Moradores e comerciantes de Venda Nova têm medo de enchentes. PBH garante que haverá drenagem adequada
Guilherme Paranaiba
Construção de
viaduto, ao lado da estação do metrô, já soterrou parte de bueiro que
permitia o escoamento das águas, como mostra Avelino Madureira, que teme
nova tragédia
Comerciantes e moradores do
trecho inicial da Avenida Vilarinho, entre as avenidas Dom Pedro I e
Cristiano Machado, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, preveem
um novo transtorno com o avanço das obras do transporte rápido por
ônibus (BRT, sigla em inglês), aposta da cidade para solucionar
problemas de mobilidade urbana. O viaduto em construção em frente ao
Shopping Estação e à Estação Vilarinho do metrô encobriu boa parte de
uma grade para escoamento de água pluvial, até então responsável por
evitar enchentes na região.
A estrutura ocupava quase toda a
largura da Avenida Vilarinho, no sentido Centro, mas praticamente
desapareceu com a evolução das obras do viaduto há cerca de quatro
meses. Segundo moradores e trabalhadores da área, a passagem para
escoamento do asfalto tinha acabado com o problema das inundações, como a
de 1997, que matou três pessoas por afogamento, tendo as águas atingido
a altura de cinco metros.
O comerciante Antônio Avelino Madureira, de
61 anos, mora e trabalha na região há mais de 20 anos. Ele conta que já
assistiu a várias enchentes no local e, na mais pesada delas, em 1997,
conseguiu escapar, pois seu imóvel é alto e também tem uma entrada pela
Rua dos Marmelos. “Há cerca de cinco anos, a prefeitura instalou a grade
para escoamento da água e resolveu o problema dos alagamentos no início
da Vilarinho”, diz o dono de uma fábrica de picolés. Ainda segundo ele,
em 2010, parte da grade foi encoberta por intervenções na avenida, mas
mesmo assim a água ainda escoava, sem causar grandes alagamentos e
chegando apenas à porta da fábrica do comerciante.
Antônio
Madureira conta que, na ocasião em que parte da grade foi soterrada,
esteve na Câmara Municipal de Belo horizonte e conseguiu, por meio do
vereador Léo Burguês (PSDB), pedir providências ao então responsável
pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Fernando
Antônio Costa Janotti, para reabertura de grades e bocas de lobo no
entorno. “Desde então nada foi feito. Agora, com o avanço do viaduto do
BRT soterraram quase tudo”, acrescenta Antônio.
PREJUÍZOS Apesar
de a próxima temporada de chuvas ainda estar distante, a apreensão no
local é muito grande, pois não há informações sobre abertura de novas
vazões para a água. O comerciante diz que ouviu de um agente da BHTrans
que um projeto será desenvolvido para o escoamento de água assim que o
viaduto estiver pronto. Porém, o prazo para conclusão do BRT é dezembro,
mês em que normalmente as chuvas já chegaram.
Dono de uma
loja especializada em ar-condicionado para veículos, Ednilson Augusto de
Pedro, de 41, teme uma chuva forte sem um escoamento. “Não podemos
correr o risco de prejuízos se a água voltar a encher a avenida como
antes”, diz ele. Com a oficina repleta de carros, Frederico Ribeiro da
Silva, de 34, nem imagina o tamanho dos danos se a água invadir o seu
estabelecimento. “Quem conhece a Avenida Vilarinho sabe que na hora que a
água vem é de uma vez, não dá tempo de fazer nada”, diz ele.
De
acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Obras
e Infraestrutura, toda a área inicial da Avenida Vilarinho está em
movimentação em função das obras. Acrescenta que as mudanças no que diz
respeito ao escoamento da água fazem parte do processo e vão melhorar o
sistema de drenagem que já existe no local.
Fonte: ESTADO DE MINAS
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