Flávia Ayer -
Junia Oliveira -
Publicação: 13/08/2012 06:42 Atualização: 13/08/2012 07:00
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Simone Hanke luta para conscientizar os vizinhos e instalou recipientes para a coleta separada de resíduos sólidos no condomínio onde mora |
A constatação vem de levantamento feito pelo Estado de Minas nas sete cooperativas que trabalham com reciclagem na capital e que, além de doações, recebem resíduos da coleta seletiva da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU). Não bastasse o baixo alcance do serviço na capital mineira, onde apenas 30 dos 324 bairros são atendidos pela coleta porta a porta, o gargalo da reciclagem é reforçado pela falta de consciência da população e pela dificuldade de comercializar materiais que, apesar de recicláveis, acabam parando no aterro sanitário.
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Mas o problema não acabou por aí: “Como vi que o caminhão da coleta seletiva não passaria, entrei em contato com catadores, mas eles também não apareceram”. A professora, que é bióloga e pós-graduada em resíduos sólidos, não perde a esperança de os vizinhos aderirem integralmente à causa e, principalmente, de terem o lixo reciclável recolhido: “Ainda tenho esperança de o caminhão passar”.
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Na outra ponta da reciclagem, o catador Claudinei lida com uma situação ainda pior. Papel higiênico, absorvente íntimo, seringas e restos de comida passam todos os dias por suas mãos desprotegidas. Sem luvas, ele despeja os sacos de lixo numa bandeja de madeira e tenta garimpar materiais onde, em tese, deveria haver apenas recicláveis – plástico, vidro, metal e papel. Com a agilidade de quem está há 30 anos no ofício, Claudinei deposita num tambor a porcaria a ser levada para o aterro sanitário, destino final de um terço do material recolhido pela coleta seletiva na capital.
“Infelizmente, tem muito papel higiênico e comida junto do material reciclável. Isso atrai roedores, contamina o que pode ir para a reciclagem, ocupa o galpão e o catador ainda perde tempo. O mercado da reciclagem também é muito difícil ainda”, afirma Fernando Godoy, um dos administradores e associados da Asmare, a maior cooperativa de Minas, onde a taxa de rejeito chega a 40%.
Com tanta sujeira, profissionais da reciclagem acabam expostos a riscos. “Direto tiro absorvente usado do saco de recicláveis”, conta Claudinei, que nem se importa mais com o papel higiênico. “A gente se acostuma.” Enquanto o irmão dele, Claudecy Custódio Santos, de 35, descarrega carrinho lotado de sacos de rejeitos, Claudinei faz o apelo: “Se a população ajudasse, ficaria mais fácil para a gente.” A realidade é comum nas demais cooperativas. “Muitos não se importam de fato com que o que jogam dentro do lixo reciclável e acham que estão contribuindo simplesmente por mandar material. Já recebemos sondas de hospital, uma caixa de pizza cheia de seringas, muita fralda”, conta a administradora da Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos de Venda Nova.
Mas caminhões que saem dos galpões das cooperativas direto para o aterro sanitário Macaúbas, em Sabará, para onde é levado o lixo comum de BH, carregam também fardos de isopor, embalagens de biscoito, vasilhas de marmitex, copos de liquidificador e até vidro. Embora sejam recicláveis, esses produtos não encontram mercado na capital mineira e, por vezes, lotam galpões já saturados à espera de compradores. “Faltam indústrias de reciclagem próximas a BH. Como o preço da mercadoria é muito baixo, não conseguimos mandar certos produtos para outros estados, pois o frete é caro e não compensa. Estou com cinco fardos de marmitex parados no galpão. Outro dia tive que mandar 40 fardos de embalagem de biscoito para o aterro”, conta a presidente da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Região Oeste, Maria das Graças Silveira.
Fonte: ESTADO DE MINAS
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