segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Pimentel Governador, por um governo democrático e popular em Minas Gerais

Marco Aurélio Rocha

A campanha vitoriosa do PT para o governo de Minas Gerais nestas eleições de 2014, iniciaram-se sob a desconfiança dos movimentos sociais, sindicais e também da militância petista. As seqüelas do acordo firmado entre Pimentel e Aécio nas eleições para a prefeitura de Belo Horizonte em 2008 tinham ainda feridas não totalmente cicatrizadas.


Pimentel e todos os atores políticos no PT para esta disputa sabiam disso, mas, um sentimento maior fez com que o PT mineiro conseguisse um feito há muito tempo perseguido, que era, em primeiro lugar a unidade do partido em MG e em segundo lugar ter uma candidatura que conseguisse derrotar o projeto neoliberal tucano e levar um petista pela primeira vez a ocupar a cadeira do Palácio da Liberdade.

Pimentel percebeu que para construir uma candidatura vitoriosa do PT, era imprescindível conquistar a confiança dos movimentos sociais e sindicais. Para tanto, ainda no ano passado, reuniu-se com várias lideranças do PT, parlamentares, representantes de tendências do partido e o resultado destas reuniões foi designar a cada força interna ao partido que levasse às suas bases o convite para o diálogo com o futuro candidato, no sentido de construirem juntos um programa de governo. Coube às tendências mais à esquerda no partido, incluindo aí a Articulação de Esquerda, o chamamento ao debate com os movimentos sociais e sindicais, tendo como referência o deputado estadual Rogério Correia. E assim feito. Foram realizadas várias reuniões com os movimentos sociais, com todos os sindicatos, principalmente com os trabalhadores da saúde, educação e da segurança pública.

Iniciada a campanha, Pimentel pôs o pé nas estradas de Minas aprofundando a proposta de diálogo com todos os movimentos da sociedade, com o slogan de campanha: “ouvir para fazer melhor”. Esta proposta deu resultados e aquela desconfiança inicial se transformou em compromissos para um governo democrático, popular e participativo. Todos estes movimentos selaram a unidade partidária, dos movimentos sociais, populares e sindicais com a certeza que a candidatura Pimentel tinha todas as possibilidades de ser vitoriosa.

Como nem tudo são flores, os primeiros “esbarrões” de campanha eram inevitáveis, a começar pelo visual nos materiais de campanha; a militância, sindicalistas e movimentos sociais estranharam no início, o sumiço da cor vermelha e o excesso do azul, numa tonalidade exatamente igual à campanha tucana, o que levou a muitos desconfiarem da volta do “pimentécio” em versão contrária, ou seja, Pimentel aqui, Aécio lá. Outro ponto criticado era a ausência da campanha da presidenta Dilma nos primeiros materiais gráficos. Estes detalhes, que para muitos podem passar despercebidos, para muitos mais, não passa; A campanha tucana percebeu isso e estando mal posicionada nas pesquisas, contra-atacou com cartazes (vermelhos) apócrifos com os dizeres: “Minas agora é do PT, Pimentel é do PT”, o tiro saiu pela culatra, Pimentel continuava a crescer nas pesquisas. A pressão da militância valeu e a campanha “envermelhou” e Dilma apareceu!

Pimentel venceu no primeiro turno com 52,98% dos votos, contra 41,89% do candidato tucano, enquanto que as pesquisas colocavam uma média de 60% a 30%, o que evidenciou também a força da máquina do governo do Estado trabalhando pelo seu candidato.

Vencida a eleição, agora é o momento difícil da montagem do governo. É preciso ter habilidade para atender aos anseios e expectativas do funcionalismo público, sindicatos, movimentos e claro os partidos e a base que levou o candidato à vitória.

Outro desafio a ser vencido, é na Assembleia Legislativa, dos 77 deputados estaduais, a coligação que apoiou Pimentel (PT, PMDB, PCdoB, PROS e PRB) elegeu 26 deputados, enquanto a coligação liderada pelos tucanos elegeu o restante, conseguindo assim maioria númerica. Todos sabem por aqui nas Alterosas, que esta maioria não se sustenta por muito tempo, os deputados eleitos pelos chamados partidos nanicos e outros que compõem a base nacional da presidenta Dilma, mas que aqui se alinharam com a candidatura tucana, têm uma forte “tendência” a se alinhar com o governo Pimentel, a chamada força do Palácio da Liberdade é muito forte. Muitos querem ser prefeitos em suas cidades em 2016 e o apoio do governador é muito importante.

Herança Maldita
Outro desafio para o governo Pimentel é a herança maldita que os tucanos estão deixando no Estado. A dupla Aécio/Anastasia governou Minas sob a ótica do puro marketing. Milhões foram gastos em propaganda governamental em torno da grande farsa do Choque de Gestão e do Déficit Zero, tendo ainda a grande mídia mineira como parceira na montagem deste grande circo midiático-governamental, sob as ordens de Andréa Neves que como diz o deputado Sávio Souza Cruz do PMDB, um dos líderes do bloco Minas Sem Censura na Assembleia é a Goebbels das Alterosas” que faz controle rígido do que sai na mídia, exercendo verdadeira censura onde nada pode sair que desabone seu irmão Aécio Neves.

Reconstruir Minas Gerais será o maior desafio de Pimentel, o estado é o segundo maior endividado do país, a dívida pública mineira consolidada já chega a 90 bilhões de Reais, comprometendo o orçamento de 2015 em 6 bilhões, também fazem parte da herança maldita do PSDB em Minas os 8 bilhões de reais desviados da Saúde e os 8 bilhões de reais desviados da Educação, que não tiveram seus mínimos constitucionais respeitados nos últimos 12 anos. Assim como a carreira congelada dos servidores públicos estaduais e o pagamento dos servidores da Educação abaixo do Piso Salarial Nacional.

Pimentel terá um grande trabalho pela frente, mas as expectativas são boas, o governador eleito acena com maior participação da sociedade nas tomadas de decisão do governo, incorporando movimentos organizados, trabalhadores, funcionalismo público e sindicatos. Minas Gerais viveu nestes anos com uma verdadeira “cerca neoliberal” que não deixava entrar aqui com toda intensidade os programas dos governos Lula e Dilma, e quando entravam mudavam de nome, agora temos a chance com Pimentel e Dilma mudar a realidade de nosso Estado.


* Texto publicado no jornal PÁGINA 13 órgão da tendência interna do PT - Articulação de Esquerda

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