segunda-feira, 11 de junho de 2012

Miguel Corrêa é o indicado do PT

Disputa.Depois de dois turnos, no encontro municipal do partido, nome apoiado por Pimentel sai vitorioso
 
O deputado federal venceu Luiz Fortini por 87 votos, mas o racha continua
Publicado no Jornal OTEMPO em 11/06/2012
 
 
 
 
FOTO: FOTOS JAQUES DIOGO
Disputado. Integrantes do PT escolheram o vice da chapa de Lacerda no encontro municipal do partido, após dois turnos de votação
O deputado federal Miguel Corrêa é o nome do PT para a vaga de vice na chapa do prefeito Marcio Lacerda (PSB) para a disputa eleitoral em Belo Horizonte. A decisão foi tomada no encontro municipal do partido, ontem, após dois turnos de votação. O político, de 34 anos, já foi vereador da capital e exerce o seu segundo mandato na Câmara Federal.


Apadrinhado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, Corrêa derrotou, no segundo turno, por 266 votos a 179, o ex-presidente da Fundação de Parques e Jardins, Luiz Fortini - indicado pelo atual vice-prefeito, Roberto Carvalho.

Corrêa assume o posto com a missão de apaziguar os ânimos petistas e buscar a tão desejada união dentro do partido. A relação com o Lacerda, porém, deve ser mais tranquila, comparada com o atual relacionamento entre o prefeito socialista e seu vice, o petista Roberto Carvalho. Os dois se desentenderam pouco tempo após assumirem os mandatos.

Após quatro adiamentos da data para a escolha da indicação do PT para a vaga de vice, o partido demonstrou, ontem, que o "racha" é evidente. Os problemas internos começaram em 2008, quando alguns segmentos do partido não concordaram com a aliança com Lacerda, que carrega consigo o apoio do PSDB. Agora, a tensão aumentou com o rompimento entre o prefeito e Roberto Carvalho.

O encontro de ontem durou quase nove horas. A possibilidade de consenso residia no lançamento do ex-prefeito da capital e ex-ministro para a vaga. Dos sete pré-candidatos, seis aceitaram retirar seus nomes da disputa em favor de Patrus. Miguel Corrêa foi o único que não concordou com a proposta.

Processo. Sem consenso dentro da legenda em torno da indicação do nome, três candidatos - dos sete inicialmente inscritos - foram às urnas. Além de Corrêa, disputaram os votos dos cerca de 450 delegados petistas o ex-presidente da Fundação de Parques e Jardins Luiz Fortini e o ex-secretário de Obras, Murilo Valadares, que deixou o cargo para participar da eleição de ontem.

Os outros quatro pré-candidatos, Paulo Lamac, André Quintão, Marco Antônio Rezende e Jorge Nahas retiraram as candidaturas e declararam apoio à Valadares. Assim, o quadro de votação para o primeiro turno estava formado. Para que fosse eleito já no primeiro turno, o candidato teria que receber 50% dos votos mais um.

Com a apuração dos votos, foi comprovada a necessidade de um segundo turno. Dos 457 votos, Miguel Corrêa recebeu 228 contra 119 de Fortini e 110 de Valadares. Para liquidar a fatura no primeiro turno, Miguel precisaria de apenas mais um voto.

Terminada a apuração, foi dada a largada para mais articulações. Todos queriam buscar o apoio de Virgílio Guimarães - responsável pela indicação de Valadares.

Apesar do anúncio do apoio do grupo de Virgílio Guimarães ao Fortini, Miguel Corrêa confirmou o favoritismo e a vitória com uma diferença de 87 votos. Foram 445 votantes no segundo turno, sendo que 266 deles escolheram Corrêa e 179 optaram por Luiz Fortini.

Entenda
Acordo. O PSB de Marcio Lacerda já havia decidido que o PT teria o direito de indicar o vice. Essa foi uma forma de garantir a participação petista na coligação, mesmo com a presença do PSDB - sigla rival do PT,

Câmara
Partido tenta agora forçar a proporcional
Apesar da primeira definição do PT para as eleições municipais de outubro, com a escolha de Miguel Corrêa para vice na chapa do prefeito Marcio Lacerda, as negociações para a chapa proporcional – eleição de vereadores – ainda promete render.

O presidente estadual do partido, Reginaldo Lopes, continuou afirmando, ontem, ter garantias de que a chapa com o PSB para as vagas na Câmara Municipal de Belo Horizonte está concretizada.

Por outro lado, além do presidente do PSB de Minas, Walfrido Mares Guia nunca ter assumido publicamente o acordo, o PSDB também está na briga pela aliança.

O PT já se articula para possíveis contratempos. A convenção da legenda acontece no mesmo dia em que os socialistas se encontram, porém mais tarde. A informação é que o PT definiu a aliança proporcional com o PSB como condição para apoiar a reeleição de Lacerda.(GP)
Acirramento
Chance de assumir em 2014
Além de ter como principal "puxador" de votos um nome importante no PT, o ministro Fernando Pimentel, a vitória de Miguel Corrêa teve grande apoio dos militantes petistas que apoiavam a candidatura própria do partido para a prefeitura.

Esse foi um fato curioso da disputa, pois, pela lógica, os votos dos apoiadores de uma chapa própria deveriam ser transferidos para o ex-presidente da Fundação de Parques e Jardins Luiz Fortini – apoiado pelo atual vice-prefeito, Roberto Carvalho, principal defensor da tese de que o PT deveria ter um nome próprio para a disputa eleitoral em outubro. Mas esse grupo se dividiu entre o apoio a Fortini e Corrêa.

Uma das justificativas para a disputa acirrada e a mudança de lado dos militantes a todo momento é a perspectiva do PT de conseguir fazer do futuro vice-prefeito o candidato em potencial para 2016.

Caso Lacerda decida se lançar candidato ao governo de Minas em 2014, o seu vice assumirá o seu lugar, o que também ajudou a acirrar a competição interna.

"O consenso seria melhor, mas, infelizmente, não conseguimos. O Miguel Corrêa representa um encontro de gerações do partido. Ele vai ajudar a renovar e inovar", disse o presidente estadual do PT, Reginaldo Lopes, que também foi apoiador de Corrêa.

Apesar de desconversar sobre a possibilidade de assumir a prefeitura em 2014, fontes garantem o desejo do deputado federal em assumir o cargo. Por sua vez, Corrêa disse que não retirou a sua candidatura pelos apoios que já havia recebido.

"Meu nome já tinha o apoio até o final. Não tinha mais como sair da disputa. Tínhamos que deixar que todo o partido escolhesse o candidato", disse. (GP)

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