quinta-feira, 13 de junho de 2013

Obra do BRT encobre grade de galeria pluvial e deixa moradores apreensivos na capital

Moradores e comerciantes de Venda Nova têm medo de enchentes. PBH garante que haverá drenagem adequada

Guilherme Paranaiba
 Construção de viaduto, ao lado da estação do metrô, já soterrou parte de bueiro que permitia o escoamento das águas, como mostra Avelino Madureira, que teme nova tragédia

Comerciantes e moradores do trecho inicial da Avenida Vilarinho, entre as avenidas Dom Pedro I e Cristiano Machado, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, preveem um novo transtorno com o avanço das obras do transporte rápido por ônibus (BRT, sigla em inglês), aposta da cidade para solucionar problemas de mobilidade urbana. O viaduto em construção em frente ao Shopping Estação e à Estação Vilarinho do metrô encobriu boa parte de uma grade para escoamento de água pluvial, até então responsável por evitar enchentes na região.

A estrutura ocupava quase toda a largura da Avenida Vilarinho, no sentido Centro, mas praticamente desapareceu com a evolução das obras do viaduto há cerca de quatro meses. Segundo moradores e trabalhadores da área, a passagem para escoamento do asfalto tinha acabado com o problema das inundações, como a de 1997, que matou três pessoas por afogamento, tendo as águas atingido a altura de cinco metros.

O comerciante Antônio Avelino Madureira, de 61 anos, mora e trabalha na região há mais de 20 anos. Ele conta que já assistiu a várias enchentes no local e, na mais pesada delas, em 1997, conseguiu escapar, pois seu imóvel é alto e também tem uma entrada pela Rua dos Marmelos. “Há cerca de cinco anos, a prefeitura instalou a grade para escoamento da água e resolveu o problema dos alagamentos no início da Vilarinho”, diz o dono de uma fábrica de picolés. Ainda segundo ele, em 2010, parte da grade foi encoberta por intervenções na avenida, mas mesmo assim a água ainda escoava, sem causar grandes alagamentos e chegando apenas à porta da fábrica do comerciante.

Antônio Madureira conta que, na ocasião em que parte da grade foi soterrada, esteve na Câmara Municipal de Belo horizonte e conseguiu, por meio do vereador Léo Burguês (PSDB), pedir providências ao então responsável pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Fernando Antônio Costa Janotti, para reabertura de grades e bocas de lobo no entorno. “Desde então nada foi feito. Agora, com o avanço do viaduto do BRT soterraram quase tudo”, acrescenta Antônio.

PREJUÍZOS
Apesar de a próxima temporada de chuvas ainda estar distante, a apreensão no local é muito grande, pois não há informações sobre abertura de novas vazões para a água. O comerciante diz que ouviu de um agente da BHTrans que um projeto será desenvolvido para o escoamento de água assim que o viaduto estiver pronto. Porém, o prazo para conclusão do BRT é dezembro, mês em que normalmente as chuvas já chegaram.

Dono de uma loja especializada em ar-condicionado para veículos, Ednilson Augusto de Pedro, de 41, teme uma chuva forte sem um escoamento. “Não podemos correr o risco de prejuízos se a água voltar a encher a avenida como antes”, diz ele. Com a oficina repleta de carros, Frederico Ribeiro da Silva, de 34, nem imagina o tamanho dos danos se a água invadir o seu estabelecimento. “Quem conhece a Avenida Vilarinho sabe que na hora que a água vem é de uma vez, não dá tempo de fazer nada”, diz ele.

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, toda a área inicial da Avenida Vilarinho está em movimentação em função das obras. Acrescenta que as mudanças no que diz respeito ao escoamento da água fazem parte do processo e vão melhorar o sistema de drenagem que já existe no local.

Fonte: ESTADO DE MINAS

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