Falsos moralistas, assim podemos definir os três senadores mineiros Aécio Neves, Antonio Anastasia, ambos tucanos e Zeze Perrella, do PTB. Os três voltam essa semana ao noticiário. Não por algum feito ou mérito, mas por novas denúncias. O mais curioso é que o trio posa de arauto da moralidade encampando o golpe contra o voto popular em curso no Brasil.
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ii Aécio Neves [o mais chato para cobrar propinas*] g
A Procuradoria-Geral da República pediu e, finalmente na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura do inquérito contra senador Aécio Neves, com base na delação do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS), que presidiu a CPI dos Correios, em 2005. Aécio teria agido para “maquiar” informações do Banco Rural enviadas à chamada CPI dos Correios para esconder a relação entre o banco e o esquema conhecido como “mensalão tucano”.
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Nesta semana, o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, descreveu em seu acordo de delação premiada que Aécio Neves repassou propina para outros deputados federais em troca de apoio para sua candidatura à presidência da Câmara em 2001. Segundo Sérgio Machado, o esquema era encabeçado por Aécio e Teotônio Vilela Filho que, juntos, arrecadaram R$ 7 milhões e ficou combinado que cada deputado receberia uma quantia de R$ 100 mil a R$ 300 mil. Machado disse que o maior montante desse valor foi destinado ao próprio Aécio. “Os recursos foram entregues aos próprios candidatos ou a seus interlocutores; a maior parcela foi destinada ao então deputado Aécio Neves, que recebeu R$ 1 milhão em dinheiro”.
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Machado também confirmou as suspeitas do esquema de corrupção em Furnas que envolvem Aécio: “Parte do dinheiro para a eleição de Aécio para a Presidência da Câmara veio de Furnas”. O ex-presidente da Transpetro ainda afirmou que o esquema de Aécio era de conhecimento de todos do PSDB.
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“Todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio Neves via o diretor Dimas Toledo, que era apadrinhado por ele durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e Dimas Toledo contribuiu com parte dos recursos para a eleição da bancada da Câmara à época”.
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*Aécio era “o mais chato” na cobrança de propina junto à empreiteira UTC, segundo o entregador de valores Carlos Alexandre de Souza Rocha (“Ceará”), na gravação em vídeo de sua delação premiada, divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. Ele trabalhava para Alberto Youssef.
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Antonio Anastasia [fraudes em licitações e superfaturamento]
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Em 2011, ainda na gestão de Antonio Anastasia, a Construtora Waldemar Polizzi Ltda (CWP) recebeu R$ 52,807 milhões para construir o Hospital Regional Doutor Márcio Paulino, em Sete Lagoas, região Central do Estado. A obra foi paralisada este ano.
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Quando venceu a licitação, a CWP havia se comprometido a entregar o empreendimento pronto até 2013, após 610 dias de seu início. Mas com o valor do orçamento previsto para a conclusão do hospital só metade da obra foi realizada. Uma nova licitação terá de ser realizada para a escolha de outra empresa para conclusão da unidade de saúde, que custará, pelo menos, R$ 32,452 milhões a mais do que o previsto.
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A CWP está também no centro das acusações de corrupção nas obras da Hidroex, em Frutal, Triângulo Mineiro, e no estádio Independência. Em 2010, relatórios do Tribunal de Contas do Estado (TCE) citavam que a empresa teria vencido o certame para construção do hospital logo depois de supostamente ter atuado para direcionar a licitação das obras do estádio Independência à Andrade Valladares Engenharia e Construção Ltda, como revelou o Hoje em Dia nesta semana. A CWP tem como antigo proprietário um familiar de Anastasia e o atual sócio-administrador, Maurílio Bretas, está preso na Operação Aequalis. Ele é acusado de desviar, junto a outros acusados, cerca de R$ 14 milhões na construção do complexo Hidroex.
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O jornal O Tempo, trouxe nesta sexta (17), denuncia de que a Fundação Renato Azeredo era utilizada para fraudar licitações durante o governo do tucano Antonio Anastasia.
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A “caixa-preta” das Uaitecs, como classificou um ex-aliado de Narcio Rodrigues (PSDB), ganhou essa denominação pela ausência de processos licitatórios na compra de equipamentos, o que teria facilitado a negociação dos sobre-preços. Responsável pela aquisição dos aparelhos e do mobiliário das unidades da Universidade Aberta e Integrada (Uaitec), a Fundação Renato Azeredo (FRA) também está sendo investigada pelo Ministério Público. A parceria entre a Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sectes) e a FRA foi selada em ato publicado no Diário Oficial do Estado em dezembro de 2013, assinado pelo então secretário de Ciência e Tecnologia, Narcio Rodrigues.
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O valor do contrato entre Sectes e FRA é de R$ 6,5 milhões pelo período de um ano. “Os equipamentos, como o aparelho de videoconferência, por exemplo, eram adquiridos diretamente pela fundação, com compra direta”, assegurou uma fonte do jornal. A Controladoria Geral do Estado (CGE), que apura irregularidades da Sectes nos projetos da Hidroex, garantiu à reportagem que a Fundação Renato Azeredo era utilizada para fraudar licitações. O órgão explicou que o Estado celebrava convênios ou outro instrumento congênere com a fundação. Depois, a entidade contratava empresas sem licitação. “Além de fraudarem a lei de licitações, eles também contratavam, muitas vezes, com sobrepreço ou superfaturamento”, contou um servidor da CGE.
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Zezé Perrella [sementes fantasmas e irregularidades em contratos]
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A Controladoria Geral do Estado (CGE) encaminhou ao Ministério Público de Minas Gerais (MP) o resultado de uma auditoria nas empresas públicas Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater). O relatório apontou irregularidades em contratos de fornecimento de sementes que teriam provocado um prejuízo aos cofres públicos de quase R$ 19 milhões.
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Planilhas, notas fiscais e documentos relativos ao programa Minas Sem Fome, entre 2007 e 2011, foram analisados. Os contratos para distribuição de sementes a agricultores do estado foram assinados pela Epamig, Emater e pelos cooperados Limeira Agropecuária e Participações, que pertence à família do senador Zezé Perrella (PTB), Geraldo de Oliveira Costa, irmão do senador, e Manoel Luiz Silveira Pinhão, ex-assessor do parlamentar. Estes dois últimos aparecem no relatório com as iniciais GOC e MLSP.
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Zezé Perrela e o irmão já respondem a uma ação judicial proposta pelo MP por irregularidades em outros contratos.
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Segundo a CGE, os fornecedores de sementes receberam pagamentos, mas não há comprovação de que as empresas públicas tenham distribuído as quase 2,5 mil toneladas de grãos de arroz, feijão, milho e sorgo. Ainda de acordo com o documento, 138 mil produtores rurais no estado teriam sido prejudicados.
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Sete funcionários da Epamig, na época também são suspeitos de participação no esquema e estão sendo investigados. “Havia interesse em pagar pela produção, mas não havia interesse por parte do órgão público em fiscalizar a entrega, medir, pesar a quantidade de semente, avaliar se aquela semente era a semente que estava prevista no contrato, acompanhar a distribuição no interior do estado através dos beneficiários. Então, há todo um processo que favoreceu um grupo de pessoas, lesou o patrimônio público e prejudicou os destinatários das sementes”, disse o promotor.
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Com informações dos jornais Folha de S.Paulo, Brasil de Fato, O Tempo, O Globo, Hoje em Dia e Jornal do Brasil
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