Nota
da Direção Municipal da Articulação de Esquerda de São Paulo à militância do PT
O anúncio da aliança do PT
com o PP de Paulo Maluf para concorrer à prefeitura de São Paulo teve grande
repercussão. Não é para menos: além de resultar na saída de Luíza Erundina,
recém indicada para compor a chapa com Haddad, provocou a insatisfação de
grande parte da militância petista em todo o Brasil, de um lado, e abriu um
flanco habilmente explorado pela mídia conservadora de outro.
Repetimos hoje o que dissemos
ontem sobre as tentativas de aliança com Kassab: os defensores dessas alianças
desconsideram programa, desconsideram o impacto sobre a unidade partidária,
desconsideram a luta político-ideológica. A aliança com Maluf é uma reedição daquele
episódio: uma nova soma que subtrai.
Contudo, há uma diferença
importante: a aliança com o PSD não se consolidou. Dois fatores contribuíram
para isso. A reação da militância petista e a opção de Kassab em favor de
Serra, ao menos aparentemente, teriam impedido que petistas defensores deste
tipo de alianças continuassem insistindo no erro. Mas insistiram e o resultado
é lastimável.
Em nome de ganhar a qualquer
custo, muito estrago já foi feito. Mesmo assim, os defensores e articuladores
da aliança com Maluf pensam que saímos ganhando, que ela coloca mais do que
tira.
Além de equivocada
eleitoralmente, a aliança revela uma opção conservadora na disputa ideológica,
colocando o PT ao lado de privatistas neoliberais, violentos contra os setores
populares, ideologicamente reacionários. Ela diminui o espaço para marcar
diferenças programáticas e políticas.
Ao se concentrarem apenas na
necessidade de vitória eleitoral em São Paulo, os aliancistas comprometem a
imprescindível vitória política que deve acompanhá-la, sem o que não serão
construídas as condições para mudar profundamente os rumos da cidade.
Ao superestimarem o marketing
proporcionado pelo aumento do tempo de televisão, subestimam as mais poderosas
armas do PT: a política, o programa e a força da militância petista, que agora
sente-se menos estimulada a sair nas ruas e fazer campanha.
Derrotar os tucanos em seu
ninho é central. Para isso, valem todos os meios que fortaleçam nossa ligação
com os trabalhadores e as camadas médias, meios que devem ser capazes de
expressar nossas opções programáticas e políticas. Isto inclui uma política de
alianças justa, que amplie nossa potência eleitoral e nos ajude a vencer, o que
de finitivamente não é o caso da aliança com o PP de Maluf.
Os setores
populares que no passado constituiram a base de massas do malufismo há muito
deixaram de tê-lo como referência, principalmente pela memória positiva dos
governos petistas nos niveis municipal e federal que priorizaram várias ações
que contemplaram os interesses dos setores populares. Quanto às camadas médias
de extração conservadora que constituiram a outra vertente do malufismo no
passado, a experiência já tem demonstrado que dificilmente vão mudar no seu
atávico anti-petismo, pois passaram a constituir, há tempos, o núcleo duro da
hegemonia tucana no estado de São Paulo, em especial na capital.
Ademais, a aliança formal não
impede que esses mesmos setores da direita que supostamente nos apoiam apelem
para um voto ideologicamente coerente com uma política conservadora para São
Paulo, que tem em José Serra seu principal expoente.
Dizemos em alto e bom som:
Maluf e o malufismo nunca foram, não são e jamais serão aliados nas lutas do
PT. Seu fisiologismo parasitário permite que continuem trabalhando para
derrotar nossa política, independentemente do palanque e do cargo em que
estiverem.
Portanto, convocamos a
militância petista para, mais uma vez, impedir que os erros de algumas
lideranças do partido não comprometam nosso projeto coletivo. Reivindicamos a
convocação imediata de uma reunião do Diretório Municipal para debater o quadro
eleitoral, tomar uma decisão sobre esta aliança e trabalhar para reverter o
impacto negativo que já causou.
São
Paulo, 20 de junho de 2012
Direção
Municipal da Articulação de Esquerda de São Paulo
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