Os estados brasileiros estão respirando mais aliviados depois da decisão
do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o piso nacional de salário do
professor deve ser pago apenas a partir de abril de 2011, data a partir
da qual a Corte decidiu pela constitucionalidade da norma que
estabeleceu a remuneração básica para a categoria. Na verdade, a lei foi
promulgada em julho de 2008, e caso fosse confirmada essa data de
validade, os estados teriam passivos bilionários com os professores. Em
Minas, desde 2011, os professores vinham recebendo subsídios para
atingir o teto nacional da categoria e, portanto, com essa decisão dos
ministros não haverá passivo. De acordo com a Secretaria de Estado da
Educação, os professores hoje têm remuneração unificada com piso de R$
1.386 mensais, por 24 horas semanais, quando o piso para este ano, a
partir de janeiro, está estabelecido em R$ 1.567, para 40 horas por
semana. Segundo a assessoria, a remuneração atual no estado é 59%
superior ao estabelecido pelo governo federal.
A decisão de validade do piso somente a
partir de abril de 2011 foi tomada ontem, em recursos apresentados pelos
estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do
Sul e Ceará, que alegaram não ter condições financeiras de pagar os
valores retroativos. Desde a promulgação da norma, esses quatro estados
estão em verdadeira queda de braço com o governo federal para tentar
derrubar o piso nacional da categoria. Ela foi questionada com os
argumentos de que os custos com a folha de pagamento poderiam
ultrapassar o percentual de comprometimento estabelecido pela Lei de
Responsabilidade Fiscal e do desrespeito à autonomia dos estados e
municípios para legislar sobre a matéria. A derrota da investida dos
governadores já começou a se desenhar com a negativa da liminar para
alterar o regime de pagamento, do presidente do STF e relator do caso,
ministro Joaquim Barbosa, em novembro. Mas ontem, com a decisão do piso
retroagir apenas até 2011 e não 2008, Barbosa foi o derrotado. Oito
ministros votaram para que a retroatividade fosse de apenas de dois
anos.
Embargos
Em seu voto, Joaquim
Barbosa, o único contrário ao pagamento retroativo desde 2011, afirmou:
"Visivelmente, esses estados todos não querem cumprir a lei. Eles
ingressam com embargos, daqui a pouco virão outros embargos”. O ministro
Marco Aurélio Mello, então, questionou: "Mas eles não têm numerário". E
Barbosa rebateu: "Eles têm numerário para outras coisas. Seguramente
têm", afirmou. Ele argumentou que os estados já tiveram prazo para se
adequar e fazer o pagamento adequado aos professores.
O ministro
Teori Zavascki foi o primeiro a atender o pedido dos estados para que o
piso só valesse a partir de 27 de abril. Ele foi seguido por Rosa
Weber, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso
de Mello e Marco Aurélio. O ministro Dias Toffoli, que foi
advogado-geral da União na época da criação da lei, se declarou impedido
de analisar o caso. Zavascki argumentou que os gastos poderiam
comprometer o Orçamento dos estados. "A informação que se tem é que os
gastos são elevados em alguns estados comprometendo seriamente a
previsão orçamentária."
Fonte: ESTADO DE MINAS
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