimônio”. A diretora tranquiliza os mais pessimistas ao afirmar que o Maletta não terá nenhum prejuízo ou perda do valor do imóvel caso seja tombado. “Esse pensamento não faz sentido para grandes construções”, disse ela. Para ser tombado, um imóvel tem que passar por estudos urbanísticos, arquitetônicos e antropológicos. Após esse processo é aberto um dossiê de tombamento e sugeridas diretrizes de proteção. Os imóveis tombados pelo patrimônio recebem alguns mecanismos de incentivo, como isenção de IPTU, linhas de crédito e benefícios das leis de incentivo cultural municipal, estadual e federal, entre outros. Arroyo explica que o Conjunto Arcangelo Maletta tem importância histórica e simbólica para a capital, devido aos grupos de intelectuais que se apropriaram do espaço e também por causa da proporção do edifício, que está situado no eixo central de BH. Ele já está incluído em um conjunto urbano protegido pelo patrimônio, que definiu diretrizes de proteção, como restrição altimétrica, padronização das calçadas, medidas de segurança e engenho de publicidade. A arquitetura do Maletta representa o momento de transição de estilos vivido em sua época de construção, em 1957. Mas Arroyo considera que suas linhas estão mais voltadas para o Modernismo devido às características de funcionalidade, como a convivência entre lojas e residências, e o uso de escadas rolantes. Fonte: HOJE EM DIA

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