terça-feira, 1 de outubro de 2013

Obras de combate a enchentes na região Norte de BH só ficam prontas em 2016

Danilo Emerich e Carlos Calaes - Hoje em Dia


Frederico Haikal/Hoje em Dia

Todo ano o carroceiro José Israel se prepara para os prejuízos com a cheia do ribeirão do Onça


Vítimas de inundações provocadas pelas enchentes dos córregos do Onça, Pampulha e Cachoeirinha quase todos os anos, moradores dos bairros Dona Clara, Suzana, Primeiro de Maio, Ipiranga, Palmares e São Gabriel, na região Norte de Belo Horizonte, não vão dormir tranquilos até o fim de 2016.

Este é o prazo para conclusão das obras de drenagem das microbacias destes ribeirões que começam no ano que vem e, em tese, deverão resolver o problema. Mas, até lá, as enchentes, os prejuízos e o drama dessas pessoas, de várias classe sociais, provavelmente, vão continuar.

Caso da empresária Regina Coeli, de 43 anos, dona de uma loja de gesso na Cristiano Machado. O estabelecimento já foi atingido duas vezes pelas águas barrentas que saíram do leito do córrego do Onça. Para se precaver enquanto o poder público não resolve o problema, decidiu elevar a entrada e o piso da loja em 1,40m.

Mesma iniciativa do gerente comercial César Gomes, de 34 anos, que na última segunda-feira (30) dava os toques finais na construção de mais uma unidade do Supermercados BH, no bairro Dona Clara. A entrada foi elevada em 1,68m para evitar a invasão das águas.

Ampliação

A obra de drenagem dessas bacias tem recursos garantidos pelo governo federal desde 2012. São R$ 442,3 milhões a serem aplicados pela Sudecap a partir do 1° semestre de 2014.

O projeto prevê a ampliação dos canais e o aumento da capacidade de vazão da água. Alguns deles serão total ou parcialmente tampados.

O projeto inclui ainda a retirada e reassentamento de 1.300 famílias que vivem ao longo do ribeirão do Onça, no bairro São Gabriel, área considerada de risco para enchentes. No local, será construído um parque linear, mas o local ainda estará sob riscos de inundações.

Enchente do Onça já virou drama anual para morador

É só entrar o mês de outubro que os moradores das imediações do ribeirão do Onça não desgrudam os olhos do céu. Se o tempo fechar, é sinal de preocupação.

O carroceiro José Israel dos Passos, de 54 anos, que há 30 cria animais na beira do ribeirão, já perdeu a égua “Jurema” e o cavalo “Canjica” durante as enchentes.

Os animais estavam em pequenos cercados, que foram cobertos pelas águas, e morreram afogados. “A água subiu depressa. Nessas enchentes também já perdi uns 40 porcos”, reclama.

Do outro lado do ribeirão, na rua Álvaro Martins, Paulo Roberto de Souza, de 48 anos, também não tem sossego. Sua lembrança mais dolorosa é a de fevereiro de 2011. Durante mais uma enchente, a mãe dele, Maria Teodora, então com 75 anos, teve de ser retirada às pressas de casa pelos bombeiros e acabou falecendo.


As obras, no entanto, não são garantia de que os transtornos irão acabar. “Inundações são fenômenos naturais. O problema são as ocupações irregulares e urbanização nas áreas das cheias, além da impermeabilização do solo. A obra não elimina totalmente o risco, mas reduz drasticamente a probabilidade”, afirma Ricardo Aroeira, da Secretaria Municipal de Obras.

Fonte: HOJE EM DIA

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