POR FERNANDO BRITO · 04/07/2016
Conta uma antiga história que, diante da pane do “mainframe” , o computador central de uma grande empresa, o técnico chamado olhou, olhou, olhou durante cinco minutos para a máquina, pegou uma pequena chave de fenda, tirou e recolocou uma placa.
E a máquina voltou a operar perfeitamente.
Em seguida, o técnico foi ao setor competente e emitiu uma nota de R$ 10 mil.
O burocrata estrilou: você olhou por cinco minutos, tirou e botou um parafuso e vai cobrar R$ 10 mil!?! Que absurdo!
O técnico recolheu a nota , rasgou e fez duas outras.
A primeira: desaperto de parafuso, recolocação de placa e reaperto de parafuso. R$ 5,00.
O burocrata deu um sorriso.
Mas veio a segunda nota: Saber qual parafuso, de qual placa, desapertar e reapertar. Preço: R$ 9,995.
Lembrei desta história ao ler hoje que o prático Diogo Weberszpil evitou, na quinta-feira passada, o que poderia ter sido o maior desastre ambiental da Baía da Guanabara.
Depois de embarcar para comandar a entrada no porto do Rio e a atracação do navio tanqueiro de gás Golar Spirit no Terminal de Gás da Petrobras, o leme do navio, de fabricação antiga, travou em rota de colisão com a Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói.
Weberszpil, que tem preparo e treinamento para agir em emergências soube o que fazer, atirando âncoras para reduzir a velocidade e corrigir o rumo do navio.
Que parou a 100 metros das muralhas da Fortaleza.
Neymar pode ganhar uma fortuna. Wesley Safadão pode cobrar os tubos por um show de gosto, vá lá, discutível.
Certo que os práticos precisam de regulamentação profissional. Mas vivem sendo apontados como “marajás” dos portos, com a responsabilidade de conduzirem navios de 100, 200, 300 ou até 400 mil toneladas de carga.
Mas é um trabalhador, e trabalhador não pode ganhar muito.
Pode haver distorções? Lógico, há muitas. Devem ser corrigidas. Mas não há categorias que mais sofram (e resistam) que os marítimos e os portuários com este ataque permanente.
Conheço vários. Nenhum mora na Vieira Souto.
Fonte: TIJOLAÇO
Nenhum comentário:
Postar um comentário