sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Sem transparência e participação popular MOVE/BRT pode ter CPI

Em seu primeiro mandato na prefeitura de Belo Horizonte, Lacerda iniciou o desmonte da participação popular com o gradativo esvaziamento das Comissões de Transporte e Trânsito regionais. As reuniões, antes mensais, passaram a ser chamadas esporadicamente em trimestres, até cessarem. A Comissão Municipal de Transporte, neste quase seis anos de Lacerda, se teve umas três reuniões foi muito.
Este ano foram chamadas plenárias para eleição de novas Comissões Regionais de Transporte, como de costume sem nenhuma publicidade para a população participar, somente as bases de vereadores da situação ficou sabendo da eleição de novos integrantes das comissões.

Aliás, a cidade carece de um Conselho Municipal de Transporte com poderes para discutir a implantação de soluções para o transporte da cidade. Esta proposta foi apresentada em 2001 pela então vereadora Neila Batista - PT, onde logicamente enfrentou oposição dos empresários do setor e seus representantes no legislativo. O Conselho chegou a ser aprovado na Câmara anos depois, mas vetado, infelizmente pela PBH ainda no governo petista. Já passa da hora dos movimentos que militam na área de transporte como o do Tarifa Zero lutarem pela criação do Conselho Municipal de Transporte.


BRT em benefício dos empresários



Após o Brasil ter ganho a realização da Copa do Mundo, começaram as mobilizações pelas cidades-sedes de melhorias na mobilidade urbana. Se Belo Horizonte tivesse um Conselho de Transporte com participação popular teria optado pelo BRT ? Poderia ou não. A opção pelo BRT foi definida entre quatro paredes com a participação apenas dos empresários, o povo ficou de fora.

A impressão que passa é que a opção pelo BRT foi um atendimento à pressão de empresários do setor rodoviário. Inclusive ser empresário de transporte em BH é um negócio da "china". Eles não participam de nada no investimento? O poder público tem que construir tudo para eles? Vão ganhar as vias de concreto, as estações, as passarelas, tudo prontinho? Aí entra com o ônibus e a catraca começa imediatamente a registrar a entrada de dinheiro?

Lacerda gosta tanto de PPP porque não fez uma PPP para os próprios empresários construirem as vias do BRT ?

O empresário só entra com o ônibus que aliás só difere do outro pelo tamanho, a cada dois retirados das linhas comuns representa um do novo e estes dois retirados ele manda para cidades no interior e continua a ganhar dinheiro com eles por lá. É só passar uma tinta nova!

Monotrilho / Metrô




A novela do Metrô de Belo Horizonte se arrasta há anos. Escrevi sobre isso em postagem de 04/10/2011 onde dizia que “... este modelo de Metrô, com as características geográficas, topográficas e geológicas de nosso Estado, é inviável para Belo Horizonte.

Segundo fontes deste blog e geólogos consultados, a linha 3 por exemplo, que no site da CBTU ainda consta como tendo seu início na Barragem da Pampulha indo até a Savassi, mas que nas informações da PBH será da Lagoinha até a Savassi, num total de cerca de 4 km, por meio de túneis subterrâneos, é totalmente inviável. Através de sondagens feitas e afirmações dos especialistas o caminho que o metrô teria que percorrer da Lagoinha até a Savassi, é todo compreendido de rochas, água e minério numa profundidade de no mínimo 100 metros.” ( http://marcoaurelioptmg.blogspot.com.br/2011/10/metro-de-bh-o-mais-caro-do-mundo.html ).
Nosso Metrô precisa de investimentos e complementações e ampliações de suas linhas em direção das cidades da Região Metropolitana, mas, a meu ver, tem que ser complementado com uma nova opção sobre trilhos que é o monotrilho.

O monotrilho é mais moderno, ágil, tem capacidade de transportar mais passageiros que o BRT, além de não ser poluente como os ônibus.

Sua implantação demandaria menos recursos com obras de arte, menos desapropriações pela cidade e numa cidade com a topografia de Belo Horizonte, seria ideal. Poderiam ser aproveitadas as mesmas avenidas que cortam a cidade com o monotrilho.

CPI do BRT na Câmara de Belo Horizonte
Agora há uma movimentação na Câmara de vereadores por iniciativa do vereador do PT, Pedro Patrus para instalação de uma CPI para apurar os gastos e possíveis desvios nas obras do BRT, duvido que Lacerda e o lobbie dos empresários do transporte vão deixar a iniciativa prosperar, vamos aguardar.

Por Marco Aurélio

A seguir matérias sobre o assunto nos jornais de hoje:


Conheça os desafios no caminho do BRT de BH

Gargalos em vários trechos terão que ser solucionados para o início das operações antes da Copa

Junia Oliveira -
Pedro Rocha Franco


Na Estação de Integração Pampulha, fundamental para a operação do ramal Antônio Carlos/Pedro I, ainda há muito serviço pela frente

O novo cronograma de operação do Move, o transporte rápido por ônibus (BRT) de Belo Horizonte, anunciado esta semana pela prefeitura, indica os desafios que ainda terão de ser superados para que o sistema esteja em pleno funcionamento em maio. O Estado de Minas percorreu nessa quinta-feira as avenidas Antônio Carlos, Pedro I e Cristiano Machado e verificou os principais gargalos. As estações Pampulha e São Gabriel, pontos-chave da operação em cada um dos corredores, e as obras na Pedro I são as intervenções que mais demandam atenção.

Na Antônio Carlos está sendo instalada a rede elétrica de várias estações de transferência. Em alguns trechos, o piso passa por ajustes. Catracas ainda precisam ser colocadas na maioria dos terminais, bem como as placas de vidro temperado nos guarda-corpos que delimitam os corredores entre um módulo e outro. A recuperação ou construção de passagens de pedestres é o foco em algumas estações, como a localizada perto da Regional Pampulha, no Bairro Santa Rosa. 

A Estação Pampulha, na Avenida Portugal, fundamental para o início da operação do BRT Antônio Carlos/Pedro I, ainda tem muitas obras em curso. Tanto a parte superior, destinada à parada das linhas alimentadoras, que chegarão dos bairros, quanto as plataformas em que vão embarcar os passageiros das linhas troncais estão sendo construídas. 

Na Avenida Pedro I fica um dos principais gargalos: o viaduto nas proximidades do Parque Lagoa do Nado, no Bairro Planalto. De acordo com funcionários da obra, a conclusão da estrutura é fundamental para o início das intervenções na pista do corredor exclusivo do BRT. No canteiro de obras, as informações são de que serão necessários pelo menos dois meses para terminar o elevado. 

Logo depois do parque, a partir do cruzamento com a Avenida Doutor Cristiano Guimarães, os operários também trabalham na pista. Na Avenida Vilarinho, até a altura da estação Venda Nova, há obras no pavimento e faltam vidros nos guarda-corpos. O viaduto ligando a Cristiano Machado à Estação Vilarinho está sendo concluído, assim como as obras do terminal que receberá os BRTs. 

A estação São Gabriel, na Região Nordeste, é a mais adiantada. Ela deveria ter sido entregue em 29 de novembro do ano passado, conforme o informativo que havia no local. De acordo com operários, o telhado será coberto até hoje. A parte superior, onde funcionarão postos de atendimento, como os da BHTrans e Polícia Militar, está concluída. No térreo, falta instalar as catracas e terminar as intervenções da área externa. Ao longo da Cristiano Machado, as estações de transferência demandam detalhes. Em algumas falta circuito de vigilância, sistema de vídeo, conclusão dos guarda-corpos e instalação de catracas. 

O prefeito Marcio Lacerda disse ontem que atrasos no início da operação do BRT já eram previstos desde o fim do ano passado, mas garantiu que todo o sistema estará em funcionamento até maio, permitindo que sejam feitos testes antes da Copa do Mundo. “Essa polêmica, se está ou não atrasado, é uma polêmica pequena, menor. Eu disse no fim do ano passado que nós tínhamos o objetivo de começar a operar em fevereiro, mas que poderiam ocorrer atrasos”, afirmou, durante cerimônia de assinatura do contrato para instalação do Consulado dos Estados Unidos em Belo Horizonte. 

Lacerda disse que é positivo o fato de a operação começar gradualmente. “É um sistema complexo, com muita tecnologia. Não se pode implantá-lo de uma vez só”, disse, reiterando que em Santiago (Chile) a entrada em funcionamento de todas as linhas do BRT resultou em um dia caótico. “Isso é algo que nós aprendemos. Inclusive, é preciso testá-lo sem passageiros.” Segundo o prefeito, relatório do governo federal deve pôr a capital mineira na liderança de execução das obras de mobilidade para a Copa do Mundo. 

Enquanto isso...
...Oposição 
fala em CPI

Após mais um atraso no cronograma de inauguração do Move, a oposição ao governo na Câmara Municipal anunciou ontem a intenção de criar a CPI do transporte público em Belo Horizonte. A proposta foi feita pelo vereador Pedro Patrus (PT), que pretende investigar os vários problemas ocorridos durante a implantação do BRT na capital. O parlamentar cobra explicações sobre questões como os gastos com o sistema e a interdição do viaduto em construção na Avenida Pedro I. Para que as investigações sejam instauradas, a bancada da oposição deve conseguir adesão de pelo menos 14 vereadores (um terço do total). 

Gastos da Prefeitura de Belo Horizonte com o Move sobem 33%


O plano inicial era que a obra do Move ficasse pronta em meados de 2012 e com custo total de R$ 795,4 milhões, mas passou para R$ 1,06 bilhão e o prazo também foi adiado em um ano



BERNARDO MIRANDA / LUCIENE CÂMARA
O plano inicial era que a obra do Move (nome dado ao BRT) ficasse pronta em meados de 2012 e com custo total de R$ 795,4 milhões. Os dados são da Matriz de Responsabilidade da Copa, assinada em janeiro de 2010 entre a Prefeitura de Belo Horizonte e os governos estadual e federal. Quatro anos depois, o quadro é bem diferente: a obra ainda não está pronta, e os gastos subiram 33,3% (são R$ 264 milhões a mais), chegando a R$ 1,06 bilhão.

Os R$ 264,6 milhões a mais seriam suficientes, por exemplo, para construir 139 centros de saúde, semelhantes ao que foi feito em 2012 no bairro Bonsucesso, na região Oeste, ao custo de R$ 1,9 milhão. A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura não explica o porquê do gasto extra. A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) não admite atraso e informou que a diferença está no valor das desapropriações.


Já o prefeito Marcio Lacerda admitiu ontem que o funcionamento do Move, marcado para amanhã, não saiu conforme o previsto. “Falei que seria fevereiro, mas que teria a possibilidade de atraso por ser uma obra muito complexa”, afirmou. No entanto, ele disse que a discussão sobre o atraso é pequena diante da relevância do sistema BRT. “O importante é que Belo Horizonte terá suas obras de mobilidade concluídas até a Copa do Mundo”.


Gastos. Pela Matriz de Responsabilidade da Copa, o Move da avenida Cristiano Machado sairia por R$ 51,2 milhões, o da área central por R$ 56 milhões, e o das avenidas Antônio Carlos e Pedro I, R$ 688,2 milhões. Juntos, os trechos somam 23 km de extensão e R$ 795,4 milhões. Para a mesma extensão, o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, disse anteontem que foram gastos R$ 1,06 bilhão, sendo R$ 761 milhões com projetos e obras e R$ 299 milhões com desapropriações. Isso significa que cada quilômetro custou R$ 46 milhões.


Parte dos aumentos são explicados em aditivos, publicados ao longo de 2012. No primeiro, o valor do contrato da Cristiano Machado quase triplicou, passando de R$ 51,2 milhões para R$ 135,3 milhões. O prazo passou de fevereiro de 2012 para junho de 2013. Na Antônio Carlos e Pedro I, houve uma queda de R$ 100 milhões nas desapropriações, mas as obras tiveram um aumento de R$ 45,7 milhões. A área central também teve gasto a mais, de R$ 56 milhões para R$ 63,84. Os outros gastos não estão no portal.


Inauguração


Datas. O funcionamento do Move para o público, marcado para amanhã, foi adiado para o próximo dia 8, na avenida Cristiano Machado e área central. Na Antônio Carlos, começa em abril.

Fonte: O TEMPO


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