Enviado por luisnassif,
qui, 01/08/2013 - 11:31
Por Diogo Costa
SOBRE O PARTIDO DOS
TRABALHADORES, A ESQUERDA E AS MASSAS - Volta e meia surgem vozes do
senso comum a dizer que o PT se "divorciou" dos movimentos
sociais, estudantis, dos sindicatos, das ruas e das massas, etc. É
mesmo? Vejamos.
-O PSTU existe há
vinte anos, disputou três eleições presidenciais e na última, em
2010, fez 0,08% dos votos.
-O PCO existe há
dezoito anos, disputou três eleições presidenciais e na última,
em 2010, fez 0,01% dos votos.
-O PSOL existe há oito
anos, disputou duas eleições presidenciais e na última, em 2010,
fez 0,87% dos votos.
-O PCB existe há
noventa e um anos, depois da briga com o oportunista, renegado e
quinta-coluna Roberto Freire (PPS), nos anos 90, disputou uma única
eleição presidencial, em 2010. Fez 0,04% dos votos.
O PSTU, o PCO e o PCB
até hoje não conseguiram eleger um mísero deputado federal sequer.
O PSOL hoje conta com a "imensa" bancada de três deputados
federais... É o PT que se "divorciou" das ruas ou são os
outros partidos de esquerda aqui citados que infelizmente só
convencem as paredes de seus próprios quartos?
Quem está dissociado
das massas populares, é o PT? Não foi por acaso o PT que fez em 16%
dos votos no primeiro turno da disputa em 1989? E 24% em 1994, e 32%
em 1998, bem como conseguiu fazer 46% em 2002, 48% em 2006 e 47% em
2010? E uns e outros ainda tem coragem de dizer que o Partido dos
Trabalhadores "se afastou das massas"!Quem sabe vamos lutar
para eleger o Zé Maria do PSTU, em 2014, e cobrar dele que faça
todas as reformas que a esquerda defende desde sempre! Não seria uma
beleza? Lembro apenas que o PSTU não tem um único parlamentar no
Congresso Nacional, talvez consiga fazer as reformas com uma varinha
mágica de condão!
O PT (que alguns pensam
equivocadamente ter a força do PSUV), infelizmente não tem sequer
1/6 dos parlamentares no Congresso Nacional! Como não ter um governo
de coalizão dentro deste cenário?
Esse é o dilema!
Quando o PSOL, o PSTU,
o PCO e o PCB elegerem uns 20 ou 25 deputados federais cada um, aí a
correlação de forças no parlamento começará a mudar... Aliás:
-Porque cargas d'água
o PSTU, que existe há 20 anos, não consegue eleger um único
deputado federal?
-Porque cargas d'água
o PCO, que existe há 18 anos, não consegue eleger um único
deputado federal?
-Porque cargas d'água
o PCB, que existe há 91 anos, não consegue eleger um único
deputado federal?
-Porque cargas d'água
o PSOL, que existe há 08 anos, não consegue eleger mais do que a
"imensa" bancada de 03 deputados federais?
-Porque estes partidos
de esquerda não conseguem se aproximar das massas?
Lamentavelmente, urge
constatar que tirando o PT, que é um partido de massas, os outros
partidos de esquerda no Brasil infelizmente não falam às massas,
não alcançam as massas e não tem base social real. Somados, são
menores do que o PT era em 1982, há incríveis 31 anos já passados!
Sabendo que o PT tem
apenas 1/6 do parlamento, forçosamente isso quer dizer que os outros
5/6 do parlamento estariam, em tese, em disputa para os outros
partidos de esquerda. No entanto, esses partidos não conseguem
aumentar a sua base social e, somados, elegem apenas 03 deputados
federais. Isso é um sintoma incontestável de que a tática e o
discurso desses partidos culmina, ao fim e ao cabo, em sectarismo e
principismo, logo, não dialogam com a vida real do povo brasileiro.
Na prática,
vislumbra-se o quão equivocada é a tática atual do PSOL, do PSTU,
do PCO e do PCB. Essa tática de bater violentamente no PT, para
tentar ficar com nacos de suas bases, é contraproducente e infantil.
Primeiro, porque com essa tática não disputam os já famosos 5/6
dos votos que os brasileiros não conferem ao PT para o parlamento.
Segundo, porque obviamente essa tática apenas fraciona (ou tenta
fracionar) os já parcos 1/6 de votos parlamentares que o PT tem.
O problema das
esquerdas em Pindorama, infelizmente, segue sendo o sectarismo
pueril. O PSOL chama o PT de traidor. O PSTU chama o PSOL de pelego.
O PCO chama o PSTU de renegado. E o PCB diz que todos esses são
burgueses e que somente ele é que representa a vanguarda do
proletariado! Enquanto isso, o PT segue sendo o único partido de
esquerda de massas no Brasil e os outros continuam brigando entre si,
sem base social real e cada vez mais principistas, dogmáticos e
sectários!
Enquanto ficarem só na
crítica e elegerem, em conjunto, a "imensa" bancada de
três deputados federais, pouca coisa vai avançar! Esses partidos
não são a 'vanguarda' da classe operária no Brasil? Porque em
2010, somados, fizeram somente 01% dos votos na eleição
presidencial?
Enfim, lamento ter que
repetir isso pela milésima vez. Muitos certamente não irão gostar.
Paciência... O Partido dos Trabalhadores é o único partido de
massas no Brasil atual, gostem ou não os seus habituais detratores!
Entendem agora o porquê
da luta inglória do PT contra as forças que sempre dominaram este
país? Onde está a esquerda que "não se divorciou" das
massas para ajudar o PT a fazer as transformações sociais? A
verdade nua e crua é que temos partidos de esquerda que não
alcançam a grande massa da população brasileira, eles é que
precisam encontrar e convencer a massa, não o PT!
Quanto ao PT, segue a
sua luta desigual, onde tem apenas 1/6 dos parlamentares no Congresso
Nacional. Onde é a cabeça de um governo de coalizão, eivado de
contradições, justamente porque a esquerda que se pretende
revolucionária elege, em conjunto, a "imensa" bancada de
três deputados federais...
Finalmente, constata-se
que entre o sonho e a realidade vai um longo caminho a ser
percorrido. Espero que os protestos do mês de junho de 2013 se
traduzam em algo de concreto para 2014, no que tange ao parlamento
nacional.
As ruas são
importantíssimas, mas, para desespero de alguns, ainda continuam
sendo necessários os votos de 50% dos deputados e senadores para se
aprovar um simples projeto de lei. E 60% de votos no Congresso
Nacional para se aprovar Emendas Constitucionais.
Fonte: LUIS NACIF ONLINE
O Diogo Costa tangencia o assunto ao cair no processo eleitoral, unicamente, sem mirar na essência da crítica que muitos apoiadores e até petistas hoje fazem.
ResponderExcluirO PT existe, cresceu e chegou ao governo por causa do diálogo vivo e participativo dentro das forças organizadas da sociedade, notadamente no seio da Classe Trabalhadora.
As escolhas estratégicas do final dos anos 90, entretanto, deixaram uma lacuna: seus quadros dirigiram os esforços para o embate parlamentar, deixando a atenção a essas forças da sociedade sem o diálogo necessário, o que propiciou a dispersão de muitas delas, ao final permitindo a entrada das forças neoliberais até na representação sindical.
Esta lacuna, historicamente, devido às escolhas em favor da chegada ao governo através das alianças com forças conservadoras e do liberalismo pequeno-burguês, tem levado forças consequentes européias à falência de suas bandeiras e à derrota para a direita moralista, que tem no seu discurso imediatista feito estragos nas bandeiras de esquerda.
Falta ao PT retomar seu espaço também fora dos gabinetes, dentro da sociedade, dando realce à sua identidade de classe e às bandeiras históricas que se uniram sob a bandeira da estrela petista.
É entrar para valer nas redes sociais virtuais, espaço do exercício da cidadania nessa nova forma de convivência, informação, diálogo, debate, enfrentamento e mobilização.
Exemplos são exaustivos.
Mas o partido demora em se adequar aos novos tempos, reproduzindo as formas de comunicação da sociedade burguesa com suas distorções e limites. A imprensa burguesa - vertical, manipuladora, aética, não pode ser o modelo de comunicação de uma sociedade emergente que é informada, informa, confronta e desconfia.
Assim, vários militantes já vivem essa nova realidade sem o respaldo do partido, dissociado, agora sim, do calor dos debates, do respeito à vontade da maioria, do diálogo vivo.